A principal lenda que os alquimistas gostam de perpetuar é sobre Adamus Cadmom, o primeiro mago alquimista, um ser nobre por natureza e que o conhecimento foi dado pelo próprio deus Parom, para proteger os seres viventes dos perigos.
A história não é de toda a verdadeira já que foi Nicolas Cadmom, pai de Adamus que recebeu o conhecimento do deus Parom e foi por ele incumbido de proteger a todos do mal. Nicolas Cadmom era mais que um simples ferreiro, era um curioso por natureza e durante toda a vida buscou aperfeiçoar a arte da confecção de espadas e dar a eles uma maior resistência e leveza.
Pai de três filhos, Nicolas passou a seus dois filhos homens o conhecimento dado por Parom, sendo eles Adamus e Paulo. Após a morte de Nicolas, seu filho mais velho Adamus ficou encarregado de cuidar de proteger a comunidade local e a região tornando-se um dos mais famosos heróis locais.
Com auxílio de sua irmã Maria, a profetisa, fundou os alicerces do que seria futuramente o Colégio de Alquimia. Extremamente inteligente e dedicada, Maria aprendeu grande parte das magias pela simples observação de seus irmãos e por fim tornou-se uma das mais poderosas feiticeiras alquimistas de seu tempo, desenvolvendo diversos experimentos e ensinando centenas de alunos na escola de seu irmão.
Paulo Cadmom ao contrário de seus irmãos tomou um rumo diferente buscando mais que simplesmente fama, mas poder e glória. Por longos anos não se teve notícias de sua existência, retornando décadas mais tarde com o adoecimento de sua irmã.
Paulo Cadmom havia assumido o nome de Fulcanellio e se tornado um dos magos mais poderosos do oriente. Na tentativa de salvar sua irmã Maria, Fulcanellio esbarrou na sexta essência, a energia da vida.
Uma grande descoberta, mas que de nada valeu naquele momento já que não possibilitou salvar sua irmã da morte.
Fulcanellio após o enterro de sua irmã novamente partiu apesar das suplicas de seu irmão Adamus para que ficasse e ajuda-se na criação do Colégio de Alquimistas. Nos longos anos que se seguiram Fulcanellio buscou incessantemente o conhecimento para a imortalidade não se importando os métodos para conseguir.
Os anos passaram e Fulcanellio vagou por territórios inóspitos e perigosos até conhecer Gregorius, um Necromântico estudioso da época. Nestas conversas com o necromântico, Fulcanellio percebeu o fim amargo e o destino cruel de sua irmã e de todas as coisas que vivem.
Uma grande amizade surgiu entre os dois e quando Gregorius necessitou de sua ajuda, ambos lutaram na Grande Cisma. Com a morte de Gregorius, Fulcanellio ajudou na fuga dos dissidentes do Colégio Necromântico para o oeste.
Os Gregorriis se espalharam pelo mundo e alguns poucos que permaneceram com Fulcanellio iniciaram estudos mais profundos do poder para a busca da imortalidade. Por fim, o grupo acabou por se dissolver em brigas internas já que os Gregoriis buscavam uma existência funesta para si.
O conhecimento adquirido por Fulcanellio, contudo foi de grande importância para desenvolver a magia para o Ouroboros e a destilação do Elixir da Vida Eterna.
Fulcanellio retornou para o funeral de seu irmão Adamus e foi recebido por outros alquimistas como um grande irmão e convidado a ocupar o cargo de Adamus. Apesar de tudo que lhe foi oferecido Fulcanellio sabia que a permanência no Colégio de Alquimia o desviaria de seu verdadeiro objetivo e recusou o convite.
Usando parte do conhecimento adquirido por sua irmã Maria sobre a transmutação de metais inferiores em ouro, foi capaz de criar o elixir da imortalidade. Apesar de todo o progresso este se mostrou ineficiente já que a continua utilização do elixir ia pouco a pouco transformando o seu usuário em uma estátua de ouro, devido o deposito nos tecidos que iam morrendo.
Em menos de 40 anos, uma pessoa se transformava em uma bela estátua de ouro.
As vésperas de seus 60 anos, Fulcanellio com auxílio de seu mais fiel ajudante Rogério Balnus, criaram o primeiro homúnculo. Com o aperfeiçoamento da magia de geoanimação, onde o homúnculo criado tem como base a matéria orgânica e não matéria inorgânica.
A magia para a criação de uma nova vida ficou conhecida como Primus Vitalitas. Um complexo procedimento que requeria mais que simples conjurações, de ervas e de metais, mas da própria essência da vida.
Durante os anos de estudo com os Gregorris, Fulcanellio ficou mais próximo do que ele chamou de sexta essência e que só existia nos seres vivos. Muitos afirmariam ser a alma das criaturas, mas ele sempre colocou como o amalgama que permite a alma ficar aprisionada no corpo físico.
Fulcanellio considera está energia como um amalgama, pois é algo que se encontra entre o físico e o etéreo e que é liberada na última respiração de um ser vivente. No momento em que a alma parte para o mundo espiritual.
Infelizmente Fulcanellio não sobreviveu para completar a magia e seu ajudante Rogério Balnus, assumiu os estudos e a alcunha de Parnacelso.
Parnacelso apesar de dedicado e meticuloso, por toda a sua vida não foi capaz de unir com perfeição a consciência do morto ao seu corpo de um homúnculo primus. Os últimos anos de sua vida foram dedicados aos estudos minuciosos das múmias do extremo ocidente do antigo continente, quando os deuses ainda não haviam fragmentado Tagmar em sua irá e os Reis-Feiticeiros Arcondi, andavam pela terra como pseudodeuses.
Nas terras do deserto os relatos das múmias, criaturas mortas e despertas trouxeram a atenção de Parnacelso, mas em seus estudos percebeu que tais criaturas eram sombras de um passado de glória e inevitavelmente tornavam-se criaturas insanas.
Parnacelso desenvolveu um método eficaz de capturar o amalgama da alma, em um frasco e guardar por tempo indefinido até sua utilização. Foi graças a este método que foi capaz de prolongar sua vida por mais longos 90 anos até que foi traído pelo seu aprendiz Albertilus Poissunios.
Pouco se sabe sobre Albertilus Poissunios, nem mesmo se sabe se este foi seu nome verdadeiro. Este foi tomado como aprendiz de Parnacelso ainda jovem e por longos anos estudou com o mestre e acompanhou de perto seus experimentos e descobertas.
Ouroboros
Através do conhecimento acumulado por Fulcanellio e Parnacelso, o mago alquimista Albertilus sabia como criar um Homúnculo Primus e de aprisionar e usar a sexta essência para fixar a alma daquele que está a possuir o corpo do homúnculo, mas ainda faltava estabilizar a consciência, impedir que a insanidade alcança-se o indivíduo através dos anos, como ocorria com as múmias.
Foi mais que pura casualidade que Albertilus encontrou o encantamento há muito perdido dos antigos Reis-Feiticeiros Arcondi. Foi a eles permitido transferir a essência de suas almas para objetos sem vida e nele permanecer a existir até que estes objetos fossem destruídos.
Muitos dos ingredientes para o encantamento eram difíceis e desconhecidos e então foram substituídos, criando assim uma versão menos potente do encantamento, mas que atenderia o seu objetivo.
Foi então criado o Ouroboro, uma joia feita do mais puro ouro. Os textos antigos não fazem uma menção clara sobre como seria o ouroboro inicial feito para Albertilus. Alguns falam em um anel de ouro com o desenho de uma serpente comendo o próprio rabo, outros que seria um bracelete ou ainda uma pulseira. Alguns afirmam ter sido um colar, mas o importante é que nele ficou a consciência de Albertilus e quando entrou em contato com o homúnculo primus criado para ele, este adquiriu vida.
Foram necessárias ainda algumas melhorias, pois de tempos em tempos a sexta essência se extinguia, até a descoberta de um processo que fixava a essência diretamente no ouro. Pois enquanto o ouro existisse, a essência existiria.
Depois de sua transformação Albertilus fundou o Culto da Serpente, uma alusão ao próprio Ouroboros e que também se tornou símbolo do culto.
Muitos afirmam que parte do segredo se encontra no Livro Mudo (Mutus Liber). O nome foi dado, pois não existe qualquer palavra escrita nele, mas pintura e os símbolos da ordem que dão o conhecimento para recriar o processo da imortalização.
As tábuas Esmeraldinas são instrumentos possuídos por somente os mais graduados servos da serpente. Ela permite que colocada sob um mapa dar a localização do caminho da serpente. Cada caminho leva a um Templo de um grau superior e por fim ao templo máximo do culto.
A cor de cada bandeira depende do grau do culto que está simbolizando. Quatro são as cores possíveis de serem vistas. A cor verde, o branco, o amarelo e por fim o vermelho.
Superar a mortalidade, a existência efêmera de um momento é se igualar aos deuses e dar o verdadeiro significado a vida.
O culto jamais desconheceu o poder e a influência dos deuses e outros seres dimensionais, mas combate a influência nefasta que estes causam ao mundo e o destino que estes reservam aos seres mortais.
Com isso se faz necessário o uso de diversas magias entre elas a Biomância para ampliar o poder e prolongar a vida.
Os talentos destes magos são de grande importância para a sua sobrevivência do próprio culto e trazer para a luz do conhecimento aqueles que vivem nas trevas da ignorância.
Mais que pensar que tudo passa na natureza e que o tempo corre contra a própria existência, para os membros do culto é importante saber o quão importante é deter este relógio incessante e escapar da armadilha cósmica que é a vida.
Fruto de uma união de conhecimentos de dois dos maiores colégios de magia, o Necromântico e o Alquimista, estes se tornaram os pensadores e rebeldes do novo tempo.
Todos os povos que vivem na região do Planalto Vermelho são aceitos como membros do culto.
Os seis princípios conhecidos não são regras da imutabilidade, mas formas de entender e superar a própria realidade e desta forma escapando do próprio destino de sua existência.
São os seis princípios:
São quatro os passos que o iniciado deve dar dentro do culto da serpente e com ele adentrar nos grandes segredos.
Nigredo
É o primeiro passo para o estudo e representa a morte espiritual do iniciado, que deve se desfazer dos antigos conhecimentos. Um dos grandes conhecimentos que aprendem é a criação da magia de transmutação, sendo o primeiro passo para a transformação dos metais inferiores ao ouro puro.
Os iniciados recebem de seus superiores um objeto feito de ouro verde (ouro puro + cobre, prata e zinco) como indicadores de sua posição na ordem. Os iniciados têm somente acesso a um superior que ocupa o cargo Sacerdote e é um Albedo.
Albedo
É o segundo degrau para a purificação e ampliação dos poderes. Escolhidos entre os Nigredos, estes continuam seus estudos e passam para outro templo da ordem que é comandado por um Citrinita.
Somente o citrinita possui o conhecimento para o outro templo do culto da serpente, onde sua Tábua Esmeraldina esconde a localização do templo de onde partiu.
Entre os conhecimentos mais importantes que adquirem é o aprendizado para a criação de um Homúnculo Primus.
Assim como os Nigredos, os Albedos recebem um objeto feito de ouro branco (ouro puro+ cobre, zinco e níquel)
Citrinita
Como é conhecido o terceiro degrau para os escolhidos do culto para despertar da vida terrena e buscar a imortalidade. Entre os conhecimentos adquiridos pelo culto, está à capacidade de aprisionar a sexta essência do moribundo e ingrediente principal para o encantamento da imortalidade.
Os citrinitas são comandados por um Rubedo e somente ele possui o conhecimento para o templo máximo da ordem.
Os Citrinitas recebem um objeto de ouro amarelo (ouro puro+ prata e cobre)
Rubedos
Este é o grau máximo do culto e são conhecidos pelos demais como os iluminados. Dotados de grandes poderes, estes possuem o conhecimento para criar um Ouroboros.
Estes possuem como objeto feito de ouro vermelho (ouro puro + cobre).
Nos 400 anos seguintes após o Cataclismo não se ouviu falar do culto até ressurgir em algumas cidades dos Ksaros no ano de 409 d.c. no reinado de Arneb, o piedoso. Na ocasião foi visto com grande curiosidade entre os ksaros e permitido seu culto em locais ermos e privados.
Com o passar dos anos o culto rapidamente ascendeu a uma religião poderosa enfrentando de igual para igual a Ordem de Tiaran. Os anos de luta pelo controle dos corações e mentes dos ksaros, por ambas as religiões levou a grande guerra religiosa que colocou irmão contra irmão.
Assim como os Ksaros, o culto lentamente abrangeu os Dzarens e algumas tribos Skorpios.
O poderoso culto conseguiu o que desejava, finalmente fora aceito e respeitado entre as raças como uma força religiosa. Por de trás do culto ao Oroborus uma poderosa sociedade secreta busca a imortalidade e o poder.