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Os Mangues .

Introdução

Eles estão mortos... mas continuam andando”.

O Cataclismo deixou cicatrizes muito profundas em todo Tagmar. Nenhuma dessas cicatrizes, contudo, é tão medonha e terrível quanto os Mangues...

Origem

Nos dias de glória do reino Tindael, um mal terrível caminhou sobre Tagmar, seu nome era Edron, o Alto Senhor de Tindael. Foi Edron que, para libertar-se de  uma terrível maldição, ordenou a morte de vinte mil pessoas que habitavam sua gloriosa cidade. Os corpos dos condenados foram trazidos para uma grande planície a leste das Estepes Vítreas, que até então eram chamadas de Estepes Centrais. Vinte mil foram enterrados naquela região, homens, mulheres e crianças fadados a um sono eterno e sem descanso para satisfazer os desejos pérfidos de poder e riqueza de um senhor mau e louco. Nessa época, o local que viria ser os Mangues foi chamado de As Estepes das Vinte Mil Almas.

Quando veio o Cataclisma, porém, as almas condenadas a uma existência eterna sem poderem deixar seus corpos apodrecidos e esquecidos foram despertadas. Esse despertar, contudo, foi somente para serem fadadas a caminhar pelos Mangues sem descanso, devorando os vivos e convertendo-os em novos  condenados. Muitos acreditam que os mortos dos Mangues foram despertados para guardar um grande segredo ou tesouro que está oculto sob a lama, ou como uma forma de punir os habitantes da região que haveriam deixado a verdadeira adoração em troca do culto aos demônios. Outros dizem que Cruine os condenou a essa existência miserável como castigo por terem contribuído com os planos de Edron. A versão mais aceita diz que estão à espera de seu senhor para  avançarem sobre o mundo como um exército invencível que não sente dor, fome ou medo. Quem é esse senhor, porém, é motivo de acaloradas discussões entre  os sábios.

O Cataclismo

No passado os Mangues não passavam de um lodaçal limitado ao norte pela Ergoniana, a leste pelo Monte Gendrel, a oeste pela floresta Petrificada, que nessa época era uma grande planície no meio do continente. Durante o Cataclismo, boa parte desta região foi invadida pelo Mar que se formou na grande fissura.

Ondas gigantescas varreram a região com poderosos vagalhões. Cidades inteiras foram reduzidas a nada, templos e palácios monumentais foram aniquilados pelo poder divino. Relatos desse tempo podem ser encontrados inscritos em diversas ruínas espalhadas através dos Mangues.

Naquela época uma nação rica e estudiosa das artes e ciências místicas dominava os vales da região e as belas planícies compreendidas entre o Grendel e as Ergonianas. Os Napóis e os Sekbete eram, então, escravos desse povo, que apesar de sábio, era cruel. Algumas inscrições indicam que os Napóis e Sekbete foram criados por esse povo a partir de poderosos feitiços para servirem de serviçais e soldados, apesar de que estes atualmente refutarem essa idéia alegando que esta antiga nação era  presunçosa demais a ponto de mentir sobre criar outras raças.

A região, na época, abençoada pelas chuvas e pelo solo fértil e gentil, era rica em árvores frutíferas, e extensas pradarias de rara beleza com animais exóticos e rios belíssimos. Seus pórticos, torreões e passadiços brotavam dos penhascos sobre vales tropicais cortados por belas e graciosas cachoeiras e cataratas, as planícies eram repletas de casarões, torres e templos. Os “deuses” adorados por esse povo eram disformes e inumanos, com partes de animais e corpo distorcido e exagerado, o que levanta muitas dúvidas se eram os deuses de Tagmar representados sob outros aspectos ou se eram, de fato, antigos demônios. O certo é que existiram centenas, talvez milhares de templos erigidos em toda região, dos quais muitos permanecem até os dias de hoje, como pirâmides negras e sombrias elevando-se acima da lama e das árvores malditas dos Mangues.

Com o Cataclismo, tudo mudou. As águas do mar penetraram a costa até as Ergonianas, destruindo cidades, inundando templos, e arrastando a população para uma morte lenta e terrível. Quando as águas retrocederam os rios tinham mudado e a vegetação tinha sido destruída. A Estepe das Vinte Mil Almas transformou-se num pântano que se estendeu de forma sobrenatural por toda planície, sufocando o Monte Grendel até atingir os limites do Vale Ranovel. Os que sobreviveram a esse dia deixaram-no inscrito nos poucos templos que resistiram à inundação.

Os dias subseqüentes é que foram realmente calamitosos. Se foram as águas malditas do Mar de Suz que deram “vida” aos corpos, desde então sob os Mangues, ou se foi um sortilégio maldito lançado pelos deuses, não se sabe. Mas os mortos caminharam sobre a lama e tinham anseio por destruir os vivos. Milhares de zumbis e esqueletos marcharam lentamente até as cidades dos vales e pouco a pouco um exército incansável, imune à dor e ao medo sobrepujou o que restou de um império rico e arrogante. Aos que caíram naquele dia a morte não foi um beneficio. Seus corpos mutilados foram abraçados pelo Mangue para tornarem-se novos morto-vivos. Ninguém foi poupado: homens ou mulheres, crianças, jovens ou velhos, humanos ou não, nem mesmo os animais. Poucos Sekbets e Napóis sobreviveram. Os primeiros esconderam-se nas cavernas sob as Ergonianas, os segundos refugiaram-se nos altos picos dos vales, inatingíveis a qualquer outra raça, humana ou não.

O passar dos séculos fez com que florescesse as nações Sekbete e Napóis, trazendo também novos habitantes aos Mangues, como os Gouras e os transmorfos. Os mortos foram aos poucos sendo expulsos de volta para os Mangues e as estranhas árvores negras, nomeadas de Salgueiros do Mangue, começaram a ser vistas, multiplicando-se abundantemente por todo o Mangue, sobretudo na área do Monte Grendel.

Assim o Mangue viveu em relativa paz, salvo as guerras étnicas e tribais entre Gouras, Napóis e Sekbete, tudo correu bem... Até a Seita.

A Seita

A passagem da Seita deixou marcas profundas nos Mangues. Os cultistas não estiveram pessoalmente nos mesmos, não que se saiba, mas no período que a Seita assolou os reinos civilizados, muito ao norte dos Mangues, os Sekbete, Napóis e Gouras tiveram de forjar uma aliança histórica para fazer frente aos milhares de mortos que investiram contra as Ergonianas. Os mortos pareciam mais cruéis e inteligentes, animados por um poder que lhes dava força e determinação. Suas  frentes conseguiram marchar até a altura do Krokanon. Ali o poder que os movia desfaleceu, e os mortos foram deixados inertes à mercê do frio.

As baixas na aliança dos Povos dos Mangues, todavia, foram irreparáveis. Os Gouras quase foram levados à extinção e os Napóis tiveram todas as suas colônias ao norte destruídas. Os Sekbete perderam diversos templos e muitos dos seus maiores líderes tombaram naquelas guerras. O Vale Ranovel, Lui-rem e Mini-run foram pouco atacados, pois estavam longe da rota escolhidas pelos mortos para cruzar as Ergonianas. Hoje, estudiosos de Uno acreditam que eles marchariam para Blur, o reino secreto dos anões, utilizando-se de uma rota entre o Krokanon e o Forja para aproveitar o calor e de lá marchariam para os Reinos  Civilizados, além das Geleiras, onde provavelmente aliar-se-iam aos orcos das Geleiras e aos bárbaros sulistas para fortalecerem os exércitos bankdis ou talvez investirem contra Lar ou Âmiem. Mas tudo isso é mera especulação.

Esses acontecimentos, na cultura dos povos dos Mangues, são chamados de Levante dos Mortos.

Começou, provavelmente, em 1.390 DC - coincidindo com a união dos 13 Príncipes Infernais - e durou até 1.405 DC - data aproximada da Revoada dos Demônios, segundo os melhores estudos. Se o Levante dos Mortos teve relação com a Seita ou se havia algum outro poder por trás desse acontecimento é uma questão a ser ainda estudada, mas não faltam suspeitas e teorias a respeito.

Geografia

Região mais meridional do Mundo Conhecido, os Mangues são uma faixa de terreno com cerca de 500 km de extensão no sentido Leste-Oeste e 200 km no sentido Norte-Sul. É delimitada ao Leste pela Cadeia Ergoniana (Luminosa), a Oeste pelas Estepes Vítrias e ao Sul pelo Mar de Suz. Essa região é, na verdade, bem definida por conta de seus terrenos encharcados e vegetação alagadiça.

Quando o frio das Geleiras encontra a força mística daquela região as frentes frias debeladas fazem cair pesadas chuvas tropicais. A água das chuvas e do gelo escoa pelo solo pedregoso e vulcânico da Cadeia Ergoniana dando origem a rios subterrâneos e fontes de água quente que cruzam toda cadeia, estima-se que esses rios são fonte de grande riqueza para os anões e outros povos da região.

Diz-se também que a água desses rios é puríssima e dotada de propriedades mágicas que nascem de O Domo de Arminus.

Quando brotam na superfície, depois de cruzar as Ergonianas, esses rios subterrâneos encontram uma vasta planície que se estende até o Mar de Suz. O imenso volume de água espalha-se até atingir as bordas de As Estepes Vitreas. Próximo à costa, o contato com a água do mar faz os Mangues explodirem de vida e criarem um habitat único em Tagmar.

Antes do Cataclismo, os Mangues não passavam de uma grande planície que servia de fronteira entre os reinos das Estepes e os vales da Cadeia Ergoniana. Com o Cataclismo as águas do Mar de Suz penetraram as planícies invadindo a região iniciando os mangues.

O solo da região é incrivelmente abundante em matéria orgânica: árvores mortas, carcaças de animais e muita, muita lama. Há sempre no ar um cheiro  característico que provoca náuseas nos estrangeiros que vêm aos Mangues. Este solo apresenta ainda o efeito das “águas escuras”. Todo ser que ousar pisar nessas águas corre o risco de cair dentro de um sumidouro, já que o solo dessa região é muito instável e lamacento; dependendo da pressão exercida sobre ele o objeto ou coisa que estiver sobre as águas escuras é rapidamente tragado terra-adentro.

O Monte Grendel serve de marco para o centro dos  Mangues e do seu cume é possível divisar toda região. É nesse monólito rochoso que está erguido o assentamento de Uno, único refúgio humano na região dos Mangues.

Na fronteira leste dos Mangues fica o Vale Ranovel.

O Vale serve de fronteira e faz divisa com os altos cumes da Cadeia Ergoniana. É habitado por criaturas estranhas, diferentes de tudo já encontrado em Tagmar, nesse vale negro e encharcado existem monstros que lembram fungos, criaturas de formas inumanas e distorcidas; esse é o lar da perigosa Fera dos Mangues e de diversos tipos de Transmorfos, mas também é a habitação dos honrados Napóis, o povo meio-ave.

À medida que se aproxima do Oeste, os Mangues ganham um solo mais firme e sua vegetação apresenta-se maior e mais resistente, rica em muitos tipos de salgueiros, culminando numa floresta petrificada que faz fronteira com as Estepes Vítreas.

Dentro do Mar de Suz e seguindo em direção ao Sul existe um arquipélago distante da costa, chamado Galpas. Este arquipélago, ao que parece, já foi habitado por anões, e possui inúmeras ruínas e marcos que denunciam isso. Atualmente seus únicos moradores, acredita-se, são os Tritões.

Clima

As Estepes Vítreas são uma região de fortes ventos quentes, esses ventos, ao encontrarem os vales das Ergonianas, resfriam e caem como copiosas chuvas sobre os Mangues. Eventualmente o choque desses ventos dá origem a grandes tempestades no Mar de Suz e na região litorânea dos Mangues.

Chove todos os dias e o clima é sempre quente e úmido. Um visitante desacostumado com a região leva dias para adaptar-se.

Nos meses mais quentes, quando as chuvas aumentam, grandes porções de terras próximas dos mangues ficam inundadas. Nessa época as águas do Mar de Suz invadem a região até próximo ao Monte Grendel. Esse fenômeno é essencial para a existência dos Mangues renovando a “vida” da região, mas também  praticamente impossibilita a passagem de caravanas de suprimentos ou qualquer outra expedição, exceto com uso de canoas.

O Calor dos Mangues

Todavia, há nos Mangues um poder místico desconhecido e, muitos dizem, maligno. Ele pulsa no solo, na lama, nas árvores, em tudo. Esse poder aquece o mangue e o sustenta como se tentáculos invisíveis cruzassem o solo, abraçassem as árvores  e agarrassem os seres vivos. Essa sensação causticante afeta com maior intensidade as criaturas de índole bondosa. Esses, quando permanecem muito tempo nos Mangues, sentem-se desconfortáveis, claustrofóbicos e irritados. Nenhum período de descanso é suficiente, não se consegue dormir direito e comer é uma tarefa penosa e sem gosto. Tudo parece ser deprimente. Após duas semanas caminhando no meio do pântano o riso desaparece do rosto do mais otimista dos pequeninos e um desespero inexplicável começa a se instalar nos corações, roubando-lhes até mesmo a vontade de viver. É comum que expedições inteiras acabem matando uns aos outros. Esses efeitos não são sentidos pelos seres de índole “má”, mas esses se tornam mais e mais introspectivos e malignos, tornando-se mais cruéis, violentos e irritadiços. Pessoas que passem muito tempo viajando por este solo maldito podem ter sua personalidade mudada para sempre. A não ser que tenham uma força de vontade realmente grande ou um espírito verdadeiramente bondoso.

A bênção de um sacerdote pode afastar os efeitos malignos do Calor dos Mangues. Todavia um sacerdote não pode abençoar ele próprio nesse sentido. A maioria crê que são as árvores malditas dos mangues que criam esse efeito.

Fauna e Flora

Os Mangues são uma área plana de abunante vegetação, que permanece grande parte do tempo inundada. Por isso, os lodaçais são reservatórios permanentes de água e o seu terreno é muito lamacento. Por este e outros motivos, com a grande umidade do ar, os mangues não são zonas próprias para as raças civilizadas viverem, no entanto, constituem verdadeiros paraísos para as plantas, animais e certas raças humanóides.

Por se tratar de um ambiente pantaneiro, sua flora é rica e diversificada. As plantas de manguezais são baixas e suas raízes penetram muito fundo no solo lamacento para resistir às enchentes e às pesadas chuvas. Mas não se deve deixar encantar com suas plantas exóticas, pois muitas delas são perigosas e até mesmo mortais. Também poucas são comestíveis ou possuem alguma propriedade medicinal. De todas as plantas comuns à região a mais comum é um tipo de árvore de pequeno porte que tem um tronco negro e retorcido, chamada Salgueiro dos Mangues. Ela é muito abundante na região central dos Mangues. À noite essas árvores lembram monstros deformados, pessoas gritando por socorro ou sendo torturadas, fantasmas sem olhos e outras formas bizarras e medonhas. A presença delas amplia grandemente a sensação de desespero comum na região. Os Gouras dizem que essas árvores se alimentam do sangue dos mortos e que suas raízes são repletas de corpos que elas puxam para si sob a lama. Como não possuem emoções, os Gouras parecem imunes aos efeitos que essas plantas invocam sobre a mente de suas presas. A raspa da casca desta árvore possui capacidades analgésicas. Utilizada como chá alivia a dor e provoca o sono. Os Sekbete produzem um vinho a partir das folhas desta árvore, muito forte e travoso. Outra árvore comum, principalmente nos vales junto as ergonianas, são as Árvores Malditas.

Há ainda certa planta chamada Pirlam, que em certas épocas produz um fruto leitoso utilizado pelos habitantes dos Mangues como uma espécie de repelente, como sua produção é incerta, seu valor é alto para os que ali moram.

A fauna dos Mangues também é motivo de maior atenção, pois se difere muito do Mundo Conhecido.

A maioria dos animais é anfíbia ou aquática. Dentre eles o que se destaca é o Monstro do Mangue (um jacaré que mede cerca 7 metros). O Monstro do Mangue ataca ferozmente qualquer coisa que se mova, vivo ou morto-vivo. Quem se aventurar a passar sozinho ou em pequenos grupos pelos mangues deve tomar extremo cuidado para não cruzar o território desta fera terrível. Sua ferocidade é tamanha que mesmo estando bem alimentado vai atacar sem pestanejar qualquer coisa que se mexa em seu território. Com uma única investida o Monstro do Mangue pode destruir uma canoa inteira e causar sérios danos em todos os seus tripulantes.

Após engolir sua presa e esperar que ela morra consumida pelo suco gástrico do seu estômago, o Monstro do Mangue vai vomitar os restos não digeridos no fundo de um brejo e irá lá comê-los quando sentir fome. Curiosamente os Gouras caçam essa fera como alimento e para aproveitar sua pele para fazer roupas e outros utensílios. Do Monstro do Mangue muito pouco não se aproveita: a carne serve de alimento, a pele como tecido, os ossos e dentes viram armas e  utensílios como facas, machados, porretes e até mesmo colunas para cabanas, a gordura, que é muito abundante, é estocada para servir de combustível para lamparinas, no tratamento de várias moléstias e o seu suco gástrico como solvente.

Nos Mangues existem ainda as Feras do Mangue, Transmorfos, Anacondas e inúmeras outras bestas e feras terríveis e mortais, inclusive crustáceos que podem competir com um cavalo em tamanho e força. Mas um dos piores habitantes dos Mangues são os seus mosquitos. Nesta região existem pernilongos do tamanho de um polegar humano, e uma infinidade de outros insetos. Todos ávidos por sangue. Além do incômodo e das dolorosas picadas, os insetos dos Mangues transmitem diversas moléstias além de infeccionarem ferimentos (onde costumam depositar ovos) e interromperem o descanso e o sono. Entre todos existe um que merece atenção especial: a Mosca dos Mortos. Esse inseto enorme, do tamanho de uma unha, tem um tom verde-esmeralda (o que facilita que seja vista, graças aos deuses) e se alimenta da seiva do Salgueiro dos Mangues, mas deposita seus ovos em corpos em decomposição. Enquanto são larvas eles se alimentam do corpo apodrecido e dos vermes que brotam dele. Depois quando mudam de forma para o estágio adulto, têm apenas 3 dias de vida.

Nesse período após acasalarem procuram um outro corpo onde depositarão seus ovos. É comum que procurem corpos já mortos, mas a Mosca pode depositar seus ovos num ferimento aberto, se fizer isso o indivíduo será tomado de grande febre e dores, se o ferimento não for tratado dentro de 24 horas, sendo  queimado ou esterilizado de alguma forma que mate estes ovos, deles eclodirão as larvas que começarão a comer o hospedeiro. Nesse estágio ainda é possível a cura, mas ela envolverá a amputação do membro afetado. Se não for curado dentro de duas semanas o indivíduo morrerá e do seu corpo, dentro de cinco dias, surgirá uma colônia de Moscas dos Mortos. Alguns morto-vivos são hospedeiros da larva da Mosca dos Mortos, se um destes ferir um oponente com suas garras em combate há uma grande chance desse indivíduo ser contaminado com algumas larvas, nesse caso o ferimento deverá ser tratado como se tivesse sido contaminado com os ovos da Mosca dos Mortos.

Nem todas as criaturas dos Mangues, ao contrário do que se pensava, são medonhas e mortais. Existem aves de rara beleza e muitos peixes e outras criaturas aquáticas que impressionam por sua delicadeza e formosura. Plantas raras e belas também crescem ali. Nas regiões próximas ao mar existem moluscos de diversas espécies, peixes e muitos tipos de crustáceos, inclusive a ostra gigante que é cultivada pelos tritões da região e produz pérolas enormes e de  impressionante beleza. Entre as aves destaca-se o falcão pantaneiro, uma ave de asas marrons e cabeça preta. Ela caça peixes e crustáceos, apesar de pequena (envergadura de 60cm) é extremamente veloz e precisa no seu ataque, ela é especialmente apreciada pelos Napóis, que costumam usá-la na prática da falcoaria, principalmente por que elas mostram inteligência acima da média da maioria das aves.

Os Povos dos Mangues

Os povos dos Mangues são pouco numerosos e suas cidades não passam de tribos e assentamentos se comparadas às cidades do Mundo Conhecido. As tribos  maiores somam algumas centenas de indivíduos, vivendo espalhados em aldeias. Não existe engenharia nem ciências de nenhum tipo entre esses povos, vivendo ainda no primitivismo, não possuindo nem mesmo linguagem escrita, à exceção dos Napóis que conseguiram resgatar o alfabeto dos povos antigos que viveram na região.

Muitos, porém, principalmente os Sekbete, utilizam-se de antigas ruínas como moradia, e seus sacerdotes adquiriram daí certo conhecimento e poder. Alguns são capazes de se comunicar, ou mesmo ler e escrever, em línguas antigas que são conhecidas apenas por poucos sábios.

Entre si os povos dos Mangues usam uma linguagem comum que se utiliza muito mais da linguagem corporal, inclusive odores (pois todos têm olfato muito desenvolvido), do que de palavras.

De fato na língua comum dos Mangues a palavra é usada para enfatizar os gestos e não o oposto como ocorre nas culturas do mundo civilizado.

Povos humanos, elfos e anões não são encontrados nos Mangues, exceto em Uno – que foi formado pelos sobreviventes da expedição que buscava conhecimentos e tesouros na região.

A raça mais numerosa, não considerando os mortos-vivos, são os Sekbete. Uma raça de homenslagarto hostil e selvagem. Eles habitam a região dos vales da Ergoniana até as bordas dos Mangues.

Fizeram uma aliança com os Elfos Sombrios que habitam o mesmo território. Mas evitam a região central dos Mangues, onde a incidência de mortosvivos e Salgueiros do Mangue é elevada.

Os Gouras também merecem certo destaque, apesar de ser uma raça relativamente nova. Ainda têm muito para evoluir, porém são hábeis aprendizes e sua ausência de sentimentos os transformam numa grande aposta para evolução.

Sekbete

Glória aos deuses por mais esta ninhada! Outro sacerdote nasceu! Vermelho em suas escamas. Será educado por nós, sacerdotes. Os demais, humildes verdes, tratarão de conseguir alguma glória em combate! Por fim, levem esta verde clara ao harém, que ela procrie e nos sirva por longo tempo!

(palavras do Sacerdote Sekbete, pela eclosão de nova ninhada).

Os Sekbete são um povo de origem híbrida – meiohumana, meio-réptil – que vive no Vale Ranovel e adoram a luta. Eles são basicamente humanóides, mas tem cabeça e cauda de crocodilo. São maiores que os seres humanos, mas seus corpos podem diferir muito entre si, sendo uns magros e delgados e outros gordos e massivos; os indivíduos mais “baixos” têm quase dois metros de altura, sem considerar a cauda, e não pesam menos de 100 quilos. Parecem mais baixos, contudo, pelo fato de andarem arqueados. A maioria tem pele com tons de verde-musgo, escura e áspera ao toque, porém as fêmeas têm tons verde-claro e os sacerdotes tons de vermelho. Os olhos são amarelos e de pupilas verticais, como das cobras. Os Sekbete são exímios nadadores e podem passar longos períodos debaixo d’água onde enxergam perfeitamente também. O olfato desses meio-reptéis é muito desenvolvido; podem farejar uma presa sem nenhuma dificuldade  mesmo horas depois dos rastros no solo terem sumido, e uma vez marcando o cheiro de algo ou alguém, dificilmente o esquecem. Todos esses talentos raciais  fazem dos Sekbete excelentes guerreiros e rastreadores.

Sua organização social é baseada em pequenas aldeias, cada uma com um chefe tribal, embora todos sejam subordinados aos sacerdotes. A hierarquia é obtida através do combate, onde o mais capaz e melhor combatente têm autoridade sobre os demais. Suas ordens são seguidas até que outro lhe desafie o lugar vencendo-o em combate singular. É comum esses combates levarem à morte.

Suas fêmeas são mantidas como servas em suas aldeias e apenas o chefe e os melhores e mais fiéis guerreiros de cada aldeia podem “copular” com elas. É essa forma de vida que mantém sua média  de população, pois cada ninhada Sekbete pode ter até cinco ovos. No entanto, uma fêmea Sekbete tem apenas uma única ninhada em toda sua vida e a época em que ela estará fértil permanece um mistério. Os filhos, se machos, nascem com cerca de 15cm e depois de um ano, quando terão cerca de 1 metro, acompanham os machos da tribo nas caçadas e expedições. As fêmeas, pouco menores, ficam com as demais mulheres no harém do chefe tribal, onde aprenderão a tecer, fiar, secar a carne, tratar a caça e outros afazeres domésticos.

Apesar de onívoros os Sekbete têm grande predileção por carne crua, e comem frutas e carne seca apenas se necessário, durante uma viagem ou períodos de escassez. Os trabalhos são divididos em três classes: os trabalhos de guerra, os religiosos e os trabalhos inferiores. Os de guerra são a caça, a pesca, a confecção de armas, a guarda e tudo ligado ao combate. Os trabalhos religiosos são a liturgia dos ritos sagrados, os cânticos litúrgicos, a medicina e tudo ligado aos sacerdotes e seus ritos.

Os trabalhos inferiores são deixados às mulheres e aos escravos e englobam a manufatura, tecelagem, limpeza, manutenção dos templos e das casas, tratamento da caça, etc.

Filhos de um ambiente hostil, os Sekbete têm enorme prazer na luta. Ostentam suas cicatrizes com orgulho e dão grande valor aos seus heróis e aos seus troféus de caça e guerra, os templos que ocupam são rebatizados com o nome de grandes guerreiros e os salões e colunas recebem o nome de outros grandes heróis.

Enquanto os líderes são obtidos através de lutas organizadas entre os guerreiros, crê-se que os sacerdotes são “escolhidos” pelos deuses. Nascem com suas escamas num tom vermelho e desde o início de sua vida são iniciados no ofício da religião, sendo somente eles a possuírem o dom da magia através de seus milagres divinos. Os sacerdotes gozam de grande prestígio entre o seu povo e raras vezes sua palavra é questionada, pois são vistos como reais oráculos dos deuses. Os mais influentes sacerdotes dos Sekbets são Rocar e Sertres, de Luirem e Mini-rum, respectivamente..

São três os deuses cultuados pelos Sekbete: Arnor, Senhor da Guerra que é claramente uma manifestação de Blator reconhecido na região como um poderoso lagarto de quatro braços cada um armado com uma pesada arma de guerra: o machado de guerra, a axa de armas, a espada montante e a lança pesada; Urir, O Bravo é como conhecem aqui Crisagom, representado por um deus lagarto alto e esguio que luta com uma lança de duas pontas símbolo da justiça e da equidade; por fim há Malemom, a Furiosa, manifestação de Crezir que se revela como um lagarto que protege as ninhadas, devora os covardes e abençoa os que têm prazer em combater.

As lendas Sekbete defendem que esses três deuses habitaram entre eles e os ajudaram a vencer os mortos e construir suas primeiras tribos. Todos os sacerdotes ocupam os mesmos templos e desfrutam de boas relações entre si. Contudo há uma grave ameaça na atual forma de culto dos Sekbete. A influência dos elfos  sombrios tem afastado muitos fiéis e isso começa a preocupar os sacerdotes da nação. Por enquanto nada pode ser feito e tão pouco os sacerdotes possuem poder para quebrar a relação com esses elfos misteriosos e altivos.

É interessante dizer que os Sekbets não possuem capacidade de realizar magias arcanas. À exceção das magias divinas e as de rastreadores nunca se foi visto Sekbete algum realizar magias. Os motivos desta incapacidade nunca foram revelados, porém este povo se sente tão bem com o combate corpo à corpo e refutam quaisquer manifestações artísticas que estes parecem grandes motivos.

Os Sekbete ocuparam diversos templos e cidades abandonadas e as usam como tocas. Mini-rum e Lui-rem são os maiores e mais conhecidos. A ocupação desses templos foi que deu início à sua inimizade com o povo-ave Napól, uma vez que estes reivindicam a posse destes locais. Por serem os principais centros dos Sekbets e o grande motivo da guerra Sekbete-Napól, seus líderes gozam de prestígio sem igual sobre as demais tribos, Minirum é comandado por Sorek e Lui-rem por Faror..

Os Sekbets desprezam as raças dos Reinos e às vêem como emissários do mal conspurcando seu solo e seus templos. Mas, apesar de brutais, os Sekbete não são ignorantes, conhecem o valor do comércio e da barganha, são fiéis à sua palavra e sinceros quando não gostam de algo ou alguém.

Sua estratégia militar é simples e brutal: “atacar de frente matando primeiro o mais fraco” e “a melhor defesa é o ataque” são motes entre seus guerreiros. A ocupação dos diversos templos e ruínas antigas nos vales da Ergoniana os puseram em contato com os Elfos Sombrios que habitam a região. Entre eles existe agora uma aliança: em troca de proteção armada aos seus templos e salões secretos, os Elfos Sombrios lhes entregam armas e armaduras de metal e prestam auxílio mágico nas guerras e expedições de caça. Os conflitos internos e as guerras entre tribos, porém, são tão comuns que os Sekbete aproveitam pouco dessa aliança.

Gouras

-Escute aqui ,’sapo’! Como pode não aceitar aqueles rubis e esmeraldas que os Napóis lhe trouxeram em troca dos peixes? Não foi por eles que lhe mandei fazer a troca!” esbravejou Toram, comerciante de Uno. “- De que me serviriam pedras coloridas? Melhor pra mim esses ossos, servem de utensílios...” retrucou, inexpressível, O Goura.

Os Gouras são criaturas meio-homem, meio-rã, que vivem na região litorânea dos Mangues. São criaturas de constituição humanóide com pele esverdeada e fina, parecendo uma membrana, e pernas longas e fortes. Sua cabeça mais parece uma continuação de seu tronco, seus olhos são grandes, redondos e totalmente  negros, suas bocas são grandes, desprovidas de lábios e aparelhadas com pequenos dentes em forma de serra que ficam à mostra quando fecham as bocarras. Seus dedos das mãos e pés, que por sinal são pouco diferentes entre si e possuem ambos capacidade de pegar, são unidos por uma membrana que lhes dá a aparência de nadadeiras. Os Gouras diferem uns dos outros em peso, altura e na disposição e cores das manchas e listras pelo corpo.

É a raça mais pacífica dos Mangues. Adoradores de um deus que tem a forma de um homem-sapo gigante e exageradamente obeso, chamado Cupaqui. Este deus apesar da aparência foi reconhecido como uma das formas de Selimom. No litoral dos Mangues, no ponto que dá partida para a ilha Galpas há uma estátua desse deus que mede trinta metros. Ele está sentado sobre um trono de pedra em forma de ossos de grandes animais marinhos. Os Gouras dizem que não são os autores desse monumento, mas também não identificam quem o ergueu nem há quanto tempo, simplesmente já estava lá quando os primeiros Gouras chegaram.

Os Gouras se organizam em tribos e se dedicam à caça e à religião. Sua doutrina pacifista não quer dizer que sejam inofensivos, muito pelo contrário, são extremamente agressivos com quem ousa invadir seu território, e em combate são frios e metódicos. Sua natureza pacífica seria mais bem definida como passiva.

Os Gouras, aparentemente, não têm emoções, seus olhos grandes e negros são inexpressivos e não há riso em seus rostos. Vivem de forma pragmática e analisam o mundo e as pessoas como resultado de um mecanismo maior e intrincado. Sua frieza e introspecção são lendárias entre os povos dos Mangues, sua capacidade de resolver problemas complexos e analisar situações de forma fria e eficaz também. Essa mesma característica os torna incapazes de mentir ou desenvolver idéias ou conceitos abstratos, os quais têm grande dificuldade de entender. Coisas como humor, amor, ódio, etc. são uma incógnita para eles e dificílimos de serem “interpretados”.

Por se dedicarem sobretudo à caça, suas armas  preferidas são a lança, a funda e a rede. Seu governo é regido pelo Grande Goura, um indivíduo extremamente obeso – muitos deles foram incapazes de andar devido seu peso, podendo apenas ser carregados ou nadar – crê-se que são a encarnação de Cupaqui. São escolhidos pelo Grande Goura atual que segundo a crença popular pode ver a alma de seu deus no coração de sua nova encarnação. Esse rei é o indivíduo que irá ser o juiz, o júri e o executor de todas as contendas do povo, além de decidir sobre o rumo de suas tribos. Muitos Gouras têm sonhos e visões estranhas e que suas mentes pragmáticas têm grande dificuldade de entender. Sacerdotes acreditam que Selimom instrui dessa maneira aquele que conduzirá o povo e o habilitou para ser seu sacerdote. De fato, está registrado que muitos Grandes Gouras foram capazes de realizar milagres através de seu deus.

Pode ser esta a explicação para o fato de o Grande Goura ser o único indivíduo dessa raça que desenvolve emoções e que tem acesso à magia, porém somente divina. O líder Goura habita Rarumá, a maior aldeia do povo-rã.

Os gouras são exímios caçadores e nadadores. Sua capacidade de respirar debaixo d’água e seus membros adaptados fazem deles um inimigo formidável  quando estão em bando. São apreciadores principalmente da carne de peixes e de crustáceos. Sendo essa uma das poucas “emoções” que manifestam. Suas casas são uma espécie de jangadas onde se encontra uma cabana acima dela, no seu centro geralmente há um buraco por onde o goura pode entrar e sair nadando. Como são indivíduos práticos, os Gouras não criam obras de arte ou adornos de qualquer tipo; suas roupas, casas, armas, etc. são simples e práticas, servindo a um fim e pronto, nada mais que isso.

Essa mesma característica os torna praticamente incapazes de aprender coisas novas, a não ser que o novo conhecimento mostre-se extremamente essencial à sua vida. Não há distinção entre machos ou fêmeas exceto no que diz respeito à reprodução.

As fêmeas uma vez na vida depositam uma centena de ovos na água, semelhantes às ovas dos peixes, e o macho, encontrando-os, fertiliza os ovos. Dias depois os ovos eclodirão e darão origem a centenas de “girinos”. Dentro de 1 ano, os girinos que não tiverem sido comidos ou mortos abandonam a água e passam a procurar instintivamente por uma tribo Goura. Quando encontrá-la será admitido ao berçário onde completará seu desenvolvimento até atingir a fase adulta.

A mais impressionante capacidade Goura, certamente, é sua memória. Um Goura não esquece nada que vê, é capaz de descrever nos mínimos detalhes uma cena, ainda que a tenha visto por um instante apenas. Os Gouras vêem essa habilidade com naturalidade e não entendem como são as “mentes” dos outros seres e nem como conseguem conviver em sociedade se são tão díspares entre si.

 

Napóis

Raros são os que não choram de emoção após ouvirem os cânticos e as músicas entoadas pelos Napóis, mas não se enganem quanto à humanidade desta raça. Podem até seguir a trilha de Cambú, porém acredito que ajudam no dever de Cruine, uma vez que comem os mortos...

(palavras de Jorel, sacerdote de Cruine em Uno).

Os Napóis são criaturas de aspecto humano, porém com parte do corpo coberto de penas. Possuem cauda à semelhança das aves de rapina e grandes asas que saem de suas costas e possuem envergadura imensa, porém seu tronco e braços são iguais aos dos humanos. Suas pernas abaixo do joelho e seus pés são no formato das patas das aves, sendo suas garras bastante afiadas e grandes. Sua cabeça também apresenta penas e olhos grandes como os de um falcão, que lhes permite extraordinária visão. Também possuem um bico curvo para baixo como o de uma águia. As cores dos Napóis, por sua vez, são tão diversas quanto das aves, sendo o mais comum o marrom, o branco, o preto, o amarelo e o chumbo, cristas de penas de diversos tamanhos e formas também dão individualidade entre os membros dessa raça.

Em sua totalidade, habitam os lugares mais altos que encontram, sendo suas maiores colônias encontradas na Cadeia Ergoniana. Todavia, mantêm várias rotas de vôo sobre todo o Mangue. O que os torna profundos conhecedores da região e do que se passa nela.

Os Napóis são um tanto boêmios; não é raro vê-los em rodas de amigos conversando, cantando ou declamando. Quando não, pode-se encontrá-los num dos muitos salões, sozinhos, compondo novas canções ou poemas. Ou ainda praticando a falcoaria, que é uma grande paixão entre este povo.

Os Napóis são regidos por uma rainha que exerce controle completo sobre todos os “ninhos”. Sua autoridade e suas decisões são seguidas à risca e nunca desobedecidas, tamanha é a confiança que os Napóis depositam nela. Quando morre, a descendente direta e de grau maior assume o posto de rainha dos Napóis. Sua capital é chamada por eles de Arboris e é atualmente regida pela rainha Perse, a Alta Branca. A rainha Perse assumiu depois de um atentado bem sucedido matar sua mãe Sissa, a Cinza Prateada. Este atentado provocou uma onda de insegurança entre a nobreza, que acabou por descobrir que nem todos de seu povo estão satisfeitos com a administração do reinado.

Exímios comerciantes, são em sua maioria adoradores de um deus pássaro que foi identificado como sendo uma expressão de Cambu, aqui chamado Pi-Toutucam. Porém em seu panteão figuram ainda em destaque outros deuses-aves, como Lena, Plandis, Crisagom e Maira. São devotos da boa música e das artes cênicas; seus espetáculos realizados em dias festivos são belíssimos e muito alegres. Entre eles há também grandes bardos, utilizadores primorosos de instrumentos de corda aos quais aliam seus belíssimos cantos. Além disso, são falcoeiros soberbos, e amam suas aves como a um filho, talvez até mais. Por poderem comunicar-se com as aves, os falcões treinados pelos Napóis tornam-se fabulosos companheiros. Tal é a habilidade dessas aves em executar suas ordens que muitos chegam a pensar que são mágicas.

Uma outra façanha Napól foi o resgate da escrita antiga de seus criadores, que usam para registrar suas obras e artes. Esta escrita é cuneiforme e assume a formas que lembram desenhos às vezes abstratos outras vezes geométricos, em muitas cores e tons.

Os Napóis mantêm uma relação de paz com quase todas as raças dos Mangues, a exceção são os Sekbete. Há alguns anos os Sekbete invadiram ruínas próximas  ao território Napól. Essas ruínas são consideradas sagradas e os Napóis exigiram a retirada da tribo de Sekbete. O resultado foi uma guerra acirrada que dura até hoje. Os Sekbets, em maior número e ocupando boas fortificações, conseguem manter sua posição firme aliando-se aos Elfos Sombios. Não podem, porém, atacar as colônias Napóis que ficam cravadas nos altos e íngremes paredões das Ergonianas.

Várias vezes os Napóis tem auxiliado exploradores que vem de Uno e até permitiram a construção de um posto avançado em suas colônias. Esses postos servem e parada de descanso para aqueles que levam víveres para Uno. Muitas vezes os exploradores vêm só até os postos Napóis e retornam, aquilo que tiverem trazido fica guardado à espera de emissários que venham de Uno pegar os suprimentos. Em troca os Napóis têm sido abastecidos com armas de ferro, armaduras leves e conhecimento. Algumas pessoas especulam que os Napóis também mantém amizade e realizam comércio com os anões de Blur, tendo acesso, inclusive, à localização de um minério muito incomum na região, de nome “Pulgur”, que pode ser utilizado para confecção de objetos mágicos.

Logicamente, o povo Napól nega veemente ambas as conjecturas.

Fato muito curioso entre os Napóis são seus hábitos alimentares. Eles são necrófagos e têm grande predileção pela carne dos mortos-vivos que perambulam pelos Mangues. É comum ver um grupo de Napóis voando ao lado de seus falcões à caça de mortos no Mangue. Apesar da grande envergadura (cada asa aberta equivale a quase duas vezes o tamanho do napól), os Napóis não podem levar muito peso em vôo o que os obriga a comer no local em que caçaram, trazendo muito pouco para o “ninho”, suficiente apenas para sua companheira e seus filhotes. Havendo necessidade o Napól pode, à semelhança das aves, regurgitar sua alimentação ou parte dela para alimentar sua companheira ou seus filhos. O tamanho de suas asas também exige um amplo espaço para que possam alçar vôo.

Vale acrescentar que esta raça é ovípara, onde cada fêmea põe e choca seu ovo uma vez a cada 30 anos, em média. São monogâmicos e uma vez escolhidos os parceiros, estes nunca mais terão outros. O período de vida Napól é de cerca de 120 anos, mas somente os mais capazes entre os Napóis atingem esta idade; os rigores dos Mangues acabam por limitar sua idade média a 70 anos, sendo este o motivo de não existir grande explosão demográfica destes seres.

Os Napóis são muito honrados e mantém um firme código de conduta que dá rédeas ao seu comportamento social e militar. Esse código não existe na forma escrita, é aprendido no decorrer da vida do Napól e passado de pai para filho de forma oral ou aprendido pela observação e convivência com a colônia ou ainda através dos poemas e pensamentos dos sábios. Desse intrincado modo de vida destaca-se: o perfeccionismo, a fidelidade, a obediência, a humildade, a postura e a firmeza de caráter. Nem todos os Napóis, claro, são exemplo de conduta, muitos são pérfidos, arrogantes, gananciosos e traiçoeiros. Mas os indivíduos de índole díspar são severamente punidos quando pegos em alguma falta, e essa mesma conduta é exigida dos estrangeiros que vêm às colônias Napól.

Por isso recomenda-se extremo cuidado com o trato social ao relacionar-se com esse povo. De modo geral vale o ditado “manter a boca fechada conserva a língua inteira”...

Como já dito, os Napóis são um reino extremamente bem estruturado e organizado, tendo em seu meio, várias profissões. Existem os governantes e comerciantes – detentores do poder político e econômico, são responsáveis pela administração e pelas provisões; os militares – detentores do poder moderador e  esponsáveis pela defesa; o clero – que rege a religião em suas diversas crenças nos deuses; e os artistas – que vivem em função de realizar o belo.

Os Napóis, a semelhança dos Sekbets, não são capazes de utilizar a magia arcana, somente sendo observadas mágicas de bardos, rastreadores e sacerdotes entre eles. O motivo para essa ocorrência também não foi encontrado, mas se cogita ser algo relacionado ao surgimento dessas duas raças...

Os Mortos

“- De todos os locais que já passei, parece que apenas aqui encontro aberrações do ciclo que parecem mais vivos que mortos...”

(divagações de Jorel, sacerdote de Cruine em Uno)

Os Mangues são conhecidos no mundo civilizado como o maior berço de criaturas mortas-vivas de toda Tagmar. E isso é bem verdade.

No passado, algum poder desconhecido, ergueu da lama os mortos. A princípio eram os cadáveres dos vinte mil de Tindael, mas com o tempo, porém, milhares de outros se juntaram a eles.

Hoje, os mortos vivos que perambulam pelos Mangues não são muito diferentes daqueles encontrados no mundo civilizado, embora os estudiosos declarem abertamente que podem existir dezenas de variações dentre eles, sendo muitas ainda desconhecidas. Nas últimas décadas, contudo, um tipo de influência tem afetado os desmortos e eles parecem mais sagazes, inteligentes... Os sábios não conseguem dar uma explicação plausível para esse fenômeno. Todos, no entanto, concordam: algo poderoso e nada benévolo está crescendo nos Mangues, e os mortos sabem disso.

Não se sabe se existe uma “sociedade” de mortos vivos, mas alguns deles são muito poderosos e não devem ser subestimados, pois possuem torres ou ruínas abandonadas onde habitam e guardam sabese lá o quê... Há rumores de uma cidade formada apenas por mortos vivos, que aparece somente à noite, porém muitos em Uno ainda não acreditam totalmente nessa história, mas a vida nos Mangues lhes ensinou a não subestimar histórias como esta.

Além disso, os mortos dos Mangues, quando o sol se põe, tornam-se mais perigosos e selvagens. Suas capacidades físicas e mentais ficam visivelmente ampliadas. Tanto que, durante o dia, muitos não passam de cadáveres apodrecidos sob a lama, mas à noite erguem-se e vagam em busca de vítimas nas quais possam descarregar seu ódio por todas as coisas vivas. Eis porque aventureiros sensatos não caminham pelo Mangue durante a noite.

Elfos Sombrios

Sortelige venc sempar, onc dizem negra maccia! – ímpar sempre é uma oportunidade, diz-se na magia negra!”

(ditado traduzido pelos Elfos Negros das escritas de uma língua morta em um templo nos Mangues....)

Os Elfos Sombrios vivem em uma floresta, na  região rochosa da Cadeia Ergoniana. Sua cidade é chamada de Caridrândia e somente é localizada por aqueles que lá já estiveram. Devotos profundos da magia arcana e das artes infernais, e incapazes de viver sob a luz do sol, os elfos sombrios há séculos empregam mão-de-obra escrava para sustentar seu reino sombrio. Os Sekbets há décadas têm mantido uma aliança com esses perigosos senhores élficos.

Por razão não muito clara, os elfos sombrios dominam grandes templos antigos por todo vale das Ergonianas. Os Napóis falam que, por vezes, podem ver das alturas as luzes negras dos rituais infernais dos elfos, num dos muitos templos antigos. Durante o dia esses templos são guardados por Sekbets e por outras criaturas bizarras que os elfos, dizem, trouxeram do próprio inferno.

Alguns magos têm estudado a possibilidade da atual condição dos mortos dos Mangues ser um efeito colateral provocado pelos rituais dos elfos sombrios ou mesmo ser um ritual intencional que visa controlar todos os mortos vivos da região. Esta é uma hipótese bastante aceita pelos magos que vêm aos Mangues.

Regiões

Vale Ranovel

O Vale Ranovel é formado por uma vegetação ribeirinha e é cortado por vários rios que seguem da Ergoniana para os Mangues, dentre os quais podemos citar o Gendar e Ceris. Sua vegetação é  exuberante e detêm grande quantidade de formas de vida vegetais e animais. O índice de chuva é alto e as temperaturas são elevadas. As árvores são pequenas e nos seus troncos se forma um grande número de trepadeiras e cipós, deixando a passagem pela mata bastante difícil. O meio de transporte mais adequado são as canoas de pequeno porte, mas é necessário experiência e conhecimento da região para não se perder ou acabar num ribeirão que leva a lugar algum ou que deságua numa das grandes cachoeiras do vale; as constantes enchentes também modificam bastante a região.

A fauna é muito rica e variada. Nelas encontramos animais que vivem nos galhos das árvores, como macacos, preguiças, lagartos, cobras, roedores, rãs, morcegos, além de vários tipos de pássaros. As populações de insetos são variadas e no solo vivem muitos outros animais: antas, capivaras, répteis, moluscos, vermes e aracnídeos.

Essa é a região mais amistosa dos mangues. Lar do Napóis e dos seus belos e belicosos falcões pantaneiros. Os Napóis apesar de receberem bem os estrangeiros e viajantes, são criteriosos quanto aos costumes e modos, é melhor não desagradá-los e ter muito cuidado pra não cometer nenhuma gafe ou fazer algo que seja considerado rude ou impróprio.

Conforme for penetrando mais nas ergonianas o cenário do Vale Ranovel vai alterar-se bastante. A vegetação dará lugar a um solo pedregoso e esturricado cheios de rochedos e cânions, alguns com vários quilômetros de profundidade. Cavernas escuras e sinistras guardam no seu seio colônias inteiras de transmorfos. Seus gemidos alucinados podem ser ouvidos no vento que corta esses despenhadeiros.

Floresta Petrificada

Sua vegetação é constituída predominantemente de salgueiros de pequeno porte e outras árvores do gênero. A vegetação rasteira é pouco desenvolvida e formada por algumas ervas, samambaias e musgos. Isso se deve a pouca quantidade de luz que chega ao solo, pois a copa das árvores, apesar de baixa, forma uma cobertura densa que filtra os raios solares. À medida que nos aproximamos das Estepes Vítreas as árvores vão se tornando mais rijas até que a floresta inteira se torna petrificada. A textura das árvores, desprovidas de folhas ou frutos, realmente lembra a de uma rocha, até tornar-se cristalina e quebradiça como são todas as coisas, outrora vivas, que existem nas Estepes.

Na Floresta reina sempre um silêncio mortal. Até o farfalhar das árvores parece abafado e distante. O tempo na Floresta parece também ter sido petrificado. Nenhum ser vivo habita aquela região.

Mas os Napóis, que às vezes vão ali meditar, falam de fantasmas, aparições e outros espíritos caminhando silenciosamente entre as árvores inertes.

Há não muitos anos a floresta era rica de muitas formas vegetais e muitos tipos de animais, tanto quanto o Vale Ranovel. Os Gouras contam que foram as areias das Estepes que assomaram sobre a floresta e a tornaram petrificada. Banindo ou drenando dali toda a vida. Os Gouras garantem que a cada ano as Estepes têm avançado mais sobre a floresta e logo toda ela estará transformada em pedra. Esses comentários geram inúmeras especulações e teorias, mas nenhum grupo de estudiosos resolveu ainda esse mistério, nem constatou se de fato ele é verdadeiro.

O Monte Grendel

O Monte Grendel é um monólito de rocha que cresce bem acima das copas das árvores dos Mangues. Por sua localização privilegiada, e por ser a única porção de terra seca em quilômetros, o Monte serve de marco divisor nos Mangues. É nele que está o assentamento de Uno, que significa Terra Seca ou lugar seguro em Napól, mas que recebeu esse nome por ser a única colônia humana dos Mangues. Talvez o monte seja um rebento da Cadeia Ergoniana arrastado para ali pela força do Cataclisma, mas os Napóis dão um sentido espiritual ao Monte e dizem que Maira o pôs ali como um farol para as almas perdidas que vagam sem descanso pelo Mangue. Já os Sekbets acreditam que a rocha encerra os segredos dos mortos e contam uma lenda que o nome dos vinte mil mortos de Tindael está inscrito nela, e que por isso não podem deixar os Mangues.

De qualquer modo, não existem mortos-vivos no Monte Grendel e por isso Uno foi erguida sob as antigas construções que existiam ali. Para chegar a Grendel, porém, é necessário atravessar a floresta de Salgueiros dos Mangues que são muito abundantes na região. Para isso os meios de transporte mais adequados são as canoas.

Cidades e Locais de Interesse

A Cidade Escura

Lui-rem (A Arena)

Mini-rum (O Labirinto)

Uno

Arborus: A cidade das Aves

Rarumá: A cidade flutuante

Mar de Suz

Arquipélago de Galpas

Rumores e intrigas

Existe um novo sacerdote entre os Sekbete que vem ganhando força, seu nome é Kraus, e se intitula o sacerdote de Malemom. Kraus prega a guerra total contra as demais raças dos mangues e seu nome já chegou aos ouvidos de Faror, que em muito gostou destas “profecias”...

Após o atentado sofrido pela rainha Sissa, a Cinza Prateado, o nome de um grupo divergente vem sendo falado como autor do feito. Os Abutres, como se denominam, são um grupo que luta para a ruína da sociedade Napól da forma que é vista hoje. Seu líder – o Pena Negra, como é chamado – tem algum objetivo ainda obscuro a todos, porém parece aliando aos Elfos Sombrios.

Entre os mercenários que estão de serviço em Uno sussurra-se que as guildas de piratas têm contratado assassinos para eliminar Edil Nargo. Até agora todas as tentativas falharam, mas é uma questão de tempo... Falam que uma fortuna digna de rei está sendo oferecida ao homem que matar Edil.

Os navios que vêm aos mangues parecem estar cada vez mais integrados por necromantes disfarçados. Os sacerdotes de Cruine em Uno insistem que Edil deixe-os identificá-los, porém este sustenta que “os que aqui vem, aqui são bem vindos”.

A algum tempo atrás chegou ao conhecimento de Edil que sua casa tinha sido saqueada por ninguém menos que o Pirata Colizei Prada, sua filha teria fugido, porém não se sabe o seu paradeiro. Edil escalou Cassel para achá-la e para caçar Colizei.

Prada, por sua vez, acredita que se seqüestrar Elena poderá negociar em vantagem com Cassel e Edil. Muitos comentam que Edil, quando venceu os horrores de Mini-rum foi amaldiçoado e não pode mais deixar os Mangues.

Na corte da Rainha Perse os napóis andam preocupados, pois acreditam que Edil está a serviço dos Elfos Sombrios agora, e que planejam um novo Levante dos Mortos.

Outros comentam que Edil foi morto nos salões de Mini-rum, o capitão na realidade seria um demônio ou vampiro, até mesmo um transmorfo, que tomou o lugar do verdadeiro Edil Nargo.

Os Gouras contam que sabem a localização de um enorme palácio totalmente soterrado pela lama. Dizem que existem ali grandes tesouros, mas que os salões são repletos de transmorfos agonizantes à espera de alimento.

Alguns piratas falam que Viguinier Alonsi está indignado com o fato das descobertas dos Mangues estarem sendo vendidas e saqueadas, quando deveriam estar sendo levadas aos colégios místicos para serem estudadas. Falam que Viguinier estaria disposto a trair Nargo e pagar muito bem a um grupo que fosse à corte em Portis e contasse a verdade aos reis magocratas.

O nome da Seita tem sido sussurrado entre os mercenários de serviço em Uno.

Os habitantes de Uno falam de um homem pescador que mora num lugar desconhecido nos Mangues. Diz-se que esse homem é capaz de falar normalmente com os mortos e que com eles fez pactos de não agressão. Conta-se que esse indivíduo é capaz de navegar a seu bel prazer no Mar de Suz e que tem negócios com tritões e aquamarinos. Os Gouras tem canções sobre ele...

Existe uma velha profecia, que foi encontrada escrita em algumas ruínas nos mangues, onde diz que o Rei Escuro irá expandir seus domínios quando o dia e a noite forem um só... Alguns estudiosos estão preocupados, pois parece estar se aproximando um eclipse, somente Edil não se interessa por essa profecia.

Principais Personagens

Adonias

Capitão Edil Nargo

Faror, o Grande

Grande Goura

Kraus, o sacerdote de Malemom

O Pena Negra

Pirata Cassel

Pirata Colizei Prada

Rainha Perse, a Alta Branca

Rocar, o Sacerdote de Arnor

Sertres, o sacerdote de Urir

Sorek, o Audaz

Viguinier Alonsi

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