Conti
“O poder é efêmero, pois até um monarca há de arcar com deveres. Mas o conhecimento, este sim é o verdadeiro poder. Se alguém souber os fatos certos, poderá muito mais que monarcas em seus tronos reluzentes. Eu lhe digo, de fato há harmonia entre a ordem e o conhecimento, harmonia que pode levá-lo ao verdadeiro poder, aprenda isso jovem príncipe Piotre, e o povo o adorará”.
Del Sardeim, conselheiro do conhecimento e da ordem.
Reinando sobre o Mar do Norte e o Lago Denégrio, Conti é chamado por navegadores e sábios de todo o Mundo Conhecido de “Império dos Mares”, graças a sua reconhecida vocação marítima. Destacando-se tanto na pesca quanto nas arriscadas expedições de pesquisa, Conti é também o principal transportador dos produtos comercializados por Plana e Calco, fazendo com que a sua bandeira tremule nos portos de norte a sul.
País de clima ameno que vai se tornando quente e seco a leste, nas proximidades da região das Cidades-Estados, Conti possui longos verões e estações do ano pouco definidas, sendo o inverno bastante ameno – nunca alcançando a temperatura de congelamento. As matas tropicais são abundantes ao sul, pois a proximidade com o Lago Denégrio tornou a região relativamente úmida e chuvosa. A Floresta de Melgundi, que domina boa parte da região sul, é rica em biodiversidade, escondendo inúmeras feras e animais ainda não catalogados. A região central é rica em montanhas e planaltos recobertos por savanas, sendo pouco povoada por humanos.
O reino faz fronteira com Calco a oeste e as Cidades-Estados a leste, tendo ainda ao sul e sudeste o reino de Filanti e o protetorado de Azanti. Sua relação intima com o reino de Calco (unidos formavam a Moldânia Superior) e sua importância histórica na guerra e resistência contra a Seita, fez de Conti um reino bem quisto entre as nações de Tagmar. Exceção feita somente a Porto Livre, reduto de piratas além da Cordilheira da Navalha com o qual não raro Conti possui atritos.
Com uma população mediana, constituída basicamente de humanos, Conti é um dos maiores importadores de grãos do mundo. Possui fraca atividade agrícola, pois o solo pouco fértil foi comprometido pela proximidade da região semidesértica das Cidades-Estados. As únicas regiões cultivadas são aquelas nas margens do Lago, onde grandes propriedades controladas pela nobreza produzem para o consumo interno de suas vilas. A economia de Conti se baseia na pesca e no aluguel de seus barcos velozes para expedições nos mares, sendo o reino o descobridor do caminho seguro para as Ilhas Independentes e o que mantém as melhores relações diplomáticas com essas terras distantes.
O reino é também conhecido por sua principal especiaria, o espermacete, óleo de cachalotes capturadas mar adentro, responsável pela iluminação não mágica das grandes cidades de vários países. Exporta a lã resistente do dozecórneo, um animal adaptado às savanas centrais da região, que se tornará tecido e vela de barco nas oficinas de Saravossa. Sendo a lingolie, madeira leve e resistente, elemento principal da confecção de barcos do reino, encontrada principalmente no sul, região de grandes florestas, ou plantadas em grandes propriedades.
As caravanas e aventureiros podem se locomover por Conti através de uma rede de estradas muito antigas, as principais provenientes ainda do período imperial da Moldânia. A Estrada Real, que liga a capital de Calco, Saravossa, ao sul de Conti, onde antes existia Moldazi, foi à primeira estrada construída pelos antigos moldas. Essa estrada corta toda a região sul do reino, seguindo em direção a Chats, capital de Filanti - o lado continense raramente sofre restaurações, sendo uma estrada de pedras grandes, porém muito desgastadas. O Caminho Mercantil é uma estrada que trespassa o reino ao norte, ligando Muli as Cidades-Estados de Pino e Novo Porto, conectando-se a Estrada Real já na região de Calco. Existe uma outra estrada, a Estrada de Moldazi, que ligava Muli a antiga cidade dos moldas, sendo uma das mais usadas internamente, pois atravessa o país de norte a sul.
Governo
Conti é uma monarquia absoluta e hereditária, inaugurada pelo Senhor das Armas de Muli, o general Arrabi, em 1452 D.C. Com um grande exército financiado pelas Guildas Marítimas da cidade, em troca de títulos de terra e nobreza, o general Arrabi lançou-se em direção a Floresta de Melgundi e as montanhas centrais, regiões produtoras de lingolie e minérios, declarando a independência de Conti. Desde então a mesma família real governa a nação da capital Muli, a maior cidade do país, sendo o monarca coroado na Catedral dos Mares, maior templo da deusa Ganis no Mundo Conhecido.
O atual rei Arrabi III é um homem de meia-idade e assumiu o trono a cerca de uma década, em 1491 D.C., quando o seu tio Arrabi II sumiu numa expedição as terras distantes do sul. O monarca governa Conti do seu palácio em Muli, o Castelo Moldam, antiga sede de férias da família real moldaniana. A Rainha Gueni, uma nobre da corte filantiana, é reconhecida como uma mulher temperamental e de grande influência sobre o marido, dizendo as más línguas que “toda a decisão importante do reino passa por seus lençóis”. Na rua a chamam de adultera, conspiradora, controladora de mentes e outras infâmias; talvez porque a rainha não se mostre à vontade no meio do povo e foi uma das maiores defensoras do retorno da escravidão, mesmo que limitada ou temporária. O casal real teve dez filhos, três homens e sete mulheres, dos quais Eric é o primogênito e herdeiro direto do trono; mostrando-se, porém, um jovem inapto, boêmio e imoral. O príncipe Piotre é o mais querido pelo povo que, na tentativa de desqualificar a sucessão real, declara que Eric não é filho do rei Arrabi III, sendo filho de um outro nobre filantiano por quem sua mãe teria se apaixonado na juventude.
A imagem frágil e covarde de Arrabi III o tornou um monarca sem prestígio, tanto entre as classes menos favorecidas quanto entre os nobres. A realeza e os seus burocratas mulienses buscam formas de restabelecer o apoio popular, abaixando tributos, expandindo a cota de lingolies desmatáveis e, recentemente, aumentando em mais dois os dias do Festival de Ganis; porém, até agora, não se percebeu uma grande mudança na imagem pública da monarquia. O rei é auxiliado por um grupo de quatro conselheiros, ao estilo dos moldas, sendo eles: Marim Augustus, ministra do tesouro e tributos, Del Sardeim, conselheiro do conhecimento e da ordem, Humber de Virena, humano criado por anões, conselheiro da guerra. O último conselheiro, Celsius Mendrie, o conselheiro de terras e títulos, é um planense radicado em Muli que chegou nesse posto graças a Nobreza Mercantil, grupo de líderes mercadores que detêm a maior parte dos títulos de nobreza e terras do norte e sul. Os mercadores nobres sustentam a monarquia desde a fundação de Conti e são considerados pelo povo o verdadeiro poder por trás da coroa. A Ordem de Ganis possui um forte papel dentro do governo, sendo a Grande Mãe Misandra, uma jovem de apenas vinte anos, a conselheira mais íntima do rei Arrabi III.
Humber de Virena é o conselheiro há mais tempo no cargo e organizou o exército de Conti em três grupos, todos submetidos aos Escudos Dourados do Moldam, cavaleiros de elite e defensores do palácio real. Os Escudos Azuis do Denégrio defendem o sul e fazem da maior cidade da região, Ambernita, a sua guarnição. Os Martelos Vermelhos de Virena defendem a região central do reino, sendo eles um grupo de elites formado por anões e humanos treinados em Virena, cidade antiga dos anões. Os últimos e mais importantes são os Escudos Verdes de Muli, guardiões oficiais da cidade e de todo o norte, intimamente ligados a Nobreza Mercantil. Apesar de ser uma potência marítima, Conti não possui uma frota e marinheiros treinados para a guerra por ser um país de mentalidade pacífica e voltada para o comércio – o que não impede que toda a sua frota pesqueira esteja pronta e treinada para defender Muli e suas costas norte e sul.
O Conselheiro Del Sardeim, que organizou o sistema jurídico semelhante ao que existe no reino de Calco, encontrasse enfurecido com os desmandos de alguns nobres que se pretendem acima das leis reais. Devido ao fraco controle que possui e a forte influência da monarquia, o conselheiro não tem como agir contra esses nobres que muitas vezes agem como a “justiça final”. O modelo jurídico é organizado com Magistrados, representantes do ministério sapientes das leis da nação, que existem nas vilas com mais de mil habitantes (caso raríssimo no reino de Conti). Os prejudicados podem recorrer aos Supra-Magistrados, existindo apenas dois no sul e cerca de oito só na cidade de Muli. Os casos de relevância nacional ou de aparente injustiça são levados ao próprio Conselheiro do Conhecimento e da Ordem Del Sardeim, que em nome do rei dá o veredicto final. A autoridade do conselheiro e suas decisões só podem ser revogadas pelo próprio monarca.
O reino tem como símbolo nacional um navio no estilo dos moldas antigo (de forte influência élfica) sendo guiado por uma lua crescente deitada e quatro estrelas alinhadas, simbolizando Ganis como guia da nação.
História Recente
Apesar das fortes raízes que o ligam ao reino de Calco, aos moldas e seu Império Antigo, Conti nasceu da efervescência econômica e das tradições anciãs de uma única cidade, a esplendorosa Muli. Construída anos antes da “Capital do Mundo Conhecido”, Saravossa, em 340 D.C., foi o porto mais movimentado do Império da Moldânia e durante o milênio que abrange a sua história nunca encontrou quem lhe roubasse o cetro de “Imperatriz dos Mares”. Voltada para o comércio marítimo e a pesca de grande porte, Muli também foi o ponto inicial de adoração de uma das deusas mais presentes e queridas entre os povos conhecidos, Ganis, a Senhora das Águas.
Essa união entre força econômica e centro religioso dotou a cidade de traços culturais únicos, tornando-a de certa forma uma força autônoma dentro da política centralizada do Império da Moldânia. Durante anos Muli, que só perdia em tamanho, população e beleza para Saravossa, disputou com Moldazi, ao sul, o controle da província de Sivonti acabando por consegui-la em 830 D.C. Esse episódio marca o início de uma guerra civil, liderada por Moldazi, que acabaria por desmantelar o poder da Igreja de Blator, destruir a antiga capital de Sivonti, fortalecer a Ordem de Ganis (durante esse período é construída a Catedral dos Mares) e entregar a Muli a total influência sobre a região leste da nova Moldânia Superior.
A cidade se torna um “estado dentro do reino” com a total aceitação de Saravossa, preocupada em fortalecer laços internos e apaziguar os corações cansados de guerra. Crescendo, expandindo e inchando, Muli vai perdendo traços de sua arquitetura humano-élfica e se tornando um amontoado urbano, repleta de galpões e torres de defesa. A cidade só voltou os seus olhos para as questões do reino quando as terras da antiga Moldânia foram cercadas pelos exércitos do inferno e seus fiéis seguidores. Unidos na tradição e seguidores de Ganis, os de Muli e Sivonti se aliam a Aliança dos Povos em 1224 D.C. lutando contra a ameaça infernal. Resistindo bravamente durante anos, Sivonti é invadida em 1390 D.C. pelos Senhores Infernais que acabam por destruir grande parte das defesas de Muli e parte da Catedral dos Mares. A figura do Grande Sábio surge no horizonte para mudar a situação dos povos e unir as nações no pacto que ficaria conhecido como a Unificação.
Após a derrota da Seita e durante esse período da Unificação, a cidade de Muli controlava com mãos de ferro a política de Sivonti, reivindicando o direito da região de possuir conselheiros e controlando diretamente três quartos dos elegidos. Isso criou uma disputa entre o sul, região de poucas fazendas e tradicionalmente ligada às tradições moldas, e o norte dominado por Muli. A cidade de Ambernita no sul, construída após a queda de Moldazi, em 882 D.C, refletia o descontentamento nas margens do Denégrio com os irmãos do litoral norte: pediu em 1410 D.C. a divisão dos representantes de Sivonti por regiões e não mais em proporção às populações de cada lugar, no que Saravossa respondeu aceitando diminuir o número de representantes do norte. Essa intromissão nunca foi esquecida e os poderosos mercadores da cidade de Muli levaram as suas indignações ao Senhor das Armas de Muli naquela época. Nada foi feito. O Senhor das Armas respondia a Saravossa, e iniciou-se um plano de instalar no poder pessoas ligadas a esses mercadores poderosos.
Em 1450 D.C., após a morte do Grande Sábio e o fim da Unificação, os representantes regionais foram perdendo seu poder. Quando tentaram por fim reempossar um rei ligado à terceira dinastia moldaniana em Saravossa, Muli não mais aceitou servir a um novo rei molda e acabou coroando o Senhor das Armas da cidade como Arrabi I, rei de Conti. Financiado pelos mercadores em troca de títulos de terra e nobreza, Arrabi I anexou Virena e o Condado Élfico de Lirati, obrigando anões e elfos a aceitarem a criação do novo reino em 1452 D.C. Ambernita foi contra, sabendo que após a ascensão de Muli viria o fim do seu controle sobre as margens do Lago. A cidade foi cercada por lotes de terra doados aos mercadores de Muli acabando por se tornar um mero entreposto comercial subjugado pelos interesses mulienses. Apesar disso, o sentimento antinorte é ainda muito forte dentro dos muros da cidade que beira o Denégrio.
Em 1491 D.C., o rei Arrabi II sumiu nas regiões distantes do sul quando encabeçava uma das primeiras expedições nas quais Conti havia emprestado seus barcos. Subiu ao trono o seu sobrinho, também chamado Arrabi, que governa até os dias atuais como Arrabi III, um governante fraco e que em nada lembra os grandes heróis moldas que habitaram a região.
Apesar da imagem fraca do rei e das diferenças entre norte e sul, o reino tem vivido em relativa paz, sempre atento, porém, as ameaças representadas pelo crescente militarismo de Filanti e pelo seu grande inimigo nos mares, o covil de piratas conhecido como Porto Livre. Extremamente ligado a Calco, depende economicamente desde país e de Plana, Conti busca agora concorrer com Torbel na construção de grandes navios e com Novo Porto, nas expedições as Ilhas Independentes. O reino descansa em paz sob a proteção da deusa das Águas e seus fiéis sacerdotes que chamam Conti de “seu reino”.
O Povo de Conti
Existem realmente grandes diferenças entre as populações do norte e do sul do reino. Separadas por fronteiras geográficas, como a densa Floresta de Melgundi e as Montanhas de Virena ao centro, essas populações cresceram independentes e isoladas, só contornando suas grandes diferenças durante a Unificação. Os do sul, descendentes diretos dos primeiros moldas, são belicosos, companheiros e contemplativos, adoradores da paciência de Selimom, da força defensiva de Blator e dos mistérios de Palier – todos os três considerados deuses fundadores da Moldânia. Os mais conhecidos e poderosos magos de Conti vieram do sul, extremamente introspectivos e pacíficos, mas turbulentos nas horas de ameaça, como as águas do grande lago. Do sul vêm também as mais belas músicas dos bardos e corajosos rastreadores que se embrenham pelas matas fechadas de Melgundi. Apesar de adorarem Palier, os sulistas têm medo da magia porque enxergam o seu deus e essa força mística como elementos sobrenaturais da natureza que precisam ser temidos e respeitados. O povo do sul é também reconhecido por sua comida excepcional (influenciada pela cozinha dos pequeninos), sua hospitalidade, sua crendice e mitologia milenar. Eles evitam a todo custo se aproximar das ruínas da antiga Moldazi, um lugar profano e símbolo da decadência do espírito diante das glorias do poder e da guerra.
Contudo, é na cidade de Muli que se encontra grande parte da população do reino de Conti - aproximadamente três quintos. Nessa cidade gigantesca e suja, favelas se amontoam ao lado de edificações antigas e esplendorosas como a Catedral dos Mares, o Castelo Moldam e todo o Distrito Antigo. O povo do norte tende a ser brigão, extrovertido, perseverante, crente em sua deusa e adorador das artes marítimas, aprendendo desde muito jovem o seu oficio. A grande maioria da população de Muli busca vantagem em qualquer situação e trocaria um membro de sua família por um tesouro antigo ou uma aventura nas Ilhas Independentes. Os nobres, a grande maioria mercadores que compraram este título, são em grande parte egoístas que somente pensam em diminuir suas despesas e aumentar seus lucros. A escravidão, que voltou a ser instituída no reino graças às pressões da Nobreza Mercantil, é um motivo de desgaste com a coroa atual. Embora seja temporária, dure cerca de oito anos de trabalhos forçados (normalmente como marinheiro em expedições), é vista como uma pena severa demais para os corações livres dos nortistas de Conti.
Embora haja grandes diferenças de temperamento e cultura, os povos do norte e sul se identificam profundamente com as águas e a deusa Ganis, sendo ela um elemento em comum entre ambos. No norte, ela é a Venerada Mãe, Criadora da Vida, no sul, a Dama do Lago, a Sereia que pune os homens infiéis e um elemento importante no estranho folclore dos descendentes dos Moldas.
Principais Cidades e Locais de Interesse
Muli
Capital e principal cidade do reino, Muli se destaca por sua extensão e arquitetura complexa, tendo o seu distrito antigo encravado em encostas escarpadas e grandes favelas espalhadas por praias e pequenos morros. A cidade é conhecida por sua violência urbana e pelo número incontável de guildas de ladrões, prontas para usurpar e assassinar a mando de quem pagar o maior número de moedas de ouro. É governada por um Lorde-Prefeito, que ainda guarda o título de Senhor das Armas e está ligado ao Conselheiro Celsius Mendrie, responsável pela administração dos cargos do reino. O atual Senhor das Armas de Muli se chama Corinos Mendrie, primo muliense do Conselheiro Celsius. Corinos é visto como um homem duro e constantemente entra em choque com o Conselheiro da Magia e Ordem, Del Sardeim, responsável pela organização da justiça no reino. A cidade é dividida em 9 distritos, sendo eles: o Distrito Real, o Distrito Antigo (dividido em sua parte religiosa, parte administrativa e parte residencial), o Distrito Portuário, o Cemitério e mais cinco distritos que formam o amontoado urbano de favelas e morada das classes mais baixas. O fato de Corinos estar ligado a Celsius Mendrie fortalece uma idéia muito antiga que a população da cidade tem, de que Plana deseja desapossar Arrabi III e colocar em seu lugar o insípido Corinos de Muli. Todas essas teorias conspiratórias são refutadas com comentários engraçados do carismático Celsius Mendrie, que frequentemente coloca seu cargo a disposição do rei para desafiar o nacionalismo dos mulienses. Del Sardeim, além de conselheiro, é também Diretor de Honra da Academia Muliense de Magia, o colégio mais respeitado e conhecido depois da ancestral e conservadora Academia de Moldazi (transferida para Muli após a queda daquela cidade no Sul). A cidade é um lugar perigoso, mas cheia de possibilidades de aventuras, pois sendo a segunda cidade construída pelos Moldas guarda segredos, tesouros e tumbas que atravessaram o tempo sem nunca terem sido descobertos ou tocados.
Ambernita
A “capital sulista” de Conti é uma cidade em franca decadência econômica e dividida entre a influência da Nobreza Mercantil, que dividiu as principais terras do sul entre eles, e as antigas tradições moldazianas. Governada por um Lorde-Prefeito eleito pelos principais donos de terra da região e autorizado pela coroa, Ambernita é uma cidade que vem perdendo sua identidade e nutrindo um sentimento antinorte que tem incomodado a coroa e os interesses econômicos na região sul. Embora não abasteça todo o reino, essa cidade é responsável pela produção de boa parte dos alimentos produzidos para consumo interno, especialmente na região sul. Apesar de ser uma cidade de médio porte, Ambernita só possui três grandes edificações de notoriedade: o Templo da Dama (em homenagem a Ganis), a Casa da Memória (casa que guarda as tradições de Moldazi e dos moldas antigos da região, local de tradição familiar e extremo conservadorismo) e a Torre do Denégrio, castelo mais antigo que a própria cidade e que servia de guarnição para as tropas da região.
Pontalina
A pequena vila dos pequeninos, que também se encontra nas margens do Denégrio, fica escondida entre pequenas colinas que margeiam o lago. Afastada das confusões entre Ambernita e os Senhores de Terra da região, Pontalina vive em paz, cultivando frutas e exportando para Muli a pouca lã de dozecórneo que produz. Os pequeninos são desconfiados apesar de muito receptivos, pois a história da construção da cidade é marcada por grandes tragédias e lutas contra inúmeras bestas e feras. Adoram Mon, Sevides e principalmente Ganis, de quem possuem um medo fraternal (os pequeninos foram muito influenciados pelo folclore dos sulistas e todos têm medo da “sereia do lago”). Todos da vila conhecem o Sul de leste a oeste e são excelentes guias, temendo porém, as ruínas antigas dos moldas e o território sombrio que antes pertencia a Moldazi. Pontalina é governada democraticamente por um conselho de pequeninos mais velhos que escolhem um Prefeito para cuidar dos pequenos afazeres da vila.
Ruínas de Moldazi
Apesar de haver inúmeras ruínas do antigo reino da Moldânia por toda a região sul de Conti, Moldazi é a única que espanta pelo seu tamanho e pela sua aura assombrada. A primeira cidade dos Moldas, construída em 212 D.C., foi destruída na guerra civil que separou o Grande Reino da Moldânia em dois reinos menores: o superior e o inferior. Adoradores de Blator e criadores da Escola da Guerra, os de Moldazi se deixaram levar pela sanguinolência e cobiça, controlando durante muitos anos o trono de Saravossa. Destruída pelas tropas leais ao sul e por uma peste mágica, Moldazi caiu em desgraça e foi abandonada por seus moradores, que construíram Ambernita mais a oeste. Parte da cidade permaneceu intacta, tomada pela natureza e por feras que ali encontraram abrigo. A cidade é considerada pelos sulistas amaldiçoada e muitos evitam passar por ela por causa dos rumores de espíritos, monstros e morto-vivos habitando suas catacumbas e profundezas. Há cinco anos a Academia de Moldazi, em Muli, contrata grupos de aventureiros para pesquisarem as ruínas antigas da cidade; dos cinco grupos já enviados nenhum voltou para a capital do reino.
Condado Élfico de Lirati
Lirati é o lar dos elfos que fugiram da queda de Saravos, sendo mais antigo até que a chegada dos Moldas no Vale do Frefo. Sob o comando de um Conde, que nunca ousou se intitular rei em respeito à antiga dinastia élfica do Segundo Ciclo, os elfos dessa região lutaram juntamente com os moldas e aceitaram se submeter ao comando de Saravossa em troca de uma forte autonomia que nunca foi quebrada. O Vale de Lirati se encontra escondido (dizem que por meios mágicos) dentro da Floresta de Melgundi, sendo uma vila de porte médio construída em grande parte no alto de árvores milenares e gigantescas. É governada pelo Terceiro Conde de Lirati, Essalie, filho de Guindam, neto de Guindor, herói do Segundo Ciclo. Os elfos atualmente vivem pacificamente no seu vale, entrando em conflito apenas com as criaturas maléficas que vivem na floresta e com os humanos que contrabandeiam a lingolie, destruindo a natureza. A região norte da floresta é evitada pelos elfos devido à proximidade de Virena, cidade anã que os elfos particularmente detestam. Os de Lirati cultuam principalmente Palier, a quem acreditam ser o responsável pela sobrevivência dos elfos da região após a queda de Saravos.
Virena
Principal região povoada por anões no norte, depois de Acordo, a cidade de Virena somente ganhou esse status quando aceitou a dominação da região por parte de Muli, sendo antes conhecida como As Minas de Virena, seu poder sendo dividido entre os clãs de anões ligados a Saravossa. Virena é ainda uma cidade em construção e um eterno campo de trabalho, comandada agora por um Príncipe Anão (já que Muli não aceitou o título de rei para o líder local) escolhido no Conselho dos Clãs, os mesmos que historicamente estiveram ligados aos humanos. Virena está intimamente ligada com a cidade de Muli, sendo a principal exportadora de metal, armas e gemas para a capital. Os anões de Virena até comungam com os humanos na defesa do grande planalto central de Conti e suas ricas montanhas, participando dos Martelos Vermelhos de Virena. Todos os anões procuram evitar o sul do reino devido a grande floresta de Melgundi, lar de elfos e bestas malignas. O primeiro e único príncipe anão que existiu, e governa até os dias atuais, é Baldum de Virena, um grandioso guerreiro e hábil diplomata. Os anões da cidade adoram Maira Mon e Blator, este último responsável pelos fortes laços entre as minas dos anões e a cidade de Moldazi, adoradora dos ideais da guerra. Parom também é lembrado pelos artífices anões da região. No grande planalto próximo a Virena vive Malzir de Parom, um sacerdote anão renegado que fugiu das minas por não concordar com a aproximação dos clãs com os mercadores de Muli. Malzir desconfia de todo humano e de suas boas intenções, sempre cobrando provas (normalmente aventuras perigosas) em troca de seus serviços como artífice.
Rumores e Intrigas
Em Muli, escondidos entre os mais poderosos mercadores da Nobreza Mercantil, encontram-se membros de um grupo de mercadores malignos que são conhecidos como a Câmara Negra, contrabandistas de escravos, mercadorias roubadas e produtores de drogas alucinógenas poderosas (uma delas, dizem testemunhas, capaz de destruir a mente do usuário tornando-o um escravo perfeito e sem vontades). Aqueles que investigam esse grupo, que pode estar atuando nos principais portos do mundo, acreditam que eles podem ter ligações com os Bankdis. Porém, estudiosos de Saravossa, que também investigam as suas motivações acreditam que eles possam ser uma Seita radical da Igreja de Cambu, buscando o aumento de sua influência ou quem sabe o fim das religiões “místicas e pouco lucrativas”.
Nos becos e ruelas da grande capital, entre delinquentes e assassinos profissionais, houvesse sempre falar da figura do Rei do Crime. Acreditasse que esta figura busca o domínio de todas as guildas de ladrões em torno do seu nome. O seu paradeiro ou mesmo o seu rosto é desconhecido, sendo qualquer fato concreto sobre o seu respeito uma informação extremamente valiosa para os chefes do crime da cidade.
Muitos sulistas estão aterrorizados com vultos e assombrações que andam perambulando em pequenos vilarejos próximos a Moldazi. Sacerdotes e sábios acreditam que algo de perturbador está acontecendo nas profundezas das grandes ruínas da antiga cidade dos moldas. A Academia de Moldazi, em Muli, já foi avisada e pretende formar um grupo de investigadores dispostos a descobrir o motivo da perturbação; é o segundo grupo formado neste ano. O problema parece não se restringir à antiga capital dos moldas, pois energias estranhas foram captadas em outras ruínas espalhadas no sul do país.
Os Martelos Vermelhos encontraram nas colinas arborizadas da Floresta de Melgundi, pedras preciosas que poderiam ser exploradas pelos artesãos de Virena. O problema é que a floresta é uma região autônoma defendida pelos elfos e habitada por estranhas e maléficas criaturas, algumas bastante inteligentes. A cidade de Virena busca mapear a área e descobrir um caminho seguro para esse tesouro não explorado.
Ambernita está enfurecida com as tentativas da Ordem de Ganis, em Muli, de cooptar o Templo da Dama e influenciar sua doutrina. Os sacerdotes de Muli não se mostram satisfeitos com a excessiva crendice em torno da imagem da Grande Mãe. Essa intromissão é vista como mais um ataque do norte a cultura e tradição local. Existem rumores de homens dispostos a tomar o sul e rachar o reino ao meio, mas isso é negado por todos, inclusive os prejudicados com a intromissão do norte. A verdade é que a cidade está sofrendo com a crise econômica e todos culpam Muli por não ajudá-la. A Casa da Memória é uma das maiores incentivadoras dos ideais da antiga Moldazi, não escondendo o seu Grão-Mestre à vontade de ver os moldazianos dominando Ambernita mais uma vez.
Membros de várias religiões pacíficas se preocupam com o sul de Conti. Foram vistos nessa região, batedores de outras nações (supostamente Filanti) e muitos têm medo que as emanações de energias negativas sejam provas das ações de demonistas ou coisa piores.
Os Mercadores de Muli constantemente contratam aventureiros para serem marinheiros em seus navios (algumas aventuras acontecem por terra), responsáveis por levar cargas importantes do reino de Calco e Plana, descobrir novas mercadorias exploráveis e explorar novas regiões que ainda são desconhecidas ou pouco conhecidas. Alguns aventureiros ganharam fortunas e receberam prestigio (às vezes títulos reais) dentro das terras do reino.
Personagens mais Conhecidos
Rei Arrabi III, Monarca de Conti
O atual rei Arrabi III é um homem de meia-idade, boêmio, de aparência frágil e covarde por natureza, obviamente não foi preparado para o cargo que ocupa, sendo o sobrinho do antigo Rei Arrabi II, assumiu o trono a cerca de uma década, quando o antigo monarca sumiu. Governa Conti do seu palácio em Muli, o Castelo Moldam. Sua esposa e atual rainha Guieni, é uma nobre da corte filantiana, é reconhecida como uma mulher temperamental e de grande influência sobre o marido, dizendo as más línguas que “toda a decisão importante do reino passa por seus lençóis”. O casal real teve dez filhos, três homens e sete mulheres, dos quais Eric é o primogênito e herdeiro direto do trono; mostrando-se porém, um jovem inapto, boêmio e imoral. Seu caçula, o príncipe Piotre é o mais querido pelo povo e mais apto a sucessão. A imagem frágil e covarde de Arrabi III o tornou um monarca sem prestígio, tanto entre as classes menos favorecidas quanto entre os nobres.
Del Sardeim, conselheiro do conhecimento e da ordem.
Além de conselheiro, é também Diretor de Honra da Academia Muliense de Magia, o colégio mais respeitado e conhecido depois da ancestral e conservadora Academia de Moldazi. Sendo quem organizou o sistema jurídico a semelhança do que existe no reino de Calco, encontra-se enfurecido com os desmandos de alguns nobres que se pretendem acima das leis reais. Devido ao fraco controle que possui e também a forte influência da monarquia, o conselheiro não tem como agir contra esses nobres que muitas vezes agem como a “justiça final”. Um homem de idade avançada, ainda que de porte grandioso e nobre, tem fala mansa e usa termos muito eruditos, até para os padrões dos sábios, de grande coração e muito honrado, é um homem de princípios e muito correto.
Marim Augustus, conselheira e tesoureira do rei.
Filha de linhagem dos primeiros nobres de Muli é uma mulher lindíssima, de longos cabelos negros e olhos azuis como o céu. Ainda que tenha a aparência de uma dama, é uma mulher muito pratica e objetiva, motivo para o qual conquistou seu cargo num reino onde a maioria dos líderes são homens. Sua capacidade de administração e contas é muito boa, sendo reconhecida até por aqueles que não apóiam sua nomeação como conselheira. É uma mulher muito falada na corte, e dizem que sua beleza deixa a rainha muito irada, além do mais, enquanto a rainha é tida como malquista pelo povo. Marim é adorada e cortejada por onde passa, póis suas medidas de impostos, reduziu parte do custo para o povo em geral, isso a tornou muito popular, ainda que não tenha melhorado a imagem do rei.
Celsius Mendrie, conselheiro de terras e títulos.
É um planense radicado em Muli que chegou nesse posto graças a Nobreza Mercantil, grupo de líderes mercadores que detêm a maior parte dos títulos de nobreza e terras do norte e sul. Um homem de meia idade, de cabelos encaracolados, fala mansa e com grande sotaque, meio acima do peso, típico mercador abonado, sempre cercado de luxúria e eterna boa vida. Tem uma fraqueza em especial por vinhos refinados e raros, dizem as más línguas que uma boa garrafa de vinho pode conseguir milagres com Celsius, e que sua colocação como conselheiro pela nobreza mercantil foi uma jogada dos mesmos para terem um controle mais próximo a corte.
Humber de Virena, conselheiro da defesa.
É o conselheiro há mais tempo no cargo e organizou o exercito de Conti em três grupos. Humano criado por anões e adorador de Blator é tido muito reverente aos conceitos e tradições dos anões, é um homem bem alto e bem constituído fisicamente, de grande e muito bem cuidada barba, bem ao estilo dos anões. É um típico guerreiro, de alma muito nobre e de grande valor, é muito corajoso, e dizem que deveriam ter escolhido ele ao sobrinho do rei para ocupar o trono. É sempre bem vindo em Virena, e muito respeitado por todos os líderes do exército de Conti, e principalmente pelos anões.
Essalie, Elfo, Terceiro Conde de Lirati.
Filho de Guindam, neto de Guindor, herói do Segundo Ciclo. Conde, que nunca ousou se intitular rei em respeito à antiga dinastia élfica do Segundo Ciclo, Essalie é um elfo com algumas centenas de anos, muito erudito e conhecedor de artes arcanas, é descendente direto da linhagem nobre dos elfos. Alto para os padrões elfícos, de longos cabelos castanhos e de porte sério e nobre. Sempre muito bem arrumado, tem fala conservadora, mas sabe ser carismático e persuasivo quando necessário.
Baldum, Príncipe Anão de Virena.
Um anão nobre, grandioso guerreiro e hábil diplomata. Escolhido pelo Conselho dos Clãs dos anões em Virena. Enquanto jovem era um habilidoso guerreiro, sempre disposto a combater o mal e percorrer os mais inusitados caminhos que a aventura pudesse lhe conceber. Filho de um clã de nobres, logo se viu afeiçoado à nobreza e a política, se tornando um porta-voz para seu clã, e logo para seu povo em Conti. Foi eleito príncipe, pois os governantes de Conti não lhe permitiram o título de rei. Sempre se apresenta com armaduras anãs de fino porte, com brasões de seu clã e corte.