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Heldrom, O Caído, A Mancha da Corrupção
Prefácio
Este ser, dentre todos que reinam no inferno goza de um título peculiar, o de Caído.
A Família dos deuses hoje conta um irmão a menos. O desonrado Heldrom, que preferiu ser o maior entre os Demônios. Ele que abriu os portões dos planos sombrios e iniciou a guerra entre a luz e as trevas.
No início, Gênese, a titã da Origem, profetizou que Heldrom administraria de seu legado o Princípio da Criação de Todas as Coisas. Esta titã nunca tomou parte direta da guerra de seus iguais, reconhecendo que os deuses sonhavam e que tal dom faltava aos titãs para torná-los grandes. Assim, determinou que Heldrom administrasse a criação com sabedoria e sensatez, para que tudo criado pelos deuses fosse grandioso. Ela passaria seu poder para Heldrom, que governaria os deuses e a criação em um futuro distante, mas ele não quis esperar...
Naquela pérola do tempo, demônios, feitos de escuridão e trevas, ansiavam pela possibilidade de tomar o poder de Gênese e dos titãs derrotados para si. Heldrom já sabia disso, enquanto seus irmãos deuses apenas desconfiavam. Foi de Heldrom o despertar da Marca da Corrupção, quando ele tentou convencer seus irmãos a tomar o poder de Gênese e começar a criação imediatamente, usando este poder e o que emanava dos titãs vencidos. Ele quase conseguiu, mas Crizagom alertou que aquilo não era justo, que deveriam esperar a bênção de Gênese, que se mantivera secretamente ao lado dos deuses na Guerra entre deuses e Titãs.
Irritado com a resistência dos irmãos, convocou todos os Demônios à batalha contra eles e ensinou-lhes o subproduto da criação: a Corrupção. Pois assim, ele seria o Grande Senhor do Cosmos e assim que tomasse o poder dos deuses para si, tudo seria refeito e tudo que os demônios tivessem corrompido, seria purificado.
Mas os deuses eram valentes, grandiosos, superiores e experientes. Já haviam derrotado os outros Titãs. Heldrom e os Demônios foram miseravelmente derrotados e banidos, sendo Crizagom aquele que julgaria seu destino. Entretanto, o pior ainda estava por vir.
O Cosmos fora tomado por uma energia pulsante, com a bênção e a profecia de Gênese assim concretizada: os deuses finalmente criariam suas maravilhas, os corpos dos titãs caídos foram transformados nos planos e sua energia usada para a criação. Enquanto os Demônios apenas testemunharam tudo isso, tomados pelo ódio da derrota. Os deuses criavam e os Demônios não. Escolhido como juiz pelos semelhantes, pelo seu comportamento honroso e justo, Crizagom determinou que os deuses apagassem de suas lembranças o irmão traidor e o chamassem de A Mancha da Corrupção, mas a alcunha que os demônios lhe deram doeria mais nele que um ferimento profundo: O Caído.
E assim, derrotado e julgado, ele foi arremessado nas entranhas da Agonia, junto com todos os demônios originais. Portões de aço divino forjados por Parom selaram suas entradas. Exércitos sentinelas de enviados ficariam eternamente vigilantes e o tempo imutável da existência selaria aquela guerra por toda a eternidade.
Por séculos, Heldrom caiu pelo limbo, se contorcendo em arrependimento, dor, humilhação e ódio. Até que atingiu as profundezas da escuridão. Mas ele era uma luz em meio às trevas. E apesar do fracasso da investida ter feito com que todos os Demônios desejassem sua destruição, ali ele logrou êxito. Após derrotar todos os demônios que queriam vingança, ergueu-se de um mar de sangue, construiu um castelo com os corpos dos derrotados e se intitulou o Senhor da Corrupção.
Extraído de O Livro de Maudi, do capítulo "O Fim do Início: A Guerra entre deuses e Demônios" Biblioteca de Saravossa.
Concepção
Heldrom é temido como Senhor da Corrupção, pois passa seu tempo planejando ataques para corromper a criação de seus irmãos e seu retorno glorioso. Sendo o Caído, aqueles que fracassam em seus sonhos e ambições se identificam com o Demônio, tanto em seu ódio como em seu sofrimento. É o único dos Príncipes Infernais que nasceu como um deus.
Ele gosta de corromper o coração dos mortais e dos servos dos deuses para que se voltem contra seus criadores e corrompam a criação. Ele acredita que quando tudo tiver sido corrompido, ele retornará triunfante.
Temperamento
Seu temperamento é constante e extremamente racional, jamais se entrega a qualquer sentimento ou se deixa cegar por emoções. Analisa os fatos com calma e reage rapidamente, trama seus planos com centenas de camadas e reviravoltas.
Só demonstra seus sentimentos quando lembrado de sua derrota ou de seus irmãos celestes. Com aspecto sonso, não demonstra ter atuação no mundo mortal ou em tramas envolvendo deuses e demônios, o que é só aparência. Sua influência corruptora se infiltra aos poucos até que um conflito surge, envolvendo seus adversários.
Representação
Sua principal forma, quando existem outros presentes, é idêntica a sua antiga forma divina, um guerreiro meio-elfo de pele morena, com olhos brancos e negros, cabelos cinzentos, armadura dourada com uma capa anexa laranja, portando um escudo redondo e uma lança. Mas sua armadura, possui agora inúmeras rachaduras e marcas de sangue, sua capa se tornou maltrapilha, seu rosto cansado traz uma cicatriz de um corte dado por Crizagom.
Símbolo
Heldrom é representado por uma lança sobreposta por um escudo. O desenho deste símbolo é um círculo com uma seta apontando para baixo. O círculo representa o círculo de intrigas da Corrupção e a seta para baixo, o Caído, ou, como seus súditos preferem, aquele que veio de cima.
Cores
Sua cor é o laranja escuro.
Relação com os demais Príncipes Demoníacos
Odiado por quase todos os Príncipes, com certeza é um dos mais temidos entre eles, rivalizando em poder com Morrigalti.
Por ser o único deus entre os Príncipes, esse fato o isola na política demoníaca. No passado teve algumas alianças com Fulvina e de uma delas nasceu seu filho, o titã-segundo Branaxis. E hoje seu isolamento não é completo por causa desse filho que ele nutriu e treinou até que Branaxis conquistasse seu próprio reino.
Assim, consegue um pouco de apoio do filho para manter relação com outros Príncipes que tenham origem diferente da demoníaca, como a titã-segunda Vouxis, a ex-consorte de Blator, Diatrimis e o mortal amaldiçoado, Seinoniz. Com seus filhos e estes três há alguma negociação para a realização de planos em comum. Além disso, sempre busca tramar subterfúgios para corromper os planos dos outros Príncipes para que eles o ajudem indiretamente.
Relação com os deuses
Como todos os príncipes demoníacos, Heldrom tem um ódio por todos os deuses, mas é Crizagom quem ele mais odeia, pois este foi o responsável por sua condenação e queda.
Festas e Celebrações
Grande Queda (Dia 29 do mês da Justiça)
Os demonistas acreditam que esta data representa quando Heldrom foi condenado por Crizagom e jogado na Agonia. Este dia é reservado para contemplação dos erros e planejamento do futuro, sacrifícios são feitos para amenizar as dores da recordação da derrota. Os sacrifícios preferidos são de juízes, cavaleiros ou devotos de Crizagom em geral.
Renascimento (Dia 10 do mês da Sabedoria)
Comemora o Dia em que Heldrom se ergueu da montanha de cadáveres de seus inimigos demônios e se corou Príncipe Demoníaco. Em geral, uma pequena montanha de corpos é feita e incendiada para homenagear o feito. Quanto maior a montanha, maior a benção concedida aos seguidores. Nesta data, os escolhidos para o sacrifício da Grande Queda são indicados e o demonista passará o ano tramando a corrupção deles.
Áreas de atuação
Os seguidores de Heldrom gostam de se infiltrar onde há poder e justiça, para corromper os governantes e os juízes.
Descendentes
Junto com Fulvina teve um filho, o titã-segundo Branaxis. A aparência medonha do filho fez com que ele fosse rejeitado pela vaidosa mãe e foi criado pelo pai até que se tornou um dos treze Príncipes Infernais.
Religião
O culto de Heldrom é bem exótico se comparado aos demais Príncipes Infernais. Sendo direcionado ao estudo e à meditação dos erros cometidos, ao abandono de valores como honra, orgulho, moral ou mesmo dignidade. E a corrupção das pessoas e instituições em prol do crescimento (em números e financeiros) dos "irmãos". Todo meio possível deve ser avaliado e se possível aplicado para atingir o objetivo.
Graças a esse pensamento, os sacerdotes de Heldrom costumam fazer atos benignos para conseguir mais seguidores, inclusive alguns descontentes com as amarras morais dos deuses.
Os ideais de Heldrom são tão infecciosos que até mesmo alguns enviados, principalmente os mais poderosos, acabam por acolhê-los durante suas missões e, por fim, acabam caindo, como o antigo deus.
O Livro de Heldrom é um texto que conta a versão dessa seita para a criação do mundo. O texto conta, entre outras coisas, que Heldrom é o herdeiro legítimo do reino de toda a criação, que os demais deuses o traíram e usurparam seu poder, que Heldrom é o verdadeiro deus e termina com a seguinte profecia:
"Quando todos os governantes se corromperem e todos os adoradores de Crizagom sucumbirem, Heldrom se libertará. Então dominará os treze infernos e derrotará os falsos deuses, se tornando o Rei dos Céus e dos Infernos. Então ele restaurará e renovará tudo que foi corrompido ou destruído, a criação atingirá um estado glorioso como nunca se viu igual e seus seguidores fiéis governarão o mundo."
Templo
Dificilmente erguem-se novos templos para Heldrom, sendo habitual corromper templos de outros deuses (de preferência de Crizagom). Destruí-los por dentro e então redecorá-los. Caso não seja possível, destroem as fundações do templo e então constroem um novo templo por cima. Ruínas de templos antigos também podem ser ocupadas como locais de reunião e encontro dos cultistas.
Vestimenta
Os seguidores de Heldrom podem ser identificados pela adaga negra em bainha alaranjada. Geralmente portando a adaga como arma ou peça decorativa. Os sacerdotes utilizam pingentes laranjas da adaga em correntes negras. Não possuem roupas características, o que demonstra sua total falta de orgulho.
Locais Profanos
Há uma ruína antiga em local secreto, nos arredores de Azanti, que abriga o maior templo a Heldrom.
Itens Demoníacos
Como ele é um deus e príncipe de um dos treze infernos, seus itens podem ter energia divina e/ou demoníaca.
Cetro da Criação: acredita-se que este item divino lendário teria sido dado a Heldrom pela titã Gênese. Aquele que o usa pode moldar os elementos, criar objetos do nada, dar vida a objetos inanimados, restaurar feridos e até mesmo mortos. A lenda diz que o cetro caiu das mãos de Heldrom quando ele foi amaldiçoado pelos deuses e vagou pelo vazio antes da criação do mundo.
Anel da Corrupção: este anel de poder demoníaco concede àquele que o usar uma série de eventos de sorte acontecendo cotidianamente, possibilitando que o portador se vincule a pessoas, por casamento ou amizade e que a escolham como seu herdeiro. Dessa forma, aos poucos vai herdando coisas cada vez maiores, como um casebre, uma fazenda, um condado, até... um reino! O usuário do anel também pode corromper a vontade daqueles a sua volta para que lhe façam aquilo que ele deseja. Entretanto, usar o anel por tempo demais pode corromper a alma e o corpo do usuário, tornando-o um monstro.
Tiara Real: aquele que usar esta tiara demoníaca poderá dominar mentalmente seus semelhantes. Porém enlouquecerá aos poucos.
Capa da Corrupção: aquele que veste esta capa demoníaca, de tecido laranja e esfarrapado, pode moldar a própria imagem e corromper as pessoas a sua volta. Ao oferecer suborno em troca de algum favor ou dinheiro, as pessoas não conseguem resistir as ofertas por mais honestas que sejam. A capa também muda a aparência de seu dono e de si mesma, dando uma aparência mais nobre e imponente, mas enquanto ostenta a aparência ilusória, seu usuário estará aos poucos corrompendo seu corpo verdadeiro com deformações.
Doutrinas do culto
- Heldrom é o verdadeiro e único deus, herdeiro legítimo dos titãs. Os que se dizem deuses são usurpadores e falsos deuses. Heldrom reinará a criação.
- Os líderes escolherão cuidadosamente os próximos irmãos que serão iluminados pela verdade. Devemos, não importa a que custo, fazer o bem para os escolhidos e os envolver em nossa rede até que eles estejam preparados para a revelação e se tornem nossos irmãos.
- Fazer tudo para melhorar a vida dos irmãos do culto, nem que seja preciso ser desonesto e burlar leis.
- Sempre homenagear Heldrom após uma conquista. Hoje, secretamente em nossa casa, ou entre os irmãos. Um dia, diante do mundo!
- Corromper os justos, a criação e a adoração aos falsos deuses (especialmente Crizagom).
- O governo do mundo é nossa herança, tomemos posse dela.
- Os fins justificam todos os meios para cumprirmos estes mandamentos sagrados.
Influência das ordens na política do reino
Sua influência é sutil e atua em altos cargos de poder político ou econômico. Muitas vezes os irmãos do culto são pessoas que foram escolhidas e ajudadas pelo culto para trilhar posições mais elevadas.
Países em que a religião mais atua
Estão mais concentrados em Azanti, local onde a ordem de Crizagom tem influência, e nas Cidades-estados devido a sua estrutura ter destacado o papel dos juízes.
O Reino de Heldrom
É o sexto reino infernal, onde os condenados pela corrupção encontram sua morada. Seres celestiais decaídos e montados em corcéis demoníacos patrulham as terras do reino para manter a "ordem". A capital do reino é uma cidade conhecida como Ribalicor.
O castelo de Ribalicor foi construído com os corpos dos demônios derrotados por Heldrom quando conquistou este reino, mas as paredes e piso são adornadas pelos corpos de enviados derrotados e almas conquistadas. Ao olhar para qualquer lado das paredes, é possível ver em relevo esculturas de rostos em agonia ou lamento. O mesmo se vê olhando para o chão do castelo, porém as figuras estão como que atrás de um vidro. Um tapete laranja cobre boa parte do chão, porém é possível notar através do vidro que a cor é devida ao sangue dos demônios derrotados misturado a ferrugem. As colunas são feitas de colunas vertebrais de demônios gigantescos. O teto é forrado com asas de demônios e enviados que foram derrotados. No salão real, Heldrom está sentado num trono feito com as espadas dos oponentes derrotados. Entre elas, espadas de luz e espadas infernais derretidas e entrelaçadas formando o assento e o encosto do trono.
Com a queda de seu senhor, os enviados o acompanharam. Porém a energia infernal teria um efeito sobre eles. Suas belas asas outrora brancas foram se queimando, agora são apenas restos desgastados e em brasa infernal que lembra vagamente o formato de asas. Suas armaduras outrora brancas, douradas, e prateadas se tornaram tomadas por ferrugem e fuligem infernal. Seus rostos belos e bondosos se endureceram e distorceram com o cotidiano corrupto do reino.
Assim é a maioria dos subordinados de Heldrom: enviados corrompidos. Mas também há alguns demônios que juraram lealdade a ele e alguns poucos condenados que foram seus sacerdotes ou nobres tão notoriamente corruptos em vida que a eles foi concedido algum cargo burocrático. Eles são a elite do reino.
Os condenados vivem em casas que são o reflexo corrompido e decadente de onde moravam em vida. Tudo o que se possa querer é muito difícil de conseguir. Para melhorar as suas casas e atender qualquer necessidade é necessário fazer uma troca de favores ou comprar algum favor daqueles que possuem algum cargo. Os favores envolvem humilhar, maltratar, enganar ou roubar de outros condenados. E, com isso, as almas se tornam cada vez mais corruptas e toda esta corrupção nutre de alguma forma Heldrom. Além disso, de tempos em tempos os emissários de Heldrom passam coletando "impostos", fazendo os condenados perderem metade de tudo o que conseguiram juntar. Não é raro as tentativas de pagar algo para estes agentes não coletarem os impostos.
Os favores mais difíceis e mais valiosos envolvem abrir mão para sempre de um pouco de alguma qualidade (beleza, inteligência, algum sentimento, algum poder etc.) e às vezes são feitos em troca de outra dessas qualidades. Assim, os condenados mais abastados desenvolvem e colecionam dons demoníacos.
O Guardião Egeom
Egeom era um fiscal da antiga Moldânia. Devoto de Crizagom, levou sua vida com humildade e honestidade e jamais enriqueceu. Mas um dia, sua filha ficou muito doente e nenhum médico ou curandeiro conseguia curá-la. Nem mesmo os sacerdotes conseguiam fazer algum milagre para salvá-la. Ele já estava desesperado, quando um ser de luz apareceu e disse que entregaria a cura a sua filha, desde que ele desse aquilo que ele tinha de mais precioso. Ele não pensou e aceitou o acordo. Então tudo veio abaixo. O ser de luz se revelou um homem coberto de fuligem, com asas em brasas laranja e forte odor de enxofre. Mas o pacto já estava feito e ele viu, para seu horror, sua alma sendo levada pela criatura.
No dia seguinte, sua filha estava curada. Porém ele não sentia mais nada por ela ou por mais ninguém. Apenas tinha um vazio que tentava preencher acumulando poder e riqueza. Para isso, passou a aceitar subornos. Subornou pessoas e conseguiu novos cargos. O velho Egeom tinha morrido. O novo Egeom não tinha escrúpulos. No fim de seus dias, era um dos homens mais ricos, mas ainda queria mais. Passou a vender o corpo de sua filha em troca de cargos ou favores políticos. Chegou a ser grão-vizir. Então, o ser de fuligem e brasas apareceu novamente para ele e levou seu corpo direto ao inferno.
Hoje Egeom é uma casca vazia que voa em asas laranjas de luz feita de energia infernal. Sua arma preferida é um chicote de três pontas, feitas com ossos dos dedos de suas últimas vítimas. Ele guarda o portal, que é a única entrada e saída entre o reino de Heldrom e o reino mortal. E para passar por ele sem lutar, alguém terá que renunciar àquilo que tem de mais precioso.
Verbetes que fazem referência
Senhores das Profundezas,
Heldrom,
Heldrom
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