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Há cerca de 25 anos uma expedição saiu de Portis, mais precisamente da cidade de Runa, rumo ao extremo meridional de Tagmar. Essa expedição almejava alcançar uma terra distante da qual os estudiosos apenas ouviram histórias escritas em livros antigos resgatados de Maginor. Essas histórias falavam de um mundo habitado pelos mortos e repleto de tesouros e riquezas.
Naquele ano um livro trazido por uma jovem elfa sobrevivente de uma expedição às ruínas de Maginor chamou a atenção de um experiente cavaleiro na corte de Portis. Esse homem, Edil Nargo, às suas expensas, organizou uma grande caravana para o sul. Em busca das terras assombradas contadas no livro. Assim, no ano de 1476 da nossa Era, 150 homens a cavalo e dois barcos levando outras duzentas pessoas mais víveres e equipamentos partiram dos portos de Quessedir em Porto Livre. A caravana que ia por terra encontraria os barcos em Dian e de lá rumariam para praias desconhecidas além das terras do misterioso Domo de Arminus onde um pequeno forte de apoio seria erguido para dar suporte à expedição.
Quatro anos depois, já às margens do mar de Suz, o Capitão Edil Nargo desembarcava com sua tropa e organizava a construção do forte Estrela do Mar, dedicado a Ganis, da qual a maioria dos marujos era devoto e a quem dedicaram a viajem tranqüila até aquelas praias desconhecidas. O forte levou dois meses para ser concluído, e tornou-se um importante marco para as expedições que futuramente almejariam viajar para tão ao sul do continente.
No entanto a tranqüilidade da viagem duraria apenas até as primeiras investidas para desbravar os vales montanhosos que circundavam os Mangues. Os primeiros batedores desapareceram, outros retornaram, não raras vezes, totalmente loucos e outros tantos eram na realidade transmorfos que haviam devorado os expedicionários. Uma expedição mais numerosa acabou entrando em combate aberto contra os transmorfos que habitam os vales próximo à região chamada Ranovel. Mesmo depois de resistir bravamente aos transmorfos a expedição encontrou inúmeras dificuldades para desbravar os vales.
Doenças e moléstias de muitos tipos, algumas desconhecidas, afligiam quase todos os integrantes da expedição. Somente três meses depois das primeiras investidas a expedição conseguiu divisar o Mangue propriamente dito. Naquela ocasião, não fosse a ajuda miraculosa prestada pelos Napóis, toda a expedição, incluindo o Capitão Nargo teria sido destruída pela leva dos mortos-vivos que se abateram sobre eles. Uma vez salvos, não obstante as inúmeras baixas, o Capitão Nargo e seus homens foram conduzidos à Rainha Perse, a Alta Branca, senhora dos Napóis. Ali passaram uma semana, aproveitando da hospitalidade honrosa dos napóis e conhecendo seus hábitos singulares, inclusive a falcoaria e a necrofagia. Os Napóis, em troca dos conhecimentos de um dos sábios que acompanhavam a expedição - que até aos dias de hoje reside com eles -, aceitaram ajudar os expedicionários a estabelecer um forte avançado dentro dos Mangues. Os meses seguintes foram muito produtivos em termos de conhecimento e aprendizado, mas aquilo que os expedicionários estavam mesmo interessados em encontrar, não havia: tesouros.
Em vias de ter que lidar com um motim, o Capitão Edil Nargo ordenou que a fragata da expedição fosse conduzida em direção às praias dos Mangues, embora os napóis tivessem insistido muito para que tal ação não fosse tomada. A embarcação nunca mais foi vista. E o motim acabou, por fim, acontecendo. Os amotinados, entre eles o futuro pirata Colizei Prada, fugiram na fragata restante, levando com eles grande parte dos víveres que ainda restavam à expedição. Depois disso, contados os mortos, doentes e incapazes restaram ao Capitão Nargo apenas 170 homens de armas, sem contar poucas mulheres, crianças e estudiosos.
Além desses problemas existia o fato que o Capitão não possuía mais nenhuma moeda; toda sua riqueza foi investida na empreitada que agora se mostrava um fracasso completo. Não bastassem todos esses males, no fim daquele ano miserável o forte foi atacado e destruído por um grupo Sekbete sob o comando de uma guarnição de Elfos Sombrios. Os sobreviventes foram levados escravos, parte para os reinos sombrios e ocultos dos Elfos e outros, incluindo o Capitão Edil Nargo, foram levados pelos Sekbets.
No cárcere da cidade-templo de Lui-ren, Edil resolveu arriscar tudo: garantiu aos sekbets que era capaz de vencer os desafios do labirinto de Minirum se, em troca, recebesse permissão para deixar para sempre os Mangues. Aliado a quatro dos seus homens mais capazes: o elfo Rastreador Alfor, o Guerreiro Anão Ongur, o Sacerdote de Blator Rassadi e o Pirata Cassel, o Capitão Nargo enfrentou os horrores de Mini-rum, e os venceu. É impossível dizer que segredos ele descobriu ali. Mas quando saiu de Mini-rum trazendo Cassel desacordado e o corpo de Rassadi as transformações ocorridas nele eram notáveis.
Estava mais forte e altivo, havia em seus olhos uma determinação e força quase palpáveis. Os sekbets passaram a ter imenso respeito pelo Capitão e por seus companheiros e quando ele, contrariando as expectativas de todos, declarou que seu desejo era edificar um forte no Monte Grendel recebeu total apoio dos Sekbete e dos napóis, embora a rainha Perse tenha-se mostrado claramente incomodada com a repentina mudança no espírito de Edil.
Seis meses depois, o Capitão Edil Nargo e seus homens chegaram ao Grendel, mas só dois anos mais tarde conseguiram pacificar a área sob domínio de transmorfos e declará-la habitável para o primeiro grupo de colonos. O primeiro grupo foi composto de 50 homens mais algumas mulheres e crianças que sobreviveram ao cativeiro em Lui-rem.
O que foi feito dos prisioneiros levados pelos Elfos Sombrios, nunca se soube. Os primeiros colonos estabeleceram-se nas ruínas de uma velha fortaleza de pedra; os estudiosos da expedição calcularam que ela tivesse sido um posto militar avançado de uma civilização a muito desaparecida. Deste local, travaram contato com os Gouras e com eles estabeleceram escambo de manufaturas por comida. Reergueram muralhas e portais de acesso, reedificaram algumas casas e uma pequena torre de observação, estabeleceram paliçadas ao redor das muralhas e araram o solo iniciando o plantio de arroz, grãos, verduras, batatas e outros legumes.
Dessa forma conseguiram subsistir. Grupos caçadores saíam periodicamente, às vezes com alguns Sekbete, outras com Gouras, e traziam peixes, crustáceos, répteis (entre eles enormes serpentes) e, raras vezes quando iam para as regiões do Ranovel, traziam também carpinchos e outros mamíferos.
Os anos foram passando e a esperança da chegada de uma expedição de resgate esvaiu-se totalmente. Foram construídos diversos tipos de embarcação, mas nenhuma delas resistiu à viagem mais de vinte dias. A partir do aniversário de sete anos do assentamento no Grendel a cada seis meses era enviado um mensageiro através das Ergonianas na esperança de alcançar o mundo civilizado. Esses mensageiros eram sempre voluntários dispostos a grandes sacrifícios, mas nunca nenhum deles retornou e todos sabiam que a possibilidade de algum deles ter chegado ao mundo civilizado era absolutamente nula; Tal herói precisaria vencer as Cadeias Ergonianas, cruzar o território dos anões, atravessar as Geleiras até as Terras Selvagens para finalmente alcançar terras civilizadas e daí ainda rumar para Portis...
No 19º ano da expedição a Fortaleza de Uno, como foi chamado o assentamento no Monte Grendel, estava em plenas condições de habitação e poderia abrigar com facilidade até 500 pessoas. Embora as incursões de mortos às vezes deixassem vítimas e representassem um perigo constante, as torres de vigia, oito ao todo, estavam sempre com equipes de dois ou três guerreiros; em caso de movimentação de mortos nas proximidades sinais de fogo eram acesos e logo uma guarnição de soldados estava preparada para defender os muros da cidade. Os guerreiros de Uno até hoje são valorosos e habilíssimos. Treinados por Edil Nargo em pessoa, que é um exímio guerreiro, e temperados nas terras perigosas dos Mangues, os guardiões de Uno tornaram-se homens temerários e capazes. Entre eles não há patente, exceto a do Capitão, mas os mais experientes são separados dos outros se medindo pela quantidade de mortos vivos abatidos ou por uma tradição oral entre os homens que conta os feitos heróicos de cada um. É claro que nessas histórias as aventuras de Edil Nargo e seus companheiros nas profundezas de Mini-rum são as mais excelentes, fora isso esses homens mostraram-se imbatíveis quando em luta contra todo tipo de criaturas no Mangue.
O estado de alerta constante entre os soldados levou as mulheres para os trabalhos de lavoura e mesmo para a reforma dos prédios e casas do forte, algumas foram, ainda, admitidas como guerreiras, não deixando a desejar a qualquer soldado de Edil; as poucas crianças sobreviventes não possuíam muita liberdade e os traumas do cárcere e dos horrores dos mangues as amadureceram muito cedo.
Ainda existiam alguns estudiosos entre os moradores de Uno, o maior deles, ainda vivo até hoje, é o Mago Arcano Viguinier Alonsi, que foi aluno do mestre Iênim Calaudra, o elfo dourado líder dos magocratas de Runa. Seus conhecimentos arcanos da natureza e seus elementos foram por inúmeras vezes providenciais para a sobrevivência dos colonos.
Naquele mesmo ano Edil ordenou a reconstrução do Forte Estrela do Mar e destacou 20 homens auxiliados por grupos de Sekbete e Gouras para levarem a cabo essa missão. O líder do grupo foi o Pirata Cassel que também coordenaria a construção de um porto e um barco que pudesse chegar até Dian vencendo os mares gelados próximos à Geleira.
No ano seguinte, o 20º da expedição, o forte Estrela do Mar já estava em atividade e no fim daquele mesmo ano foi avistado um navio mercante próximo ao forte. O barco estava seriamente avariado e iria a pique dentro de poucas horas. Com o uso de um sinal de fogo um destacamento de homens do Forte, entre eles Cassel, conseguiu orientar a embarcação para águas mais rasas e salvar boa parte dos tripulantes, que não eram muitos, vinte e quatro pessoas ao todo, incluindo o mercador Adonias, natural de Conti e dono da embarcação. Segundo Adonias a embarcação tinha como destino um porto que servia de base para os estudiosos que iam ao Domo de Arminus, mas tempestades de ventos estranhos haviam tirado-os do curso e os arremessado a praias desconhecidas.
No dia anterior teriam sido atacados por monstros marinhos e perdido boa parte dos homens e das mercadorias que traziam.
O barco de Adonias, chamado de Valente das Marés, era um belo navio, lento, porém robusto e resistente. Encalhado na baía próximo ao forte dentro de oito meses foi totalmente restaurado.
Graças à supervisão de Cassel e ao apoio dos gouras para realizar os reparos subaquáticos. Quando soube que o barco estava recuperado Edil Nargo deu ordem para Cassel tripular o Valente das Marés e conduzi-lo de volta a Dian. Lá ele deveria abastecer e partir para Portis solicitar ajuda financeira dos Grandes Magos e relatar as maravilhas arqueológicas encontradas nos Mangues, repleto de templos, torres e castelos esquecidos pelo tempo. Fato é que, com a partida de Cassel e sua tripulação juntamente com Adonias e seus homens, este último se revelou bem mais que um simples mercador. Adonias explicou a Cassel que a história contada era quase toda verdadeira, mas que o barco bem como todos os bens dentro dele eram, na verdade, fruto de pilhagens e que ele mesmo e seus homens eram piratas procurando uma praia adequada para estocar o fruto dos ataques e reparar os danos nos navios, quando foram surpreendidos por estranhos ventos próximo a Dantsem, dali teriam sido arrastados até os mares gelados e de lá não puderam mais sair.
Adonias, que era experimentado e bastante astuto viu nos Mangues uma oportunidade única de lucro. Garantiu a Cassel que caso ele fosse capaz de guiálos em segurança através do mar gelado ele mesmo financiaria totalmente qualquer empreitada que Edil Nargo quisesse levar a cabo, e não só isso, mas garantiria compra certa para qualquer tesouro que fosse encontrado nos Mangues.
Assim, após partirem de Dian, Cassel e Adonias viajaram para Quessedir onde parte dos segredos da Terra dos Mortos foi espalhada no mundo. De imediato colecionadores e estudiosos ofereceram fortunas pelos espécimes únicos ou por relíquias arqueológicas. Estava assim firmado um pacto que garantiria uma fortuna para Adonias e Edil Nargo.
Grupos de aventureiros e mercenários também embarcaram na viagem de regresso junto com Cassel e sua tripulação, mas agora usavam um barco leve e veloz, de excelente manobrabilidade, cedido por Adonias, chamado de Flecha Azul, por que tinha uma faixa azul pintada na sua extensão.
Um ano e meio mais tarde, Cassel estava de volta aos Mangues. Edil, embora tenha ficado indignado a princípio, viu no lucro uma maneira rápida de pagar seus homens e poder manter-se nos Mangues. Mas preferiu manter em segredo dos seus soldados a origem do dinheiro e dos mantimentos que vêm de fora. A maioria pensa que estão sendo mantidos pela Magocracia de Runa. Enquanto isso Edil Nargo continua nos Mangues. Quais são seus objetivos ou o que espera encontrar, ninguém sabe.
Para chegar aos Mangues é necessário ter duas coisas: bons contatos dentro das guildas de piratas de Quessedir além de muito dinheiro para pagar os custos exorbitantes da passagem num dos barcos piratas que vão à região ou ser um aventureiro renomado e conseguir embarcar como mercenário contratado. As viagens são realizadas em datas programadas para não coincidirem com o inverno das Geleiras, que impossibilita a navegação nos mares gelados e evitar as cheias nos Mangues, pois durante a cheia é praticamente impossível chegar ao Monte Grendel.
Assim, a cada seis meses, um barco deixa o Forte Estrela do Mar rumo a Quessedir levando, sobretudo, plantas e animais exóticos e relíquias antigas tipo vasos, cerâmicas, etc. E trazendo aventureiros, estudiosos, víveres e mantimentos para Uno. Um mercenário de serviço em Uno recebe 1 m.o. por mês mais uma porcentagem no valor de qualquer relíquia que ele consiga resgatar, geralmente algo em torno de 5% a 30% de acordo com a periculosidade da missão. Geralmente existem entre cinco e oito grupos de aventureiros explorando a região. Eles saem de Uno em incursões que duram cerca de trinta dias, daí voltam com mapas e qualquer coisa de valor que tenham encontrado. Muito raramente esses grupos não sofrem baixas durante as explorações e grande parte deles nem mesmo retorna. Isto garante que, em Uno, tem sempre vaga para exploradores.
Verbetes que fazem referência
Os Mangues
Verbetes relacionados
O Domo de Arminus |
Mar de Suz |
As Estepes Vítreas |
A Cidade Escura |
Lui-rem |
Mini-rum |
Uno |
Arborus |
Rarumá |
Arquipélago de Galpas |
Adonias |
Capitão Edil Nargo |
Faror, o Grande |
Grande Goura |
Kraus, o sacerdote de Malemom |
O Pena Negra |
Pirata Cassel |
Pirata Colizei Prada |
Rainha Perse, a Alta Branca |
Rocar, o Sacerdote de Arnor |
Sertres, o sacerdote de Urir |
Sorek, o Audaz |
Viguinier Alonsi