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Ordem de Selimom .

A Ordem do Alvorecer

Jânus fechou os olhos e a escuridão chegou.

A chuva escorria pelo seu corpo envergado em reverência ao nascer do sol distante. Seus cabelos longos, enegrecidos pela vivacidade e juventude, permitiam que a água deslizasse para o soluto solo aos seus pés. A dourada Couraça de proteção, ornamentada com jóias e ouro, dificultava a respiração fatigante. Uma lança, ornada com ferro enfeitiçado, escondia seu cabo entre a lama provocada pela chuva. De sua ponta escorria sangue.

As nuvens altas escondiam a luz revigorante do Sol, tornando o frio um inimigo inesperado. O vento soprava fulgurante, trazendo a sinfonia das gotas ao tocarem o chão. Jânus sentiu o vento rasgá-lhe o corpo, abrangendo cada laceração de seu abdômen.

— Minha... capa! Disse em uma voz de piedade, lembrando de um momento passado, onde se viu com todo o traje de batalha, ornamentações e acessórios. Estava em pé, com o elmo no braço e a suntuosa capa douradadjante ao vento sulista, tão pacífico naquele tempo.

A imagem apagou-se enquanto cuspia uma massa de sangue e muco, tingindo a terra molhada de um vermelho latente. Levantou a cabeça e sentiu as gotas geladas escorrerem pela face, tocarem os lábios e juntarem-se ao sangue expelido. Seu corpo empertigou-se quando uma onda de dor estremeceu por dentro. Levou os braços ao torso, tentando impedir o sofrimento desejado. Levantou. Suas pernas fraquejaram. Caiu. Estava deitado, contorcendo-se enquanto mais sangue escorria-lhe pela boca úmida. Seus olhos tremiam, suas pernas agitavam-se suspensas no ar molhado. Era o que queria.

Lembrava pouco da rápida batalha. Sua lança usada para proteção fora puxada pelo inimigo, suas mãos escorregando em contato com a água. O brilho da lâmina atingindo a coxa esquerda. A dor. Um minuto depois, uma perfuração no abdômen. Sangue escorrendo pela fissura do corte. Usava a força. Sua lança novamente nas mãos. O inimigo caído. Jânus caindo. A chuva caindo.

Reuniu sua pouca força restante e girou o pescoço na direção da lança ensangüentada. Observou as gotas espatifarem-se no cabo, formando poçinhas de água no terreno enlameado. Aguçou os olhos e divisou o vermelho. Estava molhado, atingido pelas incontáveis gotas da chuva. Parecia pesada, grossa.

Sua capa de batalha agora protegia o inimigo; o mesmo inimigo que há poucos minutos atrás tentara matá-lo, e que agora conseguira. Jânus observava o homem com ar de preocupação, esquecendo-se por pouco tempo de suas próprias dores.

Era estranho pensar assim. Era estranho pensar que Jânus protegera o inimigo que o envenenara, que agora descansava inconsciente protegido da chuva com a capa de Jânus, enquanto seu salvador ardia em tormentos e dores.

Jânus morria lentamente.

Ele era um Pacificador de corpo; um Mártir de alma.

— Minha... capa! Repetiu, mas ninguém podia escutá-lo.

Ainda sentia felicidade. E amor.

História

Para aqueles que carregam a bandeira da paz tomando para si o manto da caridade e da compreensão para com o semelhante, o caminho é mais penoso do que se poderia imaginar à primeira vista. Para aqueles a quem a paz cala fundo na alma e os preceitos mais elevados do espírito são a rotina do dia a dia, os dias muitas vezes se transformam em terríveis pesadelos. E esses seres de atitudes nobres, sinceros operários do bem, tão falíveis e mortais quanto qualquer um de nós, não raro se encontra muitas vezes em um beco sem saída numa batalha pela vida em um campo dominado pela morte. Muitas vezes sentimentos de perda, derrota e até impotência frente aos acontecimentos que só são recompensados pela satisfação íntima do dever cumprido e da paz consciêncial e espiritual de servir a um Deus tão benevolente quanto o é o Deus da Paz. Para estes filhos de Selimom o mundo de Tagmar é um desafio a ser vencido, um desafio que muitos não ousam abraçar tamanhos os esforços a serem desprendidos, pois onde a guerra se faz soberana e muitos apenas ousam ansiar e aspirar pela paz, são esses devotos da vida os verdadeiros responsáveis para que ela finalmente se torne realidade.

Nos séculos que se sucederam ao cataclismo o mundo entrou em uma luta desesperada para recobrar a sanidade, foi nesse cenário que os Deuses vencedores começaram a se estabelecer em definitivo, demarcar seus territórios, áreas de influência e seus fiéis. Foi nesse momento que um dentre tantos se fez grande aos olhos de Selimom, um ser de puro de uma bondade contagiante, um ancião de cabelos encanecidos e palavras doces, de membros já cansados, mas de mente aguçada, de caminhar lento, mas de sábios ensinamentos, um velho humano chamado Berengar. A história retratada em textos antigos bem guardados nas bibliotecas da Ordem, conta que Berengar recebeu uma visita de Selimom em sonho, onde o Deus dizia que ele seria o fundador da maior Ordem do Deus em Tagmar, e que ele havia sido reconhecido dentre tantos devido à sua devoção e elevação espiritual. Os textos ainda contam que Berengar tomado de extrema emoção indagou a Selimom sobre onde seria edificada essa magnífica construção e como ele sendo apenas um o faria. As escrituras dizem que Selimom sorriu e respondeu: “Caminha para o sul o tanto quanto puderes que quando tu te encontrares no local certo teu coração lho revelará que encontrastes aquilo que buscavas, quanto ao demais tende fé que tudo o mais lho será acrescentado”. Em verdade quando Berengar chegou finalmente ao seu destino às terras que hoje são conhecidas como Ludigrim, ele já contava com mais de uma centena de seguidores arrebanhados pelo caminho, homens de várias nações de costumes e origens diversas, mas guiados por um mesmo ideal de pureza, amor e paz.

Localização

Muito tempo se passou desde a chegada de Berengar a Ludigrim, porém a sede da Ordem continua exatamente no mesmo lugar de onde foi edificada, ainda que várias ramificações tenham se espalhado por toda Tagmar. Ao se consultar os mapas de hoje a sede da Ordem do Alvorecer, também conhecida como a Ordem do Sol Nascente, pode ser encontrada a sudoeste de Donatar, a famosa capital do reino de Ludgrim, imerso em uma densa floresta de Siltam conhecida por seus moradores como a “Floresta da Paz”. A localização exata da Ordem é secreta e essa informação reside apenas na mente e no coração daqueles que a conhecem, para aqueles viajantes que se aventuram na floresta os membros da Ordem fazem todo o possível para ocultar-lhe a localização, se valendo de todos os artifícios para enviarem os curiosos em direção diversa. Por esse motivo um número grande de Pacificadores Guardiões guarda o perímetro da Ordem no intuito de manter intacto esse segredo. Um grande número de Guardiões, salvos pela benevolência de Selimom e pelos préstimos da Ordem, colaboram para que essa permaneça oculta. Esta localização secreta foi primordial para a resistência que se formou durante a longa ocupação do reino pelos Bankdis, que tentaram de tudo para penetrar na floresta, mas não tiveram sucesso.

Símbolo

A Ordem é simbolizada pelo símbolo mais comum atribuído a Selimom, os mais antigos da Ordem afirmam que a popularidade do símbolo se deve à Ordem que é representado por um belíssimo escudo branco ricamente adornado com detalhes dourados levando em meio um magnífico sol também em dourado.

Objetivo

A Ordem do Alvorecer é a maior Ordem dedicada ao Deus da Paz, Selimom, em toda Tagmar, e tem como objetivo formar os noviços da fé para enfrentar as batalhas do dia a dia, assim como propagar e expandir a fé para os quatro cantos do mundo conhecido. Como não poderia deixar de ser a Ordem segue rigidamente todos os ensinamentos e determinações de Selimom, seus membros são exaustivamente treinados para que não fraquejem frente às dificuldades da doutrina.

A Ordem se divide em duas vertentes: uma Clerical, onde se encontram os Mártires, e uma Militar, composta quase que em sua totalidade por combatentes devotados a causa de Deus da paz, os Pacificadores.

Os Mártires

Aqui está reunida o grosso da Ordem do Alvorecer, praticamente 80% dos membros da Ordem fazem parte das colunas dos Mártires. Esses Sacerdotes se voltaram para o caminho espiritual e se tornaram mestres nas artes da cura e da vida, devotando toda a sua vida na descoberta e aprimoramento destas. A eles não é dado o direito de portar armas de qualquer natureza que não seja um cajado, e tão pouco envergar armaduras, seus alvos robes são toda a proteção que seus esguios corpos necessitam para que se cumpra à vontade de seu Deus. Aos Mártires cabe a cura dos males do corpo e da alma.

Peculiaridades

Os Mártires trajam belíssimas e alvas túnicas bordadas com detalhes dourados em suas extremidades, o símbolo da Ordem é carregado bordado nos hábitos dos monges na altura do peito tomando todo o tronco. Alguns se utilizam também de medalhões e toda sorte de adereços religiosos. Todos os Membros ao serem ordenados ganham um anel de ouro que os distingue como Mártires e como membros da Ordem do Alvorecer. Tiaras feitas com cobre, ouro e prata são utilizadas para demonstrar a ascensão hierárquica.

Votos específicos

Não atacarás um semelhante sob qualquer pretexto que não seja salvar uma vida ou a manutenção da paz: Ainda que aos Mártires não seja permitido o porte de armas, caso ele se encontre nessa situação lhe é permitido tentar defender-se e a outrem. De qualquer forma o carisma, a liderança e até mesmo os milagres são suas melhores armas. Caso um Mártir esteja em companhia de profanos que não tenham o mesmo respeito pela vida ou pela paz eles devem tentar dissuadi-los a todo custo e evitar que a paz e a vida sejam desrespeitadas.

Nunca se utilizará dos instrumentos da morte: Esses sacerdotes não podem se utilizar de nenhum tipo de armas com exceção do cajado.

Estrutura

Vide estrutura das Ordens Clericais. Os 3 cargos mais altos da Ordem do Alvorecer são conhecidos respectivamente como: O grande Sol, o Sol nascente e o Sol poente.

Líder em atividade

Pelo menos a duas gerações de homens a direção da Ordem se encontra nas mãos da mesma pessoa, um Meio-Elfo de nome Selros, Selrosde Galatel. Um ser que todos descrevem como sendo dotado de uma bondade e beleza invulgar, de uma mente astuta e um carisma contagiante. Rumores quanto à sucessão de Selros aparentemente são inexistentes, e é sabido que Selros mantém um ótimo relacionamento com Darniar, visto que um bom número de Pacificadores fazem a defesa noite e dia da Catedral de Selimom em Donatar.

Os Pacificadores

Existem momentos em que até para que a paz seja mantida se faz necessário pegar em armas, ainda que o combate seja o último recurso aceito e utilizado pela Ordem às vezes ele é inevitável. Porém os Pacificadores jamais serão vistos iniciando um combate ou mesmo matando seus oponentes a não ser que não haja realmente outra saída. Alguns relatos contam de Pacificadores que quando apenas suas vidas estavam em jogo, para não matarem seus algozes se deixaram prender ou até mesmo matar! Os Pacificadores são versados nas artes da guerra com o intuito único de defesa, eles são treinados para defender a Ordem, os Templos de Selimom e garantir a segurança dos fiéis sempre que se faça necessário. Aos pacificadores é permitido o uso de Lanças leves e Maças.



Peculiaridades

Os Pacificadores envergam belíssimas Couraças Parciais brancas ricamente adornadas com detalhes em dourado. Acompanha a couraça um magnífico escudo de corpo inteiro, branco, com sol da Ordem em meio. A placa peitoral da couraça ostenta o sol da Ordem que toma todo o tronco do Pacificador. Um belo Elmo fechado também branco adornado de dourado protege as cabeças dos monges. Completando a fantástica indumentária os Pacificadores envergam uma belíssima capa em dourado vivo anexa à couraça por presilhas em formato de sol, há quem diga que a beleza de uma marcha de Pacificadores não é superada por nenhum outro exército ou Ordem existente em toda Tagmar, tamanha a beleza de suas vestimentas. Alguns Pacificadores se utilizam de medalhões e toda sorte de adereços religiosos ou bélicos. Todos os Membros ao serem ordenados ganham um anel de ouro que os distingue como Pacificadores e como membros da Ordem do Alvorecer. Não há distinção hierárquica aparente.

Votos específicos

Não atacarás um semelhante sob qualquer pretexto que não seja salvar uma vida ou a manutenção da paz: Aos Pacificadores cabe a proteção dos fiéis, porém o voto de não atacar lhe é tão válido quanto para um Mártir, o Pacificador deve defender, ele é um defensor, nada mais. De qualquer forma a imponência, o carisma, a liderança e até mesmo os milagres são as melhores armas dos Pacificadores para evitar o pior. Caso um Pacificador esteja em companhia de profanos que não tenham o mesmo respeito pela vida ou pela paz eles devem tentar dissuadi-los a todo custo e evitar que a paz e a vida sejam desrespeitadas.

Se utilizará somente das armas permitidas pela Ordem: A Ordem concede aos Pacificadores o direito de portarem e se valerem de lanças leves e Maças de Armas, para o cumprimento de suas funções, mas ainda que armados os Pacificadores devem evitar a todo custo levar um combate até a morte. O respeito pela vida até dos inimigos é a tônica da Ordem.

Estrutura

A Ordem do Alvorecer é muito mais clerical do qualquer coisa, logo a estrutura hierárquica dos Pacificadores é muito simples se comparada à complexidade hierárquica de uma Ordem essencialmente militar. Ainda assim a hierarquia existente deve ser respeitada.

Capitão: Um cargo mediano em uma Ordem militar, porém é o cargo mais alto dentre os Pacificadores. Cabe a ele rege a “máquina de guerra” junto aos Tenentes.

Tenentes: Imediato do Capitão é responsável pelas tropas a seus comandos.

Soldados: Imediato dos Tenentes, aqui se encontram a maioria dos membros da Ordem.

Noviços: Imediato dos Soldados, o posto inicial para aqueles novatos na Ordem.

Os três primeiros graus da Ordem são conferidos mediante solene juramento com a presença de todos os de mesmo grau e superior, sempre renovando os votos antigos e professando novos. A ascensão à Capitão é conferida em uma solenidade com a presença votante apenas dos Tenentes.

Líder em atividade

O homem forte dos Pacificadores nas últimas três décadas tem sido um humano de aproximadamente 50 anos conhecido como Capitão Farastal. Farastal aparenta ser um homem bem sério que a pesar de agradável e cortês para com aqueles que o procuram, parece não ignorar as dificuldades da sua missão frente aos Pacificadores. Farastal é visto quase todo o em que fica acordado trabalhando, quando não está dando ordens, checando as defesas da Ordem, o treinamento dos Pacificadores, ou qualquer outro assunto pertinente a sua pessoa, é quase sempre encontrado conversando com Selros a quem aparenta ter grande devoção.

Votos Específicos

Nunca negará socorro aos teus semelhantes: Estes sacerdotes nunca devem negar socorro a um semelhante independente da situação. Entende-se por semelhante, Humanos, Elfos, Anões e Pequeninos.

Guardará teu corpo e tua mente de todos os excessos: Aos Mártires é imposta a disciplina Sacerdotal de não aos excessos. Comida, bebida, diversão e outros mais só são benéficos se utilizados com sabedoria, os excessos embotam os sentidos impedindo o sacerdote de ser um bom instrumento de seu Deus.

Guardarás voto de pobreza pessoal: Tudo quanto for dado ao Sacerdote por outrem é pertencente à Ordem, tudo quanto a Ordem forneça para o uso pessoal do Sacerdote, é do Sacerdote, mas esse deve se guardar de acumular riquezas pessoais.

Juramento

“Eu [nome completo] juro solenemente diante de meu Deus e seus representantes aqui presentes:

Minha lealdade eterna a Selimom, à Ordem do Alvorecer e a todos os seus membros;

Que socorrerei a todos os indefesos e necessitados independente de credo ou classe social;

Que guardarei com fervor todos os meus votos religiosos;

Que propagarei a fé em meu Deus por onde quer que eu passe;

Que guardarei e zelarei sempre pela paz e pela vida;

Que realizarei de bom grado tudo quanto me for solicitado pela Ordem e meus superiores;

Que defenderei até a morte qualquer pessoa ou objeto pertencente à Ordem;

Que mostrarei coragem e resignação diante da morte certa;

Que honrarei e respeitarei todos os seres;

Que escolherei a morte à quebra do meu juramento;

Que considerarei como irmãos de Ordem somente àqueles que proferirem esse juramento;

Que velarei por todos os fiéis de meu Deus como se fossem meus filhos;

Que nunca revelarei, nem sob tortura, os segredos da Ordem a indivíduos não iniciados;

Que todos os inimigos da paz, da vida e da Ordem são a partir de agora meus inimigos;

Que trabalharei incansavelmente para que a Ordem cresça forte e próspera;

Que seu eu quebrar esse juramento eu seja justiçado e expulso da Ordem;

Eu faço esse juramento no [dia corrente] e que a Selimom me abençoe e me dê forças para que eu suporte a todas as adversidades e nunca fraqueje em minha caminhada”.

Saudação

O cumprimento da Ordem é feito levando-se a mão esquerda espalmada por de sobre o coração e proferindo as palavras: “Que a paz esteja com você(s)”.

Relíquias

Caso as lendas sejam verdadeiras, talvez a maior relíquia da Ordem do Alvorecer seja uma pedra misteriosa não maior do que a cabeça de um humano adulto, capaz de emanar grande luminosidade e calor, e segundo os fiéis de realizar também toda sorte de milagres. Para aqueles que crêem na existência da relíquia ela é conhecida como “A Pedra da Luz”.
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