Não é difícil imaginar que em sua vida jamais um desejo seu deixou de ser atendido, mas mesmo sua posição social, mesmo a sua riqueza possuíam limites. Quando alcançou a idade de se casar, Martina acreditava que um belo e forte príncipe viria declarar seu amor eterno e pediria sua mão em casamento, no entanto a realidade pode ser muito mais cruel.
Sua família, apesar de nobre e rica, entre as outras famílias reais era a menos poderosa e influente. Sendo assim, a pobre Martina ficou sem pretendentes. Amargurada por seu destino, Martina passava seus dias a observar o mundo pela janela de seu quarto.
Imidora era uma linda plebeia que sempre despertava os olhares de homens quando caminhava pelas ruas da cidade. Sendo assim, não foi difícil para ela arrumar pretendentes e aos 17 anos já se encontrava casada com o filho do padeiro local, um rico comerciante.
Seus destinos trágicos estavam traçados e suas vidas estariam ligadas para sempre.
Martina só soube do casamento de Imidora duas semanas depois do ocorrido e, assim que ficou sabendo, a raiva tomou seu peito. Esta raiva não era pelo fato de ela não ter lhe contado, já que não havia necessidade, mas o fato de uma simples plebeia ser capaz de fazer algo que ela tanto desejava.
Ela passou então a se considerar a menos bela das mulheres e a viver cuidando de sua beleza. Comprava produtos de beleza dos herbários locais e ordenou a vinda de feiticeiros, bruxos e alquimistas para desenvolverem produtos que garantissem sua juventude eterna.
Foi em uma destas levas de estrangeiros que chegou Guildor, um sacerdote de uma seita desconhecida que vinha da região conhecida como Levânia. Guildor caiu rapidamente nas graças de Martina. Suas poções, cremes e elixires tornaram-se extremamente importantes para a princesa. Este foi o princípio de sua queda.
Quando ela se tornou a governante do reino, ao ver o tempo passar, ordenou que Guildor lhe desse a solução definitiva para o problema. Para tal, ele confeccionou um espelho místico que daria a ela o poder de manter-se sempre jovem, mas o preço para isso seria o sacrifício de vidas. A recusa da rainha foi instantânea, mas ao olhar pelo espelho pela primeira vez viu toda beleza de outrora, quando ainda era uma jovem moça e os efeitos malignos tomaram conta de sua mente.
Sugestionada por Guildor e dependente do espelho, Martina deixou-se dominar e iniciou o sacrifício de inocentes para manter a sua beleza eterna. Imidora, sua antiga dama de companhia e toda sua família foram suas primeiras vítimas.
O tempo passou, Guildor morreu aos 56 anos e foi substituído por Alexei, um jovem demonista da casa de Fulvina. Ele ficou com a difícil tarefa de controlar a rainha e manter seu povo como aliado dos Bankdis por mais uma geração.
Martina, sempre fiel aos conselhos dos Bankdis, governou o povo por meio do medo e da aflição, pois, aos 158 anos, a rainha tomara a aparência de uma múmia e estava infestada de um antigo e profano poder.
Para a rainha Martina, sua imagem era sempre a de uma jovem moça, quando se olhava no espelho dado por Guildor, mas seu verdadeiro aspecto era de uma criatura ressecada e vazia, uma múmia, cujo tesouro era a falsa sensação de juventude.
Extraído de O Livro de Maudi, do capítulo “A Princesa Esqueleto” - Biblioteca de Saravossa.
Engana-se quem acredita que sua influência engloba apenas a vaidade e a soberba. Inveja, individualismo e preguiça também se fazem presentes. Ela pode tornar as pessoas mais valorosas e talentosas em tolas presunçosas que passam a amar a si próprias e o que sabem acima de tudo, negligenciando seus trabalhos ou caso lhe faltem talentos passam a possuir um desejo destrutivo a todos que os possuem. Obscurecido pela sua própria vaidade, o indivíduo tem seu ego exaltado, passando a viver em uma “doce” ilusão enquanto cava sua própria cova.
Seus dedos são muito mais compridos que os normais e cobertos por uma dedeira feita toda em prata.
O vestido feito em pele e com pequenos cristais enfeitando toda a superfície provoca um brilho na roupa.
Ao esticar o dedo e tocar um condenado, este se transforma automaticamente em um cristal de gelo e se espatifa ao menor toque. As pequenas pedras são então recolhidas cuidadosamente e colocadas sobre o vestido de Fulvina, para embelezar a deusa.
Para se ter acesso aos templos de Fulvina, que se encontram escondidos através de espelhos, deve-se lançar mão das palavras mágicas que abrem a passagem pelo espelho de acesso. Alguns poucos lugares têm tais espelhos e estes se encontram protegidos por simpatizantes do culto.
Estátuas de vidro em miniatura, representando pessoas e objetos, são oferecidas à Fulvina acompanhados de oferendas profanas.
Este manto especial só é usado pelos mais importantes Bankdis do culto, os demais demonistas usam suas melhores e mais elegantes roupas durante suas atividades no templo.
Um local de grande beleza e riqueza, onde os mais promissores membros da ordem recebem os frascos de cristal para sempre se manterem belos e jovens à custa das almas de suas vítimas. Na Casa das Vaidades os desejos se tornam realidades, mesmo que temporariamente, de forma a estimular os beneficiados a se entregarem a Fulvina.
O Elixir: Um especial elixir foi criado pelos demonistas com o intuito de controlar temporariamente todos aqueles que sentirem o seu odor. Feito à base de virgens, o elixir dá àquele que o usa a capacidade de encantar e até por que não dizer uma paixão temporária a todo aquele que sente o perfume.
O tempo de duração do efeito é pelo tempo que fica exposto ao odor. No instante que deixar de sentir o cheiro a pessoa volta ao normal.
O Colar da Beleza Eterna: Este colar místico deve ser ofertado para a vítima e esta deve recebê-lo de bom grado. Quando a vítima colocar o colar este emitirá um lindo brilho verde; torna-se então impossível removê-lo por meios físicos.
Assim, o colar começará, lentamente, a transformação da vítima. Parte por parte, ela vê o seu corpo se transformar em um vidro muito resistente. Ao final da magia com o corpo inteiramente cristalizado o usuário do colar torna-se uma estátua de vidro, congelando assim sua beleza para todo o sempre.
A cidade é conhecida como Escarmegelo. Neste reino de grandes florestas sombrias e sangrentas, a vegetação é viva e se alimenta do flagelo das emoções dos condenados, atacando onde seus egos são mais vaidosos. Afetando-os magicamente, age alimentando seus vícios e vaidades para depois retirá-los, causando grande dor e agonia podendo, assim, se alimentar desta emoção.
No grande castelo, próximo à entrada, estão estátuas de cristal de antigos desafetos e “prêmios” conseguidos por Fulvina ao longo de sua existência.
Quando seu nome passou a se tornar conhecido, muitos eram os nobres que vinham se consultar com ele e sempre saiam satisfeitos. A vaidade tomou conta de seu ser e passou a se tornar descuidado.
Foi durante um destes descuidos que uma menina camponesa morreu por ingerir uma planta venenosa. A morte foi atribuída a outros fatores como “Desejo de Cruine” e, por um longo tempo, conseguiu esconder seus pequenos erros.
Contudo a morte do príncipe por descuido foi a gota d’água que precisou para levá-lo à forca.
Alsifame é o guardião da cidade de Escarmegelo, produzindo cremes à base de condenados para sua princesa infernal.