Detalhamento da família e lar de Caladar:
A meio caminho de Saupami e Carom, entre duas florestas, encontra-se a vila de Tinum sob a proteção do barão Anaenor Farim de Tinum, pai adotivo de Caladar e biológico de Petronius e Vladimir Farim.
A pequena vila, com não mais de 400 habitantes, de população composta basicamente de humanos, é um tranquilo lugar para viver e trabalhar. Na parte mais elevada e mais ao norte da vila encontra-se o castelo do barão de Tinum. No centro está a mais famosa taverna, "A Roda do Moinho", cujo taverneiro é um anão que já passou dos quatro séculos de vida, adorador de cerveja e hidromel, Heraldo, um dos poucos de sua raça que se pode ver no vilarejo. Nos arredores estão as terras cultivadas pelos camponeses, um solo muito bom de plantio. Mais ao norte, os lenhadores extraem madeira da floresta cautelosamente, afinal, sabe-se que elfos moram lá, e ninguém quer que os elfos (ou qualquer outra criatura dessa floresta) fique irritada com um desmatamento devastador. Apenas as árvores mais velhas e mais externas são cortadas.
Soldados do barão fazem o policiamento pacifico nas ruas. Lá todos se conhecem, são todos pessoas de bem com a vida, mas sempre tem um viajante para querer se dar bem as custas dos outros ou arruaceiro procurando encrenca.
Há dois pequenos templos no povoado: um dedicado a Sevides e outro a Crisagom. Apesar da vida pacata, estas terras foram conseguidas expulsando os selvagens que viviam aqui, e o sangue guerreiro corre nas veias do povo. Além de tudo, o barão de Tinum, assim como a maioria da população, respeita e honra ideais de justiça e filantropia.
O barão Anaenor de Tinum aguardava há muito tempo um filho homem que nunca lhe vinha. Parecia que Sevides não lhe daria essa graça tão cedo até o aparecimento de Caladar. E menos de um ano depois nascia Petronius Farim, primogênito legítimo e herdeiro das terras. E logo veio o segundo filho, Vladimir! Parecia que Sevides estava apenas aguardando o momento certo de dar suas graças. Mas quem teria dado Caladar ao barão? Teria sido Palier, criador dos elfos?
Talvez consequencia do fato de Caladar ser um elfo, seu amadurecimento foi mais lento que o de seus irmãos. Anaenor se intrigava as vezes por que um ser tão diferente lhe fora entregue. Caladar desenvolveu potencial místico desde muito cedo, enquanto seus filhos legítimos demonstravam que seriam bons cavaleiros. Talvez por essa diferença, Anaenor não tinha tanta intimidade com o jovem Caladar. Nem ele nem sua esposa, a bela Nym. O barão havia sido o único filho de seu pai, conquistador daquelas terras, e em sua juventude aventurou-se pelo mundo ao lado de Heraldo e Galvano, atual sacerdote responsável pelo templo de Sevides, um homem que adora espalhar a fé de seu deus e uma boa garrafa de vinho!
O jovem Petronius tinha uma amizade muito forte com o meio-irmão. Estranhamente Caladar contava todas suas descobertas empolgantes somente para ele, como por exemplo quando encontrou uma caverna próxima ao Castelo, dentro da floresta, ou quando aprendeu telecinese, ainda que muito fraca. Petronius crescia forte, justo e honrado, adorado por todos no vilarejo e logo cedo seus instintos o leva a desbravar o mundo, ainda que fossem as terras ao redor do castelo.
Vladimir, como a todo o resto, não conseguia se dar bem com Caladar. Ele se esforçava mas Caladar era inflexível. Vladimir duelava com Petronius na infancia e duelava contra inimigos ao lado de Petronius na juventude. Foi quando, em uma de suas muitas aventuras, os dois irmãos e mais dois amigos foram em busca de Temhmor'rar, a prateada, uma espada perdida cercada de lendas. Petronius insistiu muito a Caladar para que participasse. Caladar raramente participava das aventuras. Preferia ficar recluso em casa com seus livros. Amigavelmente Petronius compreendeu Caladar e partiu em busca de mais uma aventura...
A espada mágica estaria em uma caverna e dizia-se que um monstro a guardava. E nem os quatro aventureiros foram capazes de vencer dele. O monstro derrubou um a um os aventureiros, e quando Vladimir é atingido quase fatalmente e apenas Petronius restava em pé, ele faz seu último ato heróico. Usando do escudo para proteger seu irmão, entrega e ativa um amuleto mágico que Caladar lhe tinha dado, descoberto nas poucas aventuras que Caladar participou, a Vladimir. Ainda contra a vontade, Vladimir é transportado para fora da caverna por mágica, ainda vivo, mas não havia salvação para seu irmão. Foram três longos dias de cavalgada, ferido de quase morte até o feudo de seu pai. Os soldados do castelo o avistaram de longe e trouxeram-no inconsciente até seu quarto...
Quando conta o ocorrido, todo o feudo sente uma perda enorme no peito. Mas para Caladar era irreparável. Tomado por ódio e agonia, Caladar acusa Vladimir de culpado, de traidor e assassino e tenta assassiná-lo com um punhalada durante a noite enquanto o meio-irmão dormia. E o barão teria perdido seu segundo filho se um guarda não o tivesse impedido. Tomado de desgosto e sem outra escolha, o barão Anaenor expulsa Caladar de suas terras para sempre.
Depois desse dia, o barão começa lentamente a adoecer. A vida tinha perdido o brilho para ele, e sua morte é inevitável. Mais dia menos dia o barão morrerá tomado pela melancolia.