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CAPÍTULO 9 .

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Elira andava apressada pelo corredor do Castelo. Seus passos ecoando pelas lajotas e paredes frias, alcovitadas de desenhos. O cabelo, solto ao soprar do vento, ladeava suas costas, e uma fina camisola, esta de cor azul e borboletas rosadas, encobria sua beleza de ninfa. Por cima, apenas um manto com o brasão de Dantsem: um escudo de ferro com um touro no centro e dois martelos lateral superiores, e em cima, um outro touro sob duas patas traseiras, brandindo seus chifres para o céu. Um brasão magnífico.

Não imaginava Elira, que logo tornar-se-ia rainha, ver ausente de suas servas. Era um desconforto estar com elas, sabia, mas era algo necessário. Como princesa, Elira era isenta dos trabalhos cansativos, mundanos de uma camponesa. O grande dever era dar um herdeiro ao trono de Dantsem. E ela fizera.

Agora que seus pensamentos apunhalavam novamente o seu coração, Elira lembrou-se das palavras ardentes de seu marido “Se você pudesse engravidar de novo...”. Como essas palavras machucavam a carne de Elira, pois ela não poderia conceber mais filhos, sendo Cresuel o ultimo.

Pelo menos era o que pensara antes de falar com Figvel. Pois Elira, princesa e futura rainha de Dantsem, quebrou seu matrimônio com um mago do castelo.



Já era tarde quando os sussurros entraram no ouvido. Fazia uma bela noite, com estrelas salpicando um céu negro e uma lua, toda cheia de se, iluminava palidamente o pátio do Castelo. O ar estava frio e o silêncio era cortado pelos seres da noite. Na varanda do quarto pôde ouvir a distante voz sibilar suas palavras, os fonemas juntando-se e o encanto surgindo. “Venha... venha... aguardo-te na torre”. Simples palavras soltas ao vento noturno, denso, gelado, que inundava o Castelo.

A princesa Elira não pôde resistir e nem haveria como. Sabia Elira de quem eram aquelas palavras e podia sentir a tonicidade vibrante de seu encanto. Era uma cortesia da qual não desfrutara havia anos. O presente traindo o futuro, convidando o passado a se repetir.

“Venha... não demore. Venha Elira...”, o poder controlador da magia cegava-a de tal modo que seus pés conduziam-na sem que notasse. Apenas deveria ir.

Elira deixara o quarto tarde da noite, seu marido Jorge II dormindo profundamente. Passou por corredores, por salões, escondeu-se quando uma sombra cruzou seu caminho. Era tudo um sonho. Tudo calmo. Apenas paz no chamado do mago. E finalmente chegou onde deveria.

Havia no Castelo das Brumas uma torre gigantesca. Fora construído há tempos remoto, com duro esforço físico e místico. Não tinha janelas, nem clarabóia, só uma porta de ferro mágico servindo de entrada e saída. Elira entrou.

O que, supostamente, lembrou-se à princesa Elira depois, foi um belo lugar. Tantos feitiços imbuíam um caráter astral em tal local. Nos pensamentos de Elira, era um sonho real.

“Não posso mais viver sem teus beijos, minha amada Elira”. Uma voz melodiosa, encantando o passar do tempo, deixava mais extasiada Elira.

Abriram-se os olhos alem do véu que a cobria, seus sentidos a confundiam-na, só restando o coração para julgar o certo ou o errado. O certo de seu coração era estar ali, que era o errado de sua mente. O certo de sua mente era não ter saído do quarto, que era o errado de seu coração. Como intervir no julgamento das duas únicas forças encontradas no ser humano? Não havia resposta, apenas teria que decidir.

— Meu coração salta com sua presença. Não sou dona de mim quando você estar por perto. Elira sentia calafrios quando falava, um frio mágico deixava-a sorridente. Um sonho que ambos desejavam.

— Você pode dar mais frutos ao nosso amor, Elira. Venha comigo, viveremos juntos com nosso filho. O homem falava calmamente, como se para perpetuar o tempo na torre.

— Não posso deixar Jorge e Cresuel. Como se uma chama iluminasse o breu de seus olhos, uma luz ardente estabilizou seu coração, sua mente enchendo-se de força. Começava a ver, agora, a imprudência que poderia cometer.

— Não Figvel, não posso ir com você. Elira dosava de coragem suas palavras, uma determinação que o velho Figvel, mago do Castelo das Brumas, sabia que ia acontecer.

O amor que sentia pela princesa Elira era algo que esperara por muitos anos. Como uma vela acesa, ardia a cabeça e esfriava os pés. Um desejo que transbordava de adrenalina nas veias do mago. Mas, embora seu coração tornando-se um carrasco, Figvel soluçou as palavras de seu presente.

— Certo. Não mais a incomodarei. Meu amor fornecera fogo para que me aqueça nas noites frias sem você.

Elira, mãos tocando ás do mago, deu um ultimo beijo no namorado de sua vida. Um adeus gélido na enfeitiçada noite. O fim de um romance.

É, de tal forma, que a princesa Elira envolveu-se com Figvel Treves, O Mago de Dantsem.

Agora, tantos verões depois do amor jovem e louco dos dois, esse é apenas outro motivo pelo qual sofre Elira. Três noites passadas, o castelo foi acordado com o lamentoso grito do príncipe Jorge II, este sabendo da trágica morte de seu filho Cresuel, contra um bando de demonistas. Elira praguejou contra o destino, lançando sua ira aos ventos noturnos. O lamento foi crescente e logo todo castelo sucumbiu perante a noticia da morte de Cresuel. Como sofreu silenciosamente Elira. Seus olhos eram poços esvaídos de umidade, sua bile levantando o gosto da perca.

Contudo, mas não o suficiente para desfazer o sofrimento de Elira, uma noticia recente, poucas semanas antes da morte de Cresuel, serviu de sol na tempestade que passava.

Depois de anos, tendo o coração esquecido o passado e rompido a estrada do presente, um mago, o mesmo mago que trouxera vida aos seios de Elira, revelou o que ninguém podia imaginar: Elira dera a luz a gêmeo.

Foi um choque, um espanto que cobriu de felicidades o coração de Elira. Um outro menino? “Oh deuses...” vivia de sussurrar pelo castelo, suas servas nada sabendo. Fazia sentido o que ele disse, julgava Elira. Lembrava-se, ainda em seus sonhos, do outro choro de criança que escutara antes de cair na inconsciência da dor pós-parto. Lembrava-se de como uma antiga serva, já morta por afogamento, sempre levantava as suspeitas de tal ato ter realmente acontecido. Por mais que Elira a pressionasse ela desmentia e continuava como se nada tivesse dito. E por ultimo, como se para multiplicar suas duvidas, esse mago disse-lhe que foi a serva quem retirou o bebe pela escuridão, dando ao príncipe recém nascido, o único tesouro que poderia levar consigo: um anel de Jade.

O anel, não valioso por ser uma jóia, mas por ser a prova de um amor, fora esquecido durante longos verões, mas agora representava a única esperança que Elira tinha. Uma esperança que agarrava com todas as forças.

Como se os pedidos tivessem sido atendidos, Elira encontrou alguém que poderia ajudar. Era ideal, um homem velho, cujo coração era cheio de bondade e possuía um distanciamento do Castelo das Brumas. Então, quando Servilis, O Mestre do salão, fazia suas orações no Templo do castelo, Elira revelou o segredo recente. Pensava Elira que Servilis atenderia seu pedido para que ninguém soubesse. Elira estava errada.

O pensamento veio rápido, as imagens ofuscando-se e a densa vontade de rever o mago que tempos passado a abraçara, levaram uma Elira alienada pelos corredores do castelo. Seus passos eram ritmados, sua graça era impecável, seu caminho era o calabouço.

Do quarto da princesa Elira ate o primeiro portão que dá acesso ao calabouço, uma longa jornada deve ser percorrida. Portas e mais portas projetavam-se das paredes adornadas de enfeites: bustos, tapeçarias, véus, quadros e toda uma magnífica prataria ou escudaria preenchiam os corredores.

Elira passava agora pelo corredor mais longo que tinha ate o calabouço. Era largo, de placas quadradas no chão e o brasão do reino de Dantsem milimetricamente esculpido em sua base. A alguns metros de distancia, encontrava-se uma porta que dava acesso ao pátio fora do castelo, com o Templo de Selimom protegendo o corpo do príncipe Cresuel. Prosseguiu Elira. Assim que a claridade caiu sob os olhos, Elira viu onde estava e quem se aproximava rapidamente pelo outro lado.

Na parte do castelo em que estava, Elira viu o jardim interno, um dos muitos caprichos que poucos se dariam o luxo de ter. Era uma área quadrada, não mais que seis metros de largura e tanto de comprimento. Uma pequena fonte circular com uma garça jorrando água encontrava-se bem ao centro. Lindas camélias e os adoráveis botões-de-fada inundavam o lugar com um perfume fresco do campo. Depois desse sinuoso jardim, outro corredor, também aberto nessa parte, deixava um homem esvoaçar um manto branco, com signos e cores contornando-o. Elira percebeu os movimentos rápidos do homem, e julgou tratar ser algo importante para ela. No mesmo instante que deu a terceira piscada rente à figura esbranquiçada do outro corredor, uma voz fez ressoar próximo a ela, tão próximo que Elira sentiu no hálito, o cheiro de peixe.

— Bom vê-la, princesa. Foi o que escutou.

Elira voltou-se rápido para ver quem chegara tão perto sem que ela percebesse. Viu um homem alto, forte, cujas feições era a de um camponês, um bárbaro sem qualquer instrução. Estava vestido com um forte colete de lã vermelha e usava calças folgadas de um profundo marrom. Um sorriso de dentes amarelados fez Elira sentir um medo repentino, algo que ninguém explica, só restando chamar de “aviso divino”.

Elira, visto os trajes que estava usando, recuou calmamente, distanciando do homem corpulento que a surpreendera.

O homem olhou intrigante para a solução de seu contrato. Seu braço esquerdo, flexível, desceu rumo à extremidade oculta em sua calça. Logo sentiu o áspero cabo do punhal.

***



Elril estava em pé, perplexo com o mago á sua frente. A escuridão da cela recuou com o brilho da tocha, o fogo crepitando, liberando uma fumaça negra que preencheu o teto baixo do aposento. Os olhos estavam piscando e toda uma vida passava rápido como um relâmpago. A respiração passou a um sussurro quase inaudível, levando o ar carregado de um odor forte de dejetos humanos. “Não... um bebe, um filho... quando jovem...”. Era tudo no que podia se fixar. No canto onde a escuridão reinava, afastada da luz da tocha, Elril fitou o rosto do homem velho que ate pouco era apenas um mago. Um mago. Estava em pé, também, e segurando como se fosse um audaz navio, projetou um pequeno corpo de matéria, um brilho saindo quase oculto.

Figvel não sabia como era possível. E se era possível. O destino? Algum Deus rolando dados no jogo da vida? Talvez... Impossível. Durante sua vida, sendo um mago, Figvel não se importava tanto com os poderes das divindades. Sabia que eles existiam, mas era um caminho diferente para ele, entretanto, não havia explicação se não a intervenção divina. Mas mesmo assim, perguntava-se como.

Levantou o anel de jade acima da cabeça, deixou que uma pequena sombra fosse refletida nas paredes adjacentes, como se para provar que não era uma ilusão. Respirou fundo e olhou ao jovem sacerdote que o fitava incólume, ríspido, intrigado com a conversa que acabara de ter. Pela idade, não teria o jovem sacerdote mais que 20 ou 21 verões, uma idade cujo resultado exaltava esperanças ao velho Figvel.

— Você disse... que... que... era meu pai? Elril tremeu os lábios a pergunta de seu coração. Não tinha certeza do que queria escutar. Esperou o velho mago.

Figvel desceu as mãos com o anel, os olhos sem sair de Elril. Avaliou o sacerdote postado a frente. Sua face não parecia com a de Cresuel. Seus cabelos eram longos e seus olhos de um azul claro, o que diferia de Cresuel. Mas não podia deixar de notar um característico ponto de semelhança que tanto havia em sua família: o queixo era aquilino. Também era novo, um rapazote com pouco mais de 20 verões.

— Foi. Quando a pergunta de Elril chegou aos ouvidos, Figvel encontrou apenas uma palavra. Ainda segurava o anel, única prova do distante passado.

Elril tremeu quando o mago Figvel respondeu. Esperava uma seqüência de palavras ou um disparate de perguntas, mas o que veio foi apenas uma curta palavra. Se alguma surpresa teria que acontecer na vida de Elril, esta seria agora. Sua boca estava tremendo, seu corpo pesando, tragado pela força da gravidade, não havia mais cela, nem escuridão, não havia mais vazio.

— Diga, como é possível? Eram tantas perguntas sendo formuladas que Elril não sabia por qual começar. Solto-as como pólen no ar.

— É o que lhe conto, jovem. Você e eu estamos confusos. Figvel, também, conjeturou quando o sacerdote noviço levantou-se pasmo, a mão dentro de uma rude sacola e entregando um anel de jade, com um cão entalhado as mãos de Figvel.

— Eu tive um romance, já passado, com a princesa Elira... . Figvel, pelo clima que se passava, achou sensato repetir o que dissera. Prosseguiu:

— ... éramos jovens tendo uma aventura. Mas tínhamos um amor, éramos felizes. Figvel sabia que deveria pular certos acontecimentos, ou reescrever outros, para não deixar mais atônito o seu ouvinte.

— Claro, sabíamos que era impossível, pois Elira já estava casada com Jorge II. Não poderia ser diferente. Durante um tempo, deixamos que essa paixão nos guias-se. Mas, mas quando Elira disse estar grávida... . Figvel parou. O esforço era demasiado grande para falar, uma força oculta deixava-o em pé frente à, talvez, o seu outro filho.

— Quando Elira disse que estava grávida, ficamos encurralados. Ela não podia dizer que estava grávida de outro homem, seria o fim para ambos. Figvel levou as mãos ao rosto, sem derramar lagrimas.

Elril escutou atentamente, enquanto outra pessoa também retinha o que na cela se passava.

— Quando Elira deu a luz, teve gêmeo. Dois meninos vieram ao mundo. As suspeitas de que teria mais de um menino era grande, por isso ela se trancou, junto com uma serva, no quarto. Jorge II não entrou e não estava na hora do parto. Figvel respirou, limpou a garganta e continuou.

— Naquela noite nasceu o príncipe Cresuel e... A boca mexeu-se, mas não emitiu som. Os lábios estavam secos e a língua nervosa. Mas continuou.

— E teve você.

Elril recebeu, novamente, como um choque o que Figvel disse.

— Como você sabe que sou eu? Perguntou Elril.

Figvel via uma determinação na pergunta e não hesitou em responder.

— Na noite do parto, assim que o primeiro bebe veio, Elira sucumbira diante as dores. Mas a serva tirou outra criança, um menino. Na mesma noite, a serva saiu as pressas do quarto de Elira, levando consigo o jovem menino em um manto vermelho e dando o único presente que sua mãe, inconsciente, tinha disponível: o anel de jade. Os dois fitavam-se continuamente.

— Quando recobrou a consciência, Elira nada soube, e nem outra pessoa. Depois de alguns verões, o segredo morreu, pois a serva tinha se afogado.

— Mas, se a serva morreu, como você soube de tudo isso? No momento em que estavam, Elril queria respostas rápidas para o batalhão de perguntas em sua mente.

— Sim, claro. Foi há pouco tempo. Um dos servos do castelo, já doente em sua cama, mandou que me chamassem. Quando ficamos a sós no quarto, o homem retirou um amarelado pedaço de pergaminho. A letra não era boa, mas o que tinha escrito, foi a historia que contei. Aparentemente, quem escreveu, foi a tal serva, antes de se afogar.

Figvel se lembrava desse dia. O homem, um velho servo do príncipe Jorge II, deixava que uma doença colateral consumisse o pouco de vida que lhe restava. Ele disse, que, antes da serva morrer, entregou esta carta a ele e pediu que, antes que o homem deixasse esse mundo, entregasse ao velho mago da torre. Ele cumpriu sua jura, minutos antes de sua morte.

— Quando entendi o significado da carta, vi uma nova chance de reconquistar Elira. Contei-lhe tudo e ela demonstrou felicidade. Nós íamos procurá-lo, mas... mas você nos encontrou.

Elril deu um passo a frente, diminuindo a distancia entre os dois.

— No Templo, recebi o nome de Elril, que significa ‘Alma Nobre’. E fui acolhido com um manto vermelho. Sabia que era verdade. No Templo, um homem chamado Ernest, o condutor da carroça, sempre o lembrava de como tinha chegado ao Templo. Agora fazia sentido.

— Então, Elril, por mais que possa ser difícil, você..., Figvel queria continuar, mas parou. Alguns segundos passaram ate que ele prosseguisse.

— Então você é meu filho mesmo. Dessa vez foi Figvel que saiu da escuridão, parando dois pés de Elril.

Erguendo os braços, como asa de ave, Figvel deixou que a boca falasse uma palavra que queria dizer a muitas horas, desde que essa conversa começara.

— Filho. A barba, suja pela imundice do aposento, era lavada por salgadas lagrimas cristalina.

Elril não tinha certeza do que queria, mas não podia ignorar as evidencias. Era verdade. Um pai que ele sempre sonhara estava em pé, na sua frente de braços abertos. Essa era uma chance que não escaparia. Deixou que sua mente se apagasse, que seus pensamentos se perdessem nas brumas da historia, que os anos passados fossem apagados e, no contato com o corpo frágil do mago, seu pai, deixou que o coração bombeasse a emoção retida por 20 verões.

Assim, na cela do calabouço do Castelo das Brumas, Elril, sacerdote de Selimom, abraçou longamente o pai, Figvel O Mago.

Durante o longo abraço, um suspiro entrou na cela do calabouço, vinda pela pequena abertura gradeada da porta.

Em pé, esforçando-se para ver bem a cena, o guarda no corredor apreciava de camarote um acontecimento único no castelo. Durante a conversa que Figvel e Elril tiveram, leves palavras saiam pela porta e encontravam os ouvidos preguiçosos do guarda. Com a curiosidade crescente, afastou a pequena porta da grade e permitiu-se escutar a conversa.

Desde o momento que começara a escutar, o guarda também via razão em todo os encaixes. Era uma razão obvia demais. Foi por esse motivo que, colocando uma chave de ferro na porta, girou-a e abriu a pesada porta de ferro, da qual não permitia sua saída.

O que viu, agora melhor, foi o abraço de um pai e um filho, uma emoção extasiaste no sepulcro do calabouço.

— É, hum... Hum... Fez ouvisse rente a emoção que enchia de vida o aposento.

Figvel, os olhos cheios de lagrimas, deu uma ultima palmadinha no seu filho. Afastou o corpo de Elril e virou-se para o guarda a frente. O que viu foi um homem gordo, reluzente em uma armadura de metal e sem elmo, a espada embainhada na cintura. Estava em pé e parecia decido a algo.

Elril, mãos tremulas e uma vontade de sorrir, fervia na emoção louca de um encontro a muito desejado. O guarda fitava-o com uma expressão de respeito, e logo posse a falar.

— Não sei se é verdade o que ouvi. Mas se for, eu lutarei pelo senhor, príncipe. Falou firme e não vacilou, o que deu mais ênfase as palavras.

Figvel recobrou do congelante momento em que estavam, e lembrou-se da cela escura que fora seu lar por alguns dias.

— É, Elril, temos que sair daqui. Falou, sua voz como uma trombeta de claridade no sonho real que vivia.

— Certo, vamos então. Quero falar com..., com Elira. Nesse momento, como uma espada penetrando a carne de um homem, uma outra verdade seria dita. Figvel virou-se para Elril e disse:

— Não meu filho. Não podemos dizer a ela. Devemos sair e deixar que ela viva sem sofrimentos e remorsos com Jorge.

Elril não entendeu o que Figvel estava dizendo. Era lógico que ele queria ser abraçado pela mãe.

— Mas, ela é minha mãe. Argumentou Elril.

Uma dor crescente atingia o velho Figvel, pois teria que convencer o filho recém encontrado a não procurar a mãe.

— Elril, você bem sabe que não pode se mostrar como filho da princesa Elira. Deixe que seja assim. Você já sabe quem somos. E, por mais justo que seja, lembre-se da dor que ela sente agora, pois Cresuel, seu irmão,... deixou a frase incompleta.

Elril não queria que tal momento fosse estragado por uma compreensão injusta, por isso concordou, mas sua mente vislumbrando o momento que abraçaria Elira, a mulher que momentos antes era uma deusa viva para ele.

— Certo. Então vamos sair. Falou tristemente.

Figvel, O mago, Elril, o Sacerdote e o guarda do calabouço saíram da cela espantando a escuridão com fogo da tocha.

CAPÍTULO 10

Verbetes que fazem referência

Traição e Magia, CAPÍTULO 8
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