Antes de prosseguir em nossa viagem pelo deserto, é preciso que os jovens mestres possam saber um pouco mais da história da região. Como bem sabem a história de todos os povos é dividido nos três grandes ciclos.
Mas a história desta região começa no segundo ciclo ou a Era dos Grandes Impérios.
A região como hoje é conhecida como Planalto Vermelho foi no passado uma exuberante terra recoberta por uma densa floresta. Quando os deuses abandonaram as raças mortais, os Ksaros e os Dsarens foram os primeiros a chegar à região. Os humanos só viriam a alcançar estas terras séculos.
Em antigos pergaminhos encontrados nas ruinas da cidade de Amagor foi possível ter acesso a um período considerado esquecido.
Os Pergaminhos de Amagor estão divididos em sete grandes períodos que marcam o segundo ciclo. Nestes mesmos pergaminhos a cidade de Amagor é considerada sagrada por todos os povos como sendo o último lugar onde os deuses foram vistos e onde se encontra o antigo bloco dos deuses, um bloco com 3 metros de altura por 3 metros de largura e 3 metros de comprimento.
São poucas as raças que conhecem parte de seu passado mais distante. Através dos Pergaminhos de Amagor foi possível resgatar antigos conhecimentos da história da região escritos por antigos sábios que viveram em Amagor, mesmo depois da queda da cidade.
Atualmente os pergaminhos encontram-se no Centro de História e Cultura Ksaro da Província de Massfer.
Escritos em uma língua a muito antiga, foi graças aos anos de estudo e dedicação de estudiosos Ksaros que foi possível traduzir e ter acesso a histórias do passado.
São ao todo sete pergaminhos que contam a história do Planalto Vermelho, de suas antigas guerras e do povo que lá vive.
O Segundo Ciclo
Um dia os mortais acordaram e perceberam que os deuses não mais andavam entre eles. Abandonados sem o menor aviso, muitos caíram em desespero e medo. O pânico correu entre os filhos dos deuses e como fogo levou a acusações entre aqueles que se odiavam secretamente.
Os meses seguintes ao desaparecimento dos deuses foram marcados pela incerteza. Doenças e a morte se tornaram companheiras dos mortais, mas também houve momentos de beleza e de descobertas.
O abandono dos pais permitiu aos mortais amadurecer e buscar uma nova compreensão do futuro. Pequenas vilas tornaram-se cidades e impérios foram lentamente se formando em torno de poder ou ideias.
Houve guerras e destruição, pois a cobiça de recursos ou divergência de ideias muitas das vezes não poderia ser alcançada com cooperação, já que para muitos que governaram não desejavam dividir o poder que possuíam.
Os Pergaminhos de Amagor
O Primeiro Pergaminho
O primeiro pergaminho relata um período de paz e tranquilidade e a existência dos primeiros filhos dos deuses, chamados de Os Antigos. Neste período, os Antigos , os primeiros filhos eram dotados de imortalidade, incapazes de morrer por doença ou fome, com uma vitalidade inesgotável.
Neste período o tempo não importava, sendo um eterno amanhecer. Mas o crepúsculo depois de um longo tempo se abateu sobre os primeiros filhos, quando eles cobiçaram o Jardim dos Deuses e quiseram se considerar mais belos e poderosos que seus pais.
Apesar da afronta, os deuses não destruíram seus filhos, mas os exilaram nas grandes brumas do amanhecer. Expulsos da criação, os primeiros filhos, passaram a ser conhecidos como filhos perdidos, ou filhos da bruma.
Aos demais filhos, os deuses criaram imperfeitas, capazes de adoecer e morrer.
Muito tempo havia se passado e entre os filhos perdidos, houve aqueles que se arrependeram de seus atos e voltaram a ser fiéis aos deuses e os servirem. E a estes foi dada a permissão de retornar, mesmo que por um curto período de tempo, ao Jardim dos Deuses e ajudar a cuidar de seus irmãos.
O Segundo PergaminhoO início dos grandes impérios.
Não se sabe quanto tempo havia passado desde que as raças passaram a se organizar e formar cidades e vilas. Foram tempos de incerteza e morte, a guerra foi uma constante neste tempo e nove grandes famílias alcançaram as Terras de Sallvanor.
As terras de Sallvanor ficavam ao oeste do continente e considerada as mais belas e verdes. Estas famílias se estabeleceram na região e após alguns séculos formaram nove grandes reinos que controlavam a região.
Muitos consideravam que a beleza e a prosperidade que a região oferecia a eles se deve ao fato de que estes perpetuaram o culto aos deuses, conhecidos como Deuses Antigos.
Os patriarcas das nove famílias fizeram um acordo com o "Povo Oculto" e receberam destes cada um os cetros da terra. A eles era dado o poder pelos Antigos Deuses o direito de governar as suas terras. A eles também foi dada uma longevidade acima de qualquer mortal, somente equiparada aos Primeiros Filhos.
Com o passar das décadas, os patriarcas passaram a ser chamados de Os Antigos Pais.
No interior das Terras de Sallvanor, um vale fértil e desconhecido, foi encontrado um bloco feito de uma pedra indestrutível, perfeitamente lisa e precisa em suas dimensões. Um elemento místico, destoante com tudo a sua volta e que ao longo do tempo passou a ser objeto de culto e que posteriormente a sua volta seria criada a cidade de Amagor, considerada pelos fiéis como um ponto de peregrinação.
O Terceiro PergaminhoPor várias gerações os habitantes dos nove reinos do oeste viveram em paz e prosperidade até a chegada dos exércitos bárbaros do Leste.
Ao contrário do oeste, no leste os habitantes haviam abandonado o culto aos deuses. A vida destes foi então marcada por guerras incessantes onde o existir era curto como um piscar de olhos.
Para este povo a fome a as pragas eram irmãos sempre presentes devastando centenas de vidas e levando a eles a uma decadência animalesca. Mas mesmo para estes que viviam em sofrimento e dor foi dado o direito de prevalecer sobre as agruras e prosperar.
Assim como suas mentes, seus corpos endureceram resistindo aos obstáculos e por fim tornaram-se fortes e destemidos. Brutalizados por sua realidade, a vida se encarregava de eliminar os fracos e quando não o fazia, as guerras davam um jeito.
Reinos foram criados e seus reis desejosos de poder e riquezas viraram seus olhos para as terras abençoadas do Oeste. Para estes reis invejosos, a boa aventurança deixou o povo do oeste frágil e indefeso.
Os embaixadores do Oeste foram enviados aos reis do Leste buscando conciliação e paz, evitando assim a guerra entre os dois extremos. Uma ação que foi vista como fraqueza e os exércitos de 20 nações do leste marchou para o Oeste levando destruição.
Era o início da Guerra dos Extremos.
Os exércitos do Leste enfrentaram as forças dos nove reinos do Oeste. Uma grande guerra que durou longas três décadas sendo vencidas e perdidas em diversas batalhas ao longo deste tempo, mas apesar de todo o estratagema e escaramuças o fim já estava decretado e as forças invasoras do Leste foram derrotadas e os poucos sobreviventes voltaram para suas terras.
Para aqueles que viveram os tempos de guerra a dor nunca se apagou. A brutalidade da guerra marcou suas vidas e nada seria como antes.
O Quarto PergaminhoNem todos os reinos sofreram com a guerra por igual. Os reinos fronteiriços de Flenura, Cassia, Galancia, Haastor e Juaria foram os mais prejudicados e tiveram o maior número de mortos. As dores da guerra jamais permitiram que se recuperassem novamente.
O conflito sangrento mudou os olhos dos sobreviventes e a dor da perda calcinou seus corações impedindo-os de perdoar aqueles que vieram do Leste.
Aos reinos de Sallanor, Hejar, Vescaris e Lascaas após o conflito reiniciaram a busca por um novo amanhã de paz e harmonia, contudo a desarmonia entre os nove reinos fragilizou a aliança entre eles.
Entre aqueles que buscaram a vingança pela perda de seus entes amados estava Lansois, um dzaren, do reino de Haastor. Ele buscou algo que aplacasse sua ira e um poder que pudesse castigar seus inimigos. Para o extremo Leste ele se encaminhou e por longos anos não se ouviu seu nome, para muitos ele havia morrido e por fim foi esquecido.
Aos reinos da fronteira, os que mais foram castigados pela guerra, ficaram o sentimento de revanchismo que os levou a mergulhar novamente na insanidade da guerra.
Assim ficou conhecida a Guerra da Vingança.
Centenas de guerreiros do Oeste marcharam para as terras do Leste em busca de vingança. Não havia passado nem doze anos quando os estandartes dourados alcançaram os reinos do Leste.
As terras do leste foram invadidas por uma força avassaladora e reino após reino do leste caiu perante as forças do Oeste lideradas pelo reino de Flenura.
Iniciava neste momento um período sombrio para os povos do Leste. Apesar da união de seus lideres a força invasora jamais chegou a enfrentar uma verdadeira ameaça.
Com o domínio das forças invasoras do Oeste, aos povos conquistados ficou o direito de se tornarem escravos e terem suas riquezas pilhadas.
O Quinto Pergaminho
Já não existe harmonia entre os nove reinos.
Os reinos fronteiriços buscam somente a guerra e a violência, mas isso não trás paz de espirito para seu povo. Na verdade acaba por inflamar mais ódio.
Os deuses olham pesarosos para seus filhos, mas a violência os cega para os desejos dos deuses. Os reis corrompidos pela violência e morte maculam os cetros que portam e afetam a terra que governam.
As antigas bênçãos dadas aos reinos conquistadores do Oeste começam a ficar rarefeitas e a terra pouco a pouco deixa de estar tão bela. Muitos culpam os povos do Leste e infringem a eles mais miséria e dor.
Isso acaba por criar um ciclo de dor que não termina e só aumenta as hostilidades e a miséria nos reinos. E é neste momento de maior miséria que ressurge Lansois com um conhecimento do extremo leste, algo que vêm com a promessa de trazer paz e acabar com a dor.
Nasce O Culto da Serpente.
Os reinos fronteiriços buscaram poder e força contra seus irmãos e muitos ingressaram em artes negras e proibidas. Estas artes criaram seres monstruosos que por muitas décadas serviram como escravos aos reinos humanos de Galancia e Cassia.
Tais seres metade humanos, metade escorpiões por gerações viveram e morreram sob o chicote, servindo de escravos nas minas ou na diversão bárbara das lutas.
O Sexto PergaminhoNos campos da guerra regados com sangue de inocentes a única semente que germina é a do ódio. As diferenças entre os reinos do Oeste aumentavam a cada ano à medida que as bênçãos eram tiradas dos reinos da fronteira. A cobiça que antes havia somente nos reinos do leste infectou o coração dos Antigos Pais, os reis dos reinos fronteiriços.
E foi este ódio que marcou o início das Guerras Fratricidas que levaram o fim aos nove reinos do Oeste. O caos tomou conta das terras do Oeste e milhares pereceram.
Os Antigos Pais comandaram seus exércitos e a cada morte de um dos nove pais, o povo era tomado pela mortalidade, onde doença e a fome retornavam ao reino e a suas vidas.
Nuvens negras e o lamento dos deuses tomaram o céu quando o último entre os Antigos Pais tombou em batalha. O último de seus mais queridos filhos havia morrido.
Os laços finais com os deuses se foram e os cetros de ouro e prata transformaram-se em chumbo. Como castigo os deuses secaram os rios, as florestas queimaram e por fim toda a terra se transformou em um deserto vermelho.
Neste cenário de total desespero o Culto da Serpente ganhou mais adeptos.
Com a morte dos reis de Galancia e Cassia, a população caiu em desespero e os antigos escravos viram a oportunidade de buscar a liberdade. Antigos escravos ganharam a liberdade com sangue e morte, destruindo as cidades de seus antigos senhores e partindo para mais a Oeste, longe de seus antigos senhores.
O Sétimo Pergaminho
Os antigos reinos não existiam mais no oeste e diversas regiões foram tomadas por pequenos governantes que buscavam reestabelecer a ordem, assim como conseguir algum poder.
As Guerras Fratricidas haviam durado cerca de cinco décadas e as poucas cidades que ainda restavam buscaram por fim um acordo de paz. O Culto da Serpente prosperou e durante este tempo cresceu entre os ksaros.
A cidade de Amagor foi a única das cidades que sobreviveram a este período apesar de ser conquista e reconquistada pelos reinos ao longo dos anos. Considerada sagrada por todos os povos, a cidade tornou-se centro de cobiçado por todos.
Um tratado foi assinado entre as cidades que ainda se mantinham erguidas.
Vários séculos passariam até que novamente uma segunda força invasora estrangeira vinda do leste alcançaria a região. Um imenso exército chegaria muito mais mortal que o anterior e comandado pelos poderosos Reis-Feiticeiros Arcondi.
Cidades foram transformadas em pó, milhares de mortos e outras centenas transformadas em escravos, este exército composto principalmente por humanos acabaria por criar o estigma e o ódio pela raça humana. Os humanos passariam a ser chamados "Cantornair", em uma tradução seria como "servos do mal".
A cidade sagrada de Amagor foi uma das últimas cidades a cair perante as forças invasoras, sendo defendida por antigos adversários que caíram perante as armas de um grande inimigo em comum.
Os anos seguintes à conquista dos Reis-Feiticeiros Arcondi, a escravidão e a perseguição aos não humanos levou quase a extinção os povos da região. Muitos considerariam uma justiça poética em vista que no passado com que os povos do Oeste assim fizeram com os do Leste.
Durante todo o período de ocupação e massacre os Dzaros, os Skorpios e os Ksaros lutaram contra os invasores.
O Terceiro Ciclo
Após o Cataclismo que varreu o mundo, as raças sobreviventes do Planalto Vermelho recomeçam a construção de suas cidades e reinos. Marcando um novo período de conflito e morte na região.
A presença humana pelas forças dos Reis-Feiticeiros Arcondi foram sistematicamente exterminadas criando o estigma que marcaria a consciência coletiva sobre os humanos para estas raças.
Aos Ksaros coube o domínio do vale de Cannor, aos skorpios o controle das terras rochosas e por fim aos Dzaren as terras do Planalto Central.
As antigas florestas foram substituídas pelo deserto e os perigos que nele existem. Uma natureza caótica, perigosa e fascinante, mais facilmente materializada pelo movimento incessante das dunas e as tempestades anuais que varrem estas terras.
Verbetes que fazem referência
Planalto Vermelho
Verbetes relacionados
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