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Caro leitor, neste texto sobre a cosmologia de Tagmar, vamos partir do ponto de vista de personagens da ambientação para manter as questões subjetivas e não elucidar pontos que são melhores que fiquem como mistérios. Sendo assim, seguem dois textos escritos por personagens contidos na ambientação.
Relatório ao Grande conselho da Levânia sobre os fragmentos de textos encontrados no Deserto de Blirga
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Relpek,
Coordenador de pesquisas levas no museu de Calco
Venho informar ao grande conselho que os textos antigos encontrados no Deserto de Blirga, estes que continham canções datadas do início do 3º Ciclo, na verdade são palimpsestos. Como sabem, um palimpsesto é um pergaminho contendo um texto original que foi raspado para que se pudesse escrever um outro texto - neste caso as canções - sobre o texto anterior.
Com bastante esforço e cuidado, os eruditos envolvidos na pesquisa, coordenados por minha pessoa, utilizaram técnicas tal que limparam o texto novo e revelaram as anotações escondidas. Estes escritos, ao que parece, datam do período do segundo ciclo e pertencem ao grande erudito e profeta Arquidecira. E complementam com mais detalhes a cosmologia explícita nos Extratos do "Livro de Maudi".
Faço uma comparação dos extratos às informações contidas nos papiros adicionando também comentários meus.
Os extratos dizem:
“As emanações do caos indômito e destruidor deram origem aos primeiros seres infernais: os príncipes demônios. E oriundos da consciência e emanações das forças da criação nasceram os titãs. Os seres titânicos eram treze[...]”O papiro afirma:
“[...] vislumbrei também os sete destruidores originais, que depois formariam o grupo dos treze príncipes da destruição. Apesar do rompimento da pérola, e embora separados, o caos permanecia. Os titãs criavam a partir do que os demônios destruíam e vice-versa. Por mais que existissem entidades criadoras, elas pouco se importavam com suas criações. Não havia ordem, era como observar o condensar e ferver ao mesmo tempo na água borbulhante.
Mas no meio de tudo isso, de forma misteriosa e inescrutável, surgiu a ordem. Os deuses se fizeram presentes e abominaram o [...]”Infelizmente não foi possível recuperar o fim deste parágrafo. Mas é possível deduzir o que houve, pois, os extratos dizem:
“Quando deuses e titãs-segundos uniram forças contra os criadores e trouxeram ordem ao universo. Foi o início da Lei”.Obviamente isso pode induzir que os deuses podem ter sido vítimas do ciclo de geração e destruição caótica, e partiram em sua defesa.
Além disso, neste mesmo trecho dos extratos do livro lemos:
“A descendência dos titãs trouxe os deuses à existência. Estes filhos desejaram se unir às criaturas dos reinos inferiores. De sua união surgiram os titãs-segundos. ”O que gerava a grande questão: que criaturas são essas?
Existiam teses que recusávamos a aceitar, e talvez por isso que este texto estivesse escondido por tanto tempo, pois o papiro afirma:
"[...] Sendo Tanis nascida de Blator e Ekisis, decidiu não tomar parte na disputa entre seus criadores, após a guerra contra os titãs, embora tivesse uma afinidade maior com o deus." Vejam, senhores do Conselho, que este trecho põe fim à dúvida a que "seres dos reinos baixos" Maudi se referia! Os titãs segundos são criaturas de deuses e demônios juntos!
E mais, isto também esclarece a - até agora inexplicável - predileção de Tanis pelos anões renegados que constam nos documentos de Blur!
Infelizmente não se encontra o porquê dos deuses se juntarem com os príncipes da destruição. E nem o motivo pelo qual estes decidiram criar ao invés de destruir. Ou está apagado ou não foi desenvolvido no texto.
Talvez tivessem vislumbrado a destruição de suas contrapartes com essa união. Só não vislumbraram o que se seguiria depois da derrota dos titãs.
Na busca por nomes, encontramos as seguintes nomenclaturas para os titãs-segundos:
Tanis, a rocha que ferve.
Tulã, o fogo elétrico.
Metalicana, que ensinou o uso das espadas aos humanos.
Raiz, que se apaixonou pelas criações de Palier.
Cristália, a mais bela e transparente.
Astro, o que permeia os céus.
Nébula, a incorpórea.
Nenhuma novidade até aqui e, além de Tanis, não encontramos nenhuma referência para suas ascendências.
Destaco os seguintes trechos do papiro, igualmente elucidativos:
“[…] gostariam de tê-los banido para mais longe, mas não conseguiram. Os reinos infernais ficaram separados do reino das criaturas dos deuses – alguns chamam de reino material – apenas pelo reino da solidão, o limbo. [...]
Os antigos reinos que Luz e Treva tinham construído para si por pouco não foram conquistados por Morrigalti. Mas Cruine - tendo decifrado uma visão de Plandis - tomou aqueles planos para si. Verdade seja dita que pediu a ajuda de Palier, o qual passa bastante tempo no reino de Luz. Desta feita, o deus do ciclo e da morte, ocupou os dois reinos com suas criações e as almas daqueles os quais acredita serem dignos. Seja para o antigo reino de Treva, seja para o antigo reino de Luz, eis agora o grandioso reino de Cruine! […]
[...] Assim, os deuses advogam frente a Cruine pela alma das criaturas e este decide entre enviar a criatura para uma parte de seu reino, de volta ao reino das criaturas, ou para o reino da solidão. Obviamente, não daria uma alma sequer aos príncipes infernais depois do acontecido.
Mesmo assim, vi demonistas acreditarem que, depois de ir para o limbo, seus mestres lhes resgatariam. Não entendia como ainda pensavam na possibilidade de se juntar aos lordes da destruição, sabendo que também serão destruídos. Mas alcancei o esclarecimento ao combater um destes desviados. Parece que a destruição da própria alma é a última esperança para aqueles que acreditam que já estão condenados a passar o resto da eternidade na solidão. ” Este último trecho deixou uma marca na alma dos eruditos e sacerdotes que aqui estavam. O limbo é para onde vão os rejeitados por Cruine! Estes são condenados a viver eternamente na solidão, sem interagir com ninguém nem mesmo com as almas que ali estão.
Também, nunca me passou pela cabeça que vários - por medo da solidão e acreditarem não serem dignos de algum dos deuses - decidiriam seguir o caminho errado. Mas, obviamente, isso não os exime das escolhas que fizeram.
Destaco ainda o que mais me emocionou:
“[...] Palier tornou possível a afinidade das criaturas dos deuses com o mana, a essência de Maná. Esta que está espalhada e mesclada com a essência de todos os reinos, mesmo os reinos infernais e os reinos elementais. Ao mesmo tempo, inspirados pela ideia de Palier, os deuses premiaram seus fiéis com o acesso à sua própria essência infinita, tal como um mana divino [...]”Já sabíamos que o Karma é a habilidade em transformar o mana em potencialidade de realização de feitos místicos. Mas nunca me ocorreu que os deuses compartilhassem sua própria essência com seus seguidores. Que alegria deve sentir um sacerdote abençoado por seu deus!
Segue o desenho do
escudo de Tagmar, cuja representação no papiro diz respeito aos reinos planares conhecidos na época.
Perceba-se que, se compararmos com o Escudo de Tagmar que conhecemos, falta o
Reino Astral, que se encontra entre o Reino Material e o Reino Divino - assim como o Limbo está para o Reino Infernal.
Desta feita, pode-se fazer a seguinte pergunta: Arquidecira não tinha conhecimento do Reino Astral,
ou ele não existia antes da Grande Falha?
Se for a primeira, por que não sabiam? Se for a segunda, qual a causa da criação deste reino? É possível então que existam outros reinos planares que não tenhamos conhecimento?
Apesar de notícias tão empolgantes, temo que nem tudo caminhe bem no desenvolvimento da pesquisa. Eu e meus colegas estamos nos vendo forçados a voltar para Levânia e os demais reinos de origem por falta de recursos para nos sustentar e continuar as pesquisas. Igualmente, por algum motivo desconhecido, Calco cortou o patrocínio que tínhamos para formar expedições para busca e pesquisas de novos textos. Peço humildemente que intervenham em nosso favor.
Encerro este relato na certeza que os demais trechos trarão tanto respostas como novas perguntas.
Agradeço imensamente ao conselho esta chance. E estou esperançoso que mantenham nossa pesquisa firme e de pé.
Meus cumprimentos ao Grande Kaliaf,
Assino,
Mestre Relpek
Sobre os céus e a terra
Aula de abertura de Guilhe, o reto.
Alto Sacerdote da Ordem da Luz em Calco
Irmãs e irmãos na fé,
Agradeço a Palier a oportunidade de realizar esta aula, primeiramente destinada aos noviços, mas aberta ao público fiel ao panteão.
Como todos sabem, antes de haver tudo que conhecemos, antes mesmo do ato de conhecer existir, reinava o caos. Criação e destruição aconteciam de maneira tão aleatória e instantânea que não faz sentido em falar do tempo que isso durou, não faz sentido nem mesmo em falar em tempo em si.
O tempo surge quando surge a ordem, e a ordem surge quando surgem os deuses. Como diria meu falecido mentor: "o um gerou o dois que gerou o três".
O que não é segredo, no entanto não é de conhecimento geral, foi que um quarto conjunto de entidades também nasceu: Os titãs segundos. Embora este assunto não tomasse muita atenção por parte de nossas lições e sermões, as recentes declarações de eruditos me forçaram a dedicar um pouco do tempo da aula para este assunto.
O fiel que acessar os extratos de Maudi lerá que os deuses se associaram aos "seres dos reinos inferiores", gerando os titãs segundos. Um recente documento de eruditos da Levânia, que tornou-se público por um descuido, afirma que os seres os quais o extrato de Maudi se referia eram os demônios! Ora, esta afirmação foi de uma irresponsabilidade sem tamanho! Pelo que li do relato, encontrou-se apenas a afirmação de que Tanis teria essa ascendência! E mesmo assim, qual a legitimidade dessa fonte? Pergunto-me se foi mera coincidência os escritos de Arquidecira terem sido achados na Levânia, local de nascimento da seita.
Não, meus caros! Não acusemos os eruditos envolvidos nessa pesquisa. Mas temos que ter em mente que podem ter sido vítimas de uma artimanha bem elaborada por aqueles que foram banidos e que, de fato, ninguém presente em Calco ou na Levânia é responsável por informações que põem em dúvida o antagonismo sempre existente entre os deuses e os demônios. O que chamo atenção é para a ingenuidade das ações de alguns fieis que discutem abertamente o que deveria ser tratado em segredo para evitar a possível má interpretação e contaminação do coração dos mais jovens.
Quando o caos teve ciência de si, rompeu-se em dois: titãs e demônios. Os titãs eram a parte criativa do caos e os demônios a destrutiva. Assim, o ciclo continuava até o instante de criação dos deuses, momento o qual criaram-se também alguns dos reinos planares existentes até hoje.
Na ânsia de continuar criando, os titãs botaram em risco a existência da criação prévia, o que fez com que os deuses intervissem também, e isto desencadeou uma guerra entre estas duas entidades.
Os deuses, ao contrário dos titãs primeiros e demônios, amam a criação. Os outros não têm esse sentimento na sua natureza. Sendo assim, é quase impossível conceber que os deuses tenham se associado com alguma das duas outras entidades.
Dito isto, é sempre bom lembrar que o Reino dos Deuses é o que está mais acima e, portanto, todos os outros reinos são considerados "reinos inferiores". Os dragões de coração nobre, tendo a mesma origem dos deuses, podem ser essas criaturas. Com certeza eles também compartilhavam do desejo de não serem engolidos pelo caos.
Vejam, meus caros, como é lógica a ordem natural das coisas.
As criações dos deuses visam a manutenção, por isso eles se reproduzem e os deuses condenam qualquer tipo de genocídio ou prática que leve a extinção de algo existente nos reinos.
Os demônios tendo gasto suas energias criando servos incontáveis na batalha contra os deuses da lei, necessitavam de outra fonte para alimentar seus poderes. Por isso tendem a corromper as almas dos filhos dos titãs e deuses, extraindo delas o combustível para ampliar sua força. Muitos servos demoníacos que se deleitam com a pura violência são gerados a partir da deformação de almas mortais e lançados no plano material para perpetrar a destruição.
Os titãs que ainda vivem e estão despertados, aguentam o máximo do impulso de criar para não gastar suas energias por demais, criando algo de vez em quando em seus reinos e liberando mana, desta feita tem-se os efeitos mágicos e não divinos espalhados por Tagmar. Eu mesmo tenho amigos magos, mas é bom sabermos a origem de suas façanhas e qual o seu objetivo na ordem natural das coisas.
A existência dos magos acalma os titãs pois, ainda se "criam coisas do nada", um ínfimo ato de criação comparado aos tempos em que caos reinava, mas é melhor do que nada. Isto também explica o fato de certas magias serem mais fáceis e mais abundantes que outras. O mana de certos titãs é mais abundante do que de outros.
Sobre os reinos planares, como o reino material, se encontra no centro, entre os demais reinos, este gira ao redor de seu centro por conta do éter em suas fronteiras, que, aliás, não está no escudo de Arquidecira também.
A projeção destes reinos aqui gera os seis elementos básicos de toda matéria: luz, treva, água, fogo, terra e ar. E o giro de nosso reino causa a mutação das coisas por aqui, tal como o dia e a noite, o vento e os terremotos. Estes fenômenos são atribuídos comumente à ação única e pura dos deuses mas, entre os sábios, sabemos que não é bem assim.
Obviamente, o que se vê é uma projeção, o fogo que vemos não é o fogo perfeito, a água que vemos não á a água perfeita, o ar que vemos não é o ar perfeito e a terra que vemos não é a terra perfeita. Pela imperfeição das projeções no mundo material existe luz de noite e há sombras no dia.
Mais um engano do documento dos eruditos de Levânia que sou forçado a apontar e que contraria o que já sabemos: os reinos de Luz e Treva foram feitos a partir da essência destes titãs subjugados por Palier e Cruine! E as almas dos não escolhidos não vão para o limbo, e sim para o reino astral. Talvez o desconhecimento deste reino na época da criação do texto tenha feito com que se tenha chegado a essa conclusão errônea.
Quanto ao limbo, o principal consenso entre os eruditos é que é um espaço vazio e estéril, um vácuo sem fim, que serve de depósito, prisão ou lugar de exílio segundo os desígnios insondáveis do próprio deus Cruine. Mas alguns estudiosos afirmam que sua principal função é impedir a entrada dos seres infernais no mundo material.
Por isso, repito mais uma vez, é importante que este tipo de documento passe por uma banca julgadora e seja verificada a concordância com as verdades que conhecemos antes de ser emitida, publicada e divulgada.
O tempo da aula já está se esgotando. Por isso deixo minha última mensagem: estudem, meus caros, mas apenas aquilo que a potencialidade que lhes foi destinada os permitirem. Acredito que as verdades do mundo não são para que todos entendam, cada um deve se contentar e resignar dentro do seu nível de compreensão destinado que será sempre nesta ordem: os camponeses, os nobres, os eruditos, os sacerdotes e Palier.
Verbetes que fazem referência
Livro de Ambientação
Verbetes relacionados
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